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A Era Glam Metal e o Injustiçado: Crazy Nights - Kiss

Por Ronan Veloso
Postado em 21 de maio de 2015

Nota: 9 starstarstarstarstarstarstarstarstar

Crazy Nights tem pouco do que consagrou a banda na década de 1970. Correto, porque os integrantes não eram os mesmos: Bruce Kulick assumiu a guitarra solo em 1984 e Eric Carr, as baquetas em 1980. Todavia, é notável que a sonoridade pra lá de Hard Rock oitentista e farofeira foi adotada durante o disco para incrementar as vendas do mesmo, visto que o antecessor Asylum vendeu pouco mais de meio milhão de cópias nos Estados Unidos – número baixo para os padrões dos ex-mascarados.

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Após o fim da turnê de ASYLUM, ainda no primeiro semestre de 1986, a banda resolve dar um tempo, somente retomando as atividades quase um ano depois, no início de 1987. O retorno após as férias em 1986 traz a banda buscando um novo desafio, pois se a popularidade foi reconquistada após a retirada das máscaras e com três álbuns que venderam entre 500 mil e 1 milhão de cópias, o grupo ainda não conseguia se pagar durante turnês do porte das que os fãs estavam habituados, com toda a pirotecnia e parafernália cênica que foram mantidas, mesmo sem o make-up dos 10 primeiros anos. Gene e Paul resolvem buscar o que algumas bandas de hard rock estavam conseguindo na época, execução maciça de músicas na rádio para que o novo álbum conseguisse mais do que apenas o status de platina. Como exemplos de bandas de sucesso da época, o Motley Crue com o trabalho THEATER OF PAIN tinha vendido em 2 milhões de álbuns em 1985, o Van Halen tinha conseguido 3 milhões de cópias vendidas em outubro de 1986 com o álbum 5150, estando em primeiro lugar da Billboard entre abril e maio do mesmo ano e o Bon Jovi tinha atingido a vendagem de 6 milhões de cópias em fevereiro de 1987 de seu álbum SLIPPERY WHEN WET, chegando aos 8 milhões antes do fim do ano. Outro álbum de ótimas vendagens ainda em 1986 era o então recente trabalho de Ozzy Osbourne, THE ULTIMATE SIN. Este álbum, produzido por Ron Nevison, foi o maior sucesso comercial de Osbourne até então e influenciou o KISS a contratar Nevison para pilotar as gravações do novo álbum. Paul Stanley já havia tentado trabalhar com Ron durante o seu álbum solo de 1978, mas compromissos profissionais de Nevison impediram tal parceria. Ron era tido como um fazedor de sucessos, tendo sido responsável por diversos sucessos e mais recentemente, além de Ozzy e o single Shot In The Dark, foi capaz de colocar o Heart novamente nas paradas e obter vendas milionárias do álbuns HEART (1985 – com quíntupla platina) e BAD ANIMALS (1987 – tripla platina).

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Em março, quando Ron Nevison ficou disponível após a gravação deste BAD ANIMALS, o Kiss entra em estúdio para gravar o provisoriamente intitulado WHO DARES WIN, tendo Toby Wright como engenheiro assistente. As gravações se dão na Califórnia, na busca de uma sonoridade mais polida, com adição de teclados em algumas faixas, ora tocada por Paul Stanley, ora tocados por Phil Ashley, renomado músico de estúdio. Novamente encontramos Gene Simmons um tanto alheio de suas responsabilidades como co-líder do grupo, e notoriamente suas músicas ainda não atingem o padrão desejado por Stanley e Nevison. Gene, além dos filmes em que atuava, produzia diversas bandas como o Black and Blue, cujo guitarrista atendia pelo nome de Tommy Thayer. Várias das músicas de Simmons foram descartadas por Ron Nevison. Eric Carr traz algumas composições, que são descartadas também. A participação de Bruce Kulick, porém, é utilizada em quatro co-autorias, mas a música Sword and Stone, feita com Stanley e Desmond Child, também é deixada de lado, para desagrado de Kulick, que considerava uma grande faixa para o álbum. Hide Your Heart também não é aprovada, e assim como Boomerang (autoria com Gene Simmons), apareceria no HOT IN THE SHADE. Ron aposta nas músicas de Paul Stanley, sugerindo Reason To Live e Crazy, Crazy Nights para singles.

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O nome do trabalho é alterado para CRAZY NIGHTS e a quase homônima música é lançada como primeiro single. A concepção da capa é de autoria de Paul Stanley e consiste de fotos da banda num suposto espelho quebrado, que reflete miniaturas das mesmas fotos. Na contracapa, a inclusão do símbolo Chikara, que havia sido usado no segundo álbum da banda, HOTTER THAN HELL. Eric Carr aproveita o símbolo e acaba por decorar sua bateria com diversos Chikaras em suas peças. Um vídeo de Crazy,Crazy Nights é lançado previamente, em Junho de 1987, assim como o compacto.

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O single vai bem na Inglaterra, chegando ao quarto lugar, mas apenas atinge o sexagésimo quinto lugar nos EUA. A banda tem problemas financeiros que interferem diretamente no lançamento do álbum e no inicio da turnê, tanto que o álbum é lançado oficialmente apenas em setembro e as apresentações nos EUA somente em novembro. A turnê americana segue num ritmo morno, com a inclusão no set list das músicas No, No, No e Hell Or High Water cantadas por Simmons e Crazy,Crazy Nights, Bang Bang You, Reason To Live e When Your Walls Come Down a cargo de Stanley. Dessas, Hell or High Water e When Your Walls Come Down são descartadas rapidamente. Apenas Crazy, Crazy Nights foi tocada fora desta turnê.

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Em dezembro, Reason To Live é lançada e consegue atingir apenas uma posição acima de Crazy, Crazy Nights nos EUA. Enquanto isso, o Def Leppard (com HYSTERIA) e o Whitesnake (com o álbum homônimo, de 1987) fazem imenso sucesso nas paradas americanas, com diversos singles de destaque. Na Inglaterra, Reason To Live chega a um respeitável 33º lugar. A banda termina a excursão no ínicio de abril de 1988, após o lançamento do último single Turn On The Night, que falha completamente em terras americanas.

O álbum consegue o décimo oitavo lugar nos charts americanos, somente uma posição acima do que ANIMALIZE conseguiu, mas atinge platina em fevereiro de 1988 e com esta posição, acaba sendo o mais bem sucedido álbum da banda em sua terra natal durante os anos 80, ainda que longe do que era almejado. Paul Stanley acaba avaliando o álbum numa cotação intermediária, 3 numa escala até 5.

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A banda parte para o Japão, ausente de sua turnê desde 1978, onde faz sete shows em nove dias. Esta turnê seria a primeira e única turnê no Japão que Eric Carr participaria. A turnê tem uma receptividade muito melhor do que a parte americana dos shows, principalmente pelas músicas mais clássicas dos shows, tais como Love Gun, Cold Gin, Calling Dr. Love, Shout It Out Loud e Strutter. O palco nem sequer traz o logotipo do KISS, como maneira de reduzir os custos de transporte. No segundo semestre de 88, o grupo parte para a Europa, onde CRAZY NIGHTS obteve maior repercussão. A Polygram lança o homevídeo CRAZY NIGHTS que contém os três clips lançados pela banda ainda em junho, já que o KISS havia obtido boa vendagem dos homevídeos anteriores (EXPOSED e ANIMALIZE LIVE UNCENSORED). Três anos depois, este homevídeo viria a obter status de ouro, pela RIAA Certification.

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Como aquecimento para os shows da Europa, o grupo faz dois shows no clube The Ritz, em Nova York, um local de dimensões consideravelmente menores para uma banda do porte do KISS. Como consequência, novamente toda a pirotecnia e parafernália cênica é deixada de lado, mas eles obtêm boa receptividade em sua cidade natal, de novo principalmente pela inclusão de músicas que não tocavam há muito tempo, como Shout It Out Loud e Deuce.

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A excursão na Europa se dá prioritariamente na Inglaterra, visto o sucesso por lá conseguido. Eles começam com um show surpresa no Marquee, outro clube de dimensões próximas ao The Ritz. Em 20 de agosto tocam na versão inglesa e mais badalada do festival Monsters of Rock, não como banda principal, mas tocando antes do Dave Lee Roth e Iron Maiden. Outros festivais, como na Alemanha, também tem o KISS tocando por vezes até durante a luz do dia, mas a turnê européia também tem melhor receptividade do que nos EUA, e nesta época o single Turn On The Night chega ao 41º lugar na Inglaterra.

É inegável que este disco contém ótimas músicas. O problema de Crazy Nights é o contexto histórico, em vários sentidos. O baixista Gene Simmons estava dedicando mais tempo para sua carreira de produtor musical e ator do que para a banda. Além disso, a segunda metade da década de 1980 representa o auge do famigerado Hair Metal no mainstream. Isso justifica a orientação comercial das composições e até mesmo a escolha do produtor Ron Nevison, competente, porém deslocado por aqui. E aí está a principal deficiência sonora do registro: a produção.

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Faixas como "My Way" e "Turn On The Night" trazem uma cama de teclados exuberante o bastante para ofuscar o peso da bateria e das guitarras. Os solos de guitarra de Bruce Kulick, por mais que estejam inspiradíssimos (aqui tem seu melhor trabalho de guitarra depois de Revenge e Carnival Of Souls), apresentam uma timbragem enfática nos agudos, o que torna a audição de alguns deles repetitiva. O próprio direcionamento comercial se torna um problema em canções pouco inspiradas como a enjoada "Bang Bang You".

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No entanto, há grandes momentos em Crazy Nights. A própria "My Way", apesar de muito teclado, contém uma das performances mais poderosas do vocal de Paul Stanley em quase 40 anos de KISStória. A radiofônica "Crazy Crazy Nights", a bela balada Reason To Live, a paulada "No, No, No", entre muitas outras que constituem a maioria do play, garantem a diversão do ouvinte. Vale deixar claro, inclusive, que o grande destaque é o Starchild: cantando e compondo muito, sua atuação se mostra inspiradíssima do começo ao fim. A tática de vendas deu certo, pois Crazy Nights conquistou disco de platina nos Estados Unidos e Canadá, além de emplacar singles pelo mundo afora. Vale a pena conferir esse registro e descobrir que se trata de um grande álbum, prejudicado pelo já explicado "contexto histórico".

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Não se pode falar sobre o álbum Crazy Nights, sem fazer um breve resumo sobre a segunda metade da década de 80, e mais especificamente sobre o Glam Metal, ao qual o Kiss fez parte neste período brilhantemente.

Glam metal. Hair metal. Metal farofa. Não importa o nome: passou laquê no cabelo e vestiu uma calça com estampa de zebra, é parte da cena. Uma cena surgida no final dos anos 1970 e que viu seu ápice na segunda metade dos anos 1980, mais precisamente na Sunset Strip, em Los Angeles.

A origem de tudo remonta ao glam rock britânico setentista de David Bowie, T-Rex e Gary Glitter, pegando pesado na maquiagem, na androginia e no apelo sexual. A música que reverberava pelas caixas de som, no entanto, tinha outra pegada: mais rápida, alta, violenta e simples, bebendo direto do hard rock produzido pelo Van Halen - cujo vocalista David Lee Roth era referência no quesito performance. Já as letras eram crônicas do cotidiano de sexo, drogas e festas que seus jovens compositores viviam - ou ansiavam por viver.

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Mas assaltar o estojo de maquiagem da mãe e ser malvado em cima do palco não garantia a ampliação do público, o que foi resolvido com a introdução das power ballads. As músicas românticas foram as responsáveis por dar o formato definitivo à estética musical da cena e colocar suas bandas para rodar nas rádios mainstream e na MTV - que, em 1987, se viu obrigada a criar um programa voltado exclusivamente para dar conta da demanda.

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Na época, a Sunset Strip não apenas via nascer de suas entranhas moleques cabeludos e com roupas espalhafatosas que viravam milionários da noite para o dia com suas bandas - como Mötley Crüe, Quiet Riot e Guns N' Roses, mas também recebia gente de fora, como Bon Jovi (New Jersey), Poison (Pensilvânia) e Twisted Sister (Nova York). Com os olhos das gravadoras voltados para Los Angeles, não demorou para que outras bandas se adequassem, mudando não apenas seu estilo de tocar, como também os cortes de cabelo e guarda-roupas: Aerosmith, Alice Cooper, Def Leppard, Kiss, Scorpions, Van Halen, Whitesnake são grandes exemplos desta mudança.

- Bandas que fazem ou fizeram parte do Glam Metal (algumas somente no período de maior ascendência):

Aerosmith (1987 - 1989)/ Alice Cooper (1986 - 1991)/ Bon Jovi/ Cinderella/ David Lee Roth/ Def Leppard /Europe (1985 - 1991)/ Extreme/ Firehouse/ Great White/ Guns N’ Roses/ Hanoi Rocks/ Kiss (1983 - 1989)/ Mötley Crüe/ Mr. Big/ New York Dolls/ Poison/ Queensryche (1986 - 1992)/ Quiet Riot/ Ratt/ Scorpions (1982 - 1991)/ Skid Row/ Slaughter/ Tesla/ Twisted Sister/ Van Halen (1978 - 1984)/ Warrant/ Whitesnake (1987 - 1991)/ White Lion/ Winger.

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- O ano de 1986 foi marcado por alguns lançamentos, que atraíram a atenção de milhões de ouvintes e movimentando milhares de doláres.
Bon Jovi – Slippery When Wet: O álbum vendeu 28 milhões de cópias mundialmente e é considerado pelos críticos especializados como um dos grandes feitos do mundo do rock sendo que uma das canções do álbum chamada Livin' on a Prayer é considerada uma obra-prima sendo que a música é considerada uma das canções mais empolgantes do século XX, A música ficou na 1ª posição das '100 Melhores Músicas dos anos 80' na lista feita pelo canal de clipes VH1.

Europe – The Final Countdown: E os números que esse clássico gerou, dizem por si só o estardalhaço que ele causou na época. Primeiramente, a faixa título alcançou o primeiro lugar em 26 países, e a balada "Carrie" alcançou o terceiro lugar na parada da Billboard, algo impressionante para uma banda vinda da Suécia naquela época. As vendas desse disco também são absurdas, alcançando até os dias de hoje a quantidade de 18 milhões de cópias vendidas.

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Van Halen – 5150: Apesar da polêmica com a substituição de David Lee Roth, o lendário frontmen da formação clássica da banda, "5150" foi o primeiro álbum do Van Halen a chegar ao topo do ranking de vendas.

- Alguns importantes lançamentos do ano de 1987 (Mesmo ano de lançamento de Crazy Nights do Kiss):
Aerosmith – Permanent Vacation
Def Leppard – Hysteria
Guns N’ Roses – Appetite for Destruction
Motley Crue – Girls, Girls, Girls
The Cult – Electric
Whitesnake – Whitesnake (1987)

A grande tragedia foi que Crazy Nights foi lançado como um álbum do Kiss. E para a grande maioria dos fãs, este álbum não soa como o Kiss dos dourados anos 70, e também não é agressivo e pesado, como o Kiss do início dos anos 80. O Kiss já se envolveu em várias tendências musicais, ao longo de sua carreira: 73-74, os New York Dolls, eram considerados os queridinhos da América, e seu som sujo, despojado conquistava multidões, lembrando em irreverência os 3 primeiros ótimos trabalhos do Kiss. Em 75-77, principalmente em seu destruidor Destroyer, o Kiss buscou influências claras do som feito naquela época, por bandas como Alice Cooper. Em 78-79, foi a era Disco com Dynasty. Em 80, foi o Pop, pouco inspirado de Unmasked. Em 81, o Conceitual de Music From The Elder, buscando inspiração em bandas como Pink Floyd. Em 82-84, foi a vez do movimento NWOBHM, que bandas como Iron Maiden, Judas Priest e Mötley Crüe, faziam com maestria. Em 85-89, foi a era glam metal, já citada acima. Em 90, as bandas estavam mais sóbria, é só lembrar dos famosos Use Your Illusion I e II, do Guns N’Roses, assim como Revenge. A partir daí, o Grunge reinou, e o Kiss lançou Carnival Of Souls, com fortes influências desta nova tendência. A partir do Psycho Circus, a banda buscou apenas um resgate daquilo já tinha sido feito anteriormente.

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Em minha opinião, todas estas influências e adaptações feitas pelo Kiss, ao longo de sua carreira, mesmo cheirando um pouco oportunistas, foram feitas com muito talento e diversificou e enriqueceu a obra da banda de tal maneira, que raramente, uma pessoa consegue gostar de toda discografia.

A única alternativa que eu posso pensar que teria poupado Crazy Nights de ter sido tão injustiçado, como o "patinho feio" da carreira do Kiss, seria se Paul Stanley tivesse lançado como um álbum solo. Afinal, o álbum é praticamente dele.

Mas vamos as faixas:

1. Crazy Crazy Nights – Esta é a típica música que representa os grandes sucessos deste período, uma música para ser executada em estádios lotados, um refrão forte e pegajoso, cantado em coro. Lembrando You Give Love A Bad Name (Bon Jovi) ou Pour Some Sugar On Me (Def Leppard).

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2. I’ll Fight Hell To Hold You – É uma música obscura, mas muito boa. Tem vários riffs, é bem construída, e não previsível. Acho espetacular a parte que precede o refrão, com o Eric Carr dobrando as guitarras. No solo de Bruce, o riff da base é sensacional, mas quase inaudível. O refrão é cantado em registro altíssimo. Provavelmente é a que se daria melhor numa versão atualizada. O Paul Stanley estava em sua melhor fase vocal, os falsetes alcançados por ele são dificílimos e deixam a música com um brilho muito especial.

3. Bang Bang You – Uma música que faz lembrar do Permanent Vacation (Aerosmith), porque ela é polida, mas consegue não ser pop e tem um sentimento de grandiosidade. Não é por nada que a música foi composta por Paul e Desmond Child.

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4. No, No, No – Começa com Eric e Bruce tentando reproduzir a introdução de Hot For Teacher do Van Halen, com a batera correndo e a guitarra solando (tappings e tudo mais). O bumbo duplo de Eric fica totalmente submerso na mixagem, um desperdício.

5. Hell Or High Water – Gosto desta música, principalmente pela tentativa de soar como um som mais comercial e sem perder a essência do Kiss (coisa que aconteceu em Music From The Elder, que é um álbum tecnicamente muito bem executado, mas definitivamente, não é Kiss).

6. My Way – Esta é a minha favorita do álbum, mesmo com todo o exagero nos teclados. Outra naquele estilo contagiante de Paul. No refrão, o registro da voz é muito alto - é quase inacreditável como ele consegue atingir com naturalidade um tom tão alto. Se fosse o Bon Jovi, com produção do Bruce Fairbairn, seria um clássico instantâneo (como o seria o disco inteiro nessas condições).

7. When Your Walls Come Down – Particularmente, eu tenho uma paixão especial pelas grandes vozes do rock: Robert Plant, David Coverdale, Rob Halford, Steven Tyler... etc. E neste trabalho, o Paul esteve brilhante.

8. Reason To Live – É uma balada belíssima, como em regra são as baladas de Paul. Toda ela é bem construída, uma parte leva à outra com naturalidade. O solo de Bruce Kulick é o melhor do disco. Não perde em nada para Angel (Aerosmith), Never Say Goodbye (Bon Jovi) ou Is This Love (Whitesnake).

9. Good Girl Gone Bad – Esta música não tem nenhum atrativo especial, mas não é ruim. Compõe o álbum bem e faz o seu papel.

10. Turn Of The Night – É outro hit de Paul. A música inteira é boa, e o solo de Bruce, correto.

11. Thief In The Night – Curiosamente, é uma música do Gene que remonta à época do Creatures Of The Night. Uma demo dessa música, com Eric Carr, Paul e Gene foi utilizada no primeiro disco da cantora Wendy O. Williams (WOW, 1984), e difere pouco da versão de Crazy Nights. Seria uma baita música se tivesse sido gravada para o Creatures, com aquele som inigualável de bateria, e peso nas guitarras.


Outras resenhas de Crazy Nights - Kiss

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