Genesis: Aprendendo a fazer pop de boa qualidade
Resenha - And Then There Were Three - Genesis
Por Roberto Rillo Bíscaro
Postado em 04 de janeiro de 2016
Nota: 8 ![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
E então eram 3... A saída do guitarrista Steve Hackett reduziu o Genesis a um trio: Phil Collins, Mike Rutherford e Tony Banks. Diferentemente do que acontecera quando da partida de Peter Gabriel, os caras decidiram não procurar substituto. No estúdio, Mike encarregava-se de baixo e guitarra. Ao vivo, o instrumento ficava a cargo do norte-americano Deryl Stuermer, ex-Jean-Luc Ponty. Deryl permaneceu com o Genesis por anos, além de participar das multiplatinadas turnês da carreira-solo de Collins.
Em março de 1978, a banda lançou And Then There Were Three, provavelmente o disco mais "esquisito" de sua carreira. Os sinais de indecisão quanto à sonoridade estavam latentes nos 2 álbuns de estúdio anteriores. Em And Then There Were Three essas contradições vêm a tona com força, dilacerando o álbum, evidenciando a metamorfose pop do Genesis, mas ainda conservando certa casca progressiva.
As longas composições foram abandonadas em favor de formato mais curto e pop. Isso frustra fãs prog, pelo desperdício de grandes voos perdidos de teclados e/ou guitarra. A canção mais longa é Burning Rope (7 minutos). O animismo agnóstico da letra sobre a perda de esperanças é envolto em pomposa instrumentação, com direito a magnífico solo de Rutherford, representando a passagem do tempo na vida do protagonista. Linda, mas poderia ter uns 10 minutos a mais. Lady Lies padece do mesmo defeito. Um fantástico solo do Mellotron de Tony Banks, novamente curto demais.
A chacoalhada punk repercutiu. A faixa de abertura, Down and Out, sobre velhos sendo substituídos por jovens tem aquela urgência nervosa da geração 77. Os teclados de Banks dão o tom de estresse subterrâneo e surtam num solo que clama por Rivotril. Anos de história do Genesis estão codificadas na forma/tema dessa canção.
A popice de Phil Collins ganha espaço: pela primeira vez, uma de suas composições-solo entrava num álbum. Scenes from a Night’s Dream exulta harmonias vocais doces, clima brejeiro e letra sobre os sonhos/pesadelos de um menino chamado Nemo, personagem de história em quadrinhos.
O lado baladeiro desponta forte em Say It’s Alright Joe e Many Too Many. Mas, o destaque tem que ficar para o primeiro sucesso de massa: Follow You Follow Me. A canção que pavimentou o caminho dourado para as paradas de sucesso certamente ensinou muita coisa à banda, no sentido de popear seu som. A crise de personalidade do Genesis grita nessa baladaça meio envergonhada em sê-lo; linda canção pop, com tapeçaria de Mellotron eclesiástico. Outro exemplo do Genesis no meio do caminho entre prog e pop. E que exemplo! Como resistir ao "nanana" de Phil? And Then There Were Three mostra bem quão mequetrefe fora o esboço pop de Spot the Pigeon (resenhado no Whiplash; veja link da resenha após a matéria)
A sonoridade geral de And Then There Were Three - graças à produção – também mostra a (inde)cisão genesiana em 77 (o álbum foi gravado no ano punk). O clima pop de muitas das canções é de certa forma rechaçado e distanciado por um som "frio", que parece deixá-las por detrás de uma vitrine ou redoma de cristal.
A "crise de identidade" do Genesis estava com os dias contados. O sorriso dos bolsos norte-americanos – abrindo-se pela primeira vez – e a necessidade inerente de mudança, face os novos tempos, fariam a banda ficar cada vez mais pop.
Tracklist
1. Down And Out (5:24)
2. Undertow (4:45)
3. Ballad Of Big (4:48)
4. Snowbound (4:28)
5. Burning Rope (7:09)
6. Deep In The Motherlode (5:12)
7. Many Too Many (3:30)
8. Scenes From A Nights Dream (3:29)
9. Say It's Alright Joe (4:19)
10. The Lady Lies (6:04)
11. Follow You, Follow Me (3:59)
Outras resenhas de And Then There Were Three - Genesis
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



"Come to Brazil" - 2026 promete ser um ano histórico para o rock e o metal no país
Welcome to Rockville 2026 divulga line-up oficial
O que Chorão canta no final do refrão de "Proibida Pra Mim"? (Não é "Guerra")
Bangers Open Air confirma Twisted Sister e mais 40 bandas para 2026
As 3 melhores músicas do Aerosmith de todos os tempos, segundo Regis Tadeu
Os quatro maiores solos de guitarra de todos os tempos, segundo Carlos Santana
O melhor cantor de baladas de todos os tempos, segundo Bob Dylan
Pink Floyd disponibiliza versão integral de "Shine On You Crazy Diamond"
Com Tesla e Extreme, Mötley Crüe anuncia turnê celebrando 45 anos de carreira
Site americano lista os 11 melhores álbuns de rock progressivo dos anos 1990
Charlie Sheen relembra encontro com Ozzy Osbourne em clínica de recuperação
Mike Portnoy conta como está sendo tocar músicas que o Dream Theater gravou com Mike Mangini
O hit que fez Jimmy Page e Jeff Beck esfriarem amizade: "Falta de comunicação"
Dee Snider explica o que o fez mudar de ideia e reunir o Twisted Sister
Extreme é confirmado no Monsters of Rock 2026 no Allianz Parque
A banda de progressivo que era os "filhos dos Beatles", segundo John Lennon
O maior baterista de todos os tempos para Phil Collins; "nunca tinha visto nada parecido"
A canção do Genesis que a banda evitava tocar ao vivo, de acordo com Phil Collins
As 10 melhores músicas da fase progressiva do Genesis segundo leitores da revista Prog
A banda com a qual Phil Collins disse estar "no céu" ao trabalhar
Os 11 álbuns prog preferidos de Geoff Downes, tecladista do Yes e Asia


