S.O.D.: Os 30 anos da clássica estreia "Speak English Or Die"

Dentro da música, existem diversas histórias extremamente inusitadas que envolvem o surgimento de diversos grupos, principalmente quando o assunto é a música pesada. Formado em meados de 1985, o Stormtroopers of Death (ou simplesmente S.O.D. para os íntimos), surgiu de uma forma praticamente acidental. Durante o processo de composição de "Spreading the Disease", o segundo álbum de estúdio do Anthrax, os guitarristas Scott Ian e Dan Spitz e o baterista Charlie Benante estavam entediados no estúdio e decidiram tocar "riffs" aleatórios inspirados em bandas de Hardcore como Agnostic Front.

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Ian pretendia iniciar um projeto paralelo com uma sonoridade que mesclava o Hardcore com o Thrash Metal, hoje mundialmente conhecida como Crossover Thrash graças ao eterno clássico álbum do D.R.I., "Crossover" (1987). Nessa mesma ocasião, Scott também esboçou alguns desenhos do que passaria a ser conhecido como Sargent "D", o mascote da banda. Pouco tempo depois, o guitarrista conheceu Billy Milano e o recrutou para ser o vocalista de seu projeto. O baixista Dan Lilker – que já havia integrado o Anthrax em sua formação original – e o baterista Charlie Benante completaram o "lineup" e com essa composição, se dirigiram aos estúdios da Megaforce Records para gravar o álbum de estreia da banda, "Speak English or Die".

Gravado em torno de apenas uma semana e lançado em 30 de agosto de 1985, o disco é indiscutivelmente um clássico essencial do estilo e na data de ontem completou três décadas de existência. Produzido por Scott Ian em parceria com o experiente produtor musical Alex Perialas (Anthrax, At War, Testament, Vio-lence, Nuclear Assault e tantos outros), esse "debut" reúne faixas incrivelmente velozes, pesadas, sujas e repletas de um senso de humor controverso e ácido, característica que levaria o grupo a receber críticas mistas por parte da mídia e até mesmo de bandas como Sore Throat e Extreme Noise Terror, que, diga-se de passagem, gravou uma música contra a banda, "If Your Only in It for the Music (S.O.D. Off!)", presente em seu álbum de estreia, "A Holocaust in Your Head" (1989). Polêmicas e controvérsias a parte, vamos embarcar dentro dessa bolacha vil e divertidamente visceral, meus amigos!

O "riff" grudento, simples, pesado e hipnótico de "March of the S.O.D." apresenta o disco aos ouvintes. Trata-se de uma faixa instrumental e uma pequena introdução da pancadaria leviana que está por vir! "Sargent "D" & the S.O.D." vem na cola da primeira faixa e então a real devastação começa! Milano, Ian, Lilker e Benante não perdoam nada e nem ninguém e bombardeiam os alto-falantes com uma saraivada de palhetadas primitivas, uma "cozinha" de baixo e bateria absurdamente destruidora e vocais agressivos e rasgados. "Kill Yourself" se inicia de forma arrastada e já preparando todos para um "mosh" insano. Uma das muitas composições aqui presentes que já nasceu um clássico!

Na sequência, é a vez de "Milano Mosh". Necessário dizer mais alguma coisa? O nome da canção já fala por si! As quatro cordas pulsantes de Lilker introduzem a faixa título e hino "Speak English or Die". Trata-se de uma legítima devastação sonora de pouco mais de dois minutos. Impossível ficar indiferente quando esse som deliciosamente esmagador tem início. Outro hino do grupo tem início pouco depois: "United Forces"! Empolgante do primeiro ao último acorde, essa composição tem algo que todas as demais não possuem, um pequeno solo de guitarra, executado por Charlie Benante!

Logo após temos ainda uma trinca de faixas totalmente dementes: "Chromatic Death" é uma pancada curtíssima e desvairada. Se não fosse pela repetição de seu título duas vezes no som, seria uma faixa apenas instrumental. As baquetas de Benante iniciam "Pi Alpha Nu", outro som extremamente curto e com uma contagiante pegada Hardcore. "Anti-Procrastination Song" consiste apenas em Milano berrando o título da faixa, seguido de um minúsculo e pesado empenho instrumental e "What's That Noise" trata-se apenas de uma brincadeira divertidíssima da banda que encerra o primeiro lado do disco.

"1, 2, o Freddy vem te pegar!" – Aterrorizantemente empolgante, "Freddy Krueger" dá início ao segundo lado desse petardo. Os "riffs" continuam truculentos e viscerais e todos os integrantes apresentam uma energia sobrenatural na execução da música. Os primeiros acordes de "Milk" ecoam suavemente pelos alto-falantes, entretanto, a destruição logo é retomada e nossos tímpanos voltam a ser martelados. Outra pancada certeira e que não deixa pedra sobre pedra! A demência prossegue com as faixas "Pre-Menstrual Princess Blues ", "Pussy Whipped" e "Fist Banging Mania". Nelas, temos mais uma vez diversas rupturas de ritmo e andamento e, claro, o senso de humor amalucado do quarteto lunático permanece! Diversão garantida para "moshar" incessantemente!

As curtas e atordoantes "No Turning Back" e "Fuck the Middle East" também provocam um estrago danado com a sua selvageria, além da atroz "Douche Crew", cuja levada impetuosa incinera tudo e todos. O final fica reservado para mais uma trilogia de curtas brincadeiras de estúdio, "Hey Gordy!", "Ballad of Jimi Hendrix" e "Diamonds and Rust". Anos mais tarde, "Speak English or Die" foi relançado trazendo algumas faixas extras, incluindo "Ram it Up", um ótimo "cover" da banda alemã de Hardcore Inferno. Quando se trata de um disco como "Speak English or Die", não há muito que se dizer. Trata-se simplesmente um turbilhão de composições ultrarrápidas, engraçadas e altamente descompromissadas! Um legítimo clássico atemporal que sempre irá divertir os apreciadores de um som pesado, insano e sem grandes pretensões!

Escrito por David Torres

01. March of the S.O.D.
02. Sargent "D" & the S.O.D.
03. Kill Yourself
04. Milano Mosh
05. Speak English or Die
06. United Forces
07. Chromatic Death
08. Pi Alpha Nu
09. Anti-Procrastination Song
10. What's That Noise
11. Freddy Krueger
12. Milk
13. Pre-Menstrual Princess Blues
14. Pussy Whipped
15. Fist Banging Mania
16. No Turning Back
17. Fuck the Middle East
18. Douche Crew
19. Hey Gordy!
20. Ballad of Jimi Hendrix
21. Diamonds and Rust (Extended Version)

Billy Milano (Vocal)
Scott Ian (Guitarra)
Dan Lilker (Baixo e "Backing Vocals")
Charlie Benante (Bateria / "Backing Vocals" e Guitarra na Faixa 6)

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