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Megadeth: Os 27 anos de "So Far, So Good... So What!"

Resenha - So Far, So Good... So What!" - Megadeth

Por David Torres
Postado em 23 de janeiro de 2015

Lançado em 19 de janeiro de 1988 através do selo da gravadora Capitol Records, é o terceiro álbum de estúdio do Megadeth. Hoje, ele completa nada mais, nada menos do que 27 anos. Produzido por Paul Lani (que já produziu trabalhos para as bandas Sanctuary, Seduce e Stryper), "So Far, So Good... So What!" foi o único trabalho do Megadeth que contou com a participação dos músicos Chuch Behler e Jeff Young. Esse período foi bastante turbulento para a banda.

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Naquela época, o relacionamento do "frontman" Dave Mustaine e o restante da banda não era nada bom, pois Mustaine sempre dependia do uso abusivo de drogas, o que culminou na saída de Chuck e Jeff após o "frontman" ser internado numa clínica de reabilitação. Polêmicas à parte, o álbum tem uma qualidade inquestionável e nele já podemos observar nitidamente uma evolução musical nas composições da banda após o lançamento de "Killing Is My Business... And Business Is Good!" (1985) e "Peace Sells... But Who's Buying?" (1986).

O registro se inicia com a belíssima instrumental "Into the Lungs of Hell". A música possui um título que faz uma citação a uma referência bíblica e conta com grandes harmonias e melodias que já preparam o ouvinte para o que está por vir ao longo do disco. A explosiva "Set the World Afire" vem logo em seguida, trazendo consigo doses cavalares de "riffs" e solos esmagadores. Essa composição, diga-se de passagem, possui uma história no mínimo curiosa.

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Originalmente, ela se chamava simplesmente "Megadeth" e depois teve seu nome substituído para "Burnt Offerings" e, por fim, para "Set the World Afire". Segundo uma entrevista dada por Dave Mustaine, logo após ter sido expulso do Metallica, lendo o tão conhecido folheto sobre o armamento nuclear das nações na época da Guerra-Fria, ele viu o termo "Megadeath". Algum tempo depois, ele retirou o "a" da palavra e decidiu utiliza-la para compor uma música com esse mesmo tema. Pouco depois, a palavra acabou sendo usada para nomear a banda. Vale mencionar que o Megadeth executou essa composição em seu primeiro show, entretanto, Dave Mustaine decidiu não inseri-la nos dois primeiros álbuns, incluindo a música apenas em seu terceiro trabalho de estúdio.

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A terceira faixa é "Anarchy In The U.K.", um "cover" de um clássico do Sex Pistols, que conta com a participação especial de Steve Jones (guitarrista do Sex Pistols e Cyco Miko), executado com muita energia e "feeling" e que conta com uma letra alterada e diferente da versão gravada pela banda inglesa. É uma das faixas do álbum que possui um videoclipe promocional. Em seguida, se inicia "Mary Jane", uma composição que possui um início bastante cadenciado e assim como diversas composições da banda, conta com mudanças bruscas e bem construídas de andamento e potentes "riffs" e solos de guitarra. A letra dessa composição, por sua vez, aborda uma suposta lenda de uma pequena cidade americana da qual Dave Mustaine visitou. Trata-se da história de uma família camponesa que na época da Inquisição americana, tinha uma filha chamada Mary Jane que alegavam falar com os animais. Para evitar a vergonha e a degradação da família por terem uma filha julgada como bruxa e para que ninguém tivesse conhecimento desse fato e a prendesse e torturasse, o pai da jovem a enterrou viva no terreno do lar da família.

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"502" é um legítimo "Speed/Thrash" recheado de palhetadas bem conduzidas e solos insanos. A faixa é um verdadeiro ode para quem está dirigindo em alta velocidade, soando como uma trilha sonora mais do que propícia para esse intento. Para quem desconhece, "502" é um código policial de Los Angeles que fiscaliza quem dirige bêbado ou em alta velocidade. Desnecessário dizer que o "frontman" Dave Mustaine já foi pego nessas circunstâncias, não é mesmo?

A sexta faixa é um dos maiores clássicos compostos pela banda, a fabulosa "In My Darkest Hour". Como muitos já sabem, a letra foi escrita por Dave Mustaine assim que ele teve conhecimento da morte do baixista do Metallica, Cliff Burton, contudo, o conteúdo da letra não tem qualquer relação com esse trágico acontecimento, retratando as brigas do relacionamento conturbado de Mustaine com uma antiga namorada, Diana.

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É uma composição excepcional, trazendo doses realmente intensas de sentimento em cada acorde. Tudo é extremamente bem conduzido da primeira a última nota. A faixa se inicia de forma lenta e melódica e vai crescendo aos poucos, fazendo surgir um "riff" principal que impulsiona o ouvinte a "banguear" no mesmo instante. À medida que a música caminha, temos excelentes alterações rítmicas, que aceleram a composição completamente e brinda a todos com grandiosos solos de guitarra, se encerrando da mesma forma vagarosa com a qual foi introduzida inicialmente. É uma composição atemporal e sem dúvida um trabalho genial. Novamente, assim como a terceira faixa, "In My Darkest Hour" ganhou um videoclipe promocional.

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Um afiado "riff" inicia a poderosa "Liar", uma faixa cadenciada, porém jamais menos pesada devido a isso, entregando ao ouvinte tudo o que ele deseja ouvir e na medida certa. A primeira metade dessa composição lembra vagamente "Skin O'My Teeth", faixa de abertura do álbum "Countdown to Extinction", de 1992, porém, obviamente muito mais pesada e visceral do que a outra. A letra dessa sétima faixa foi concebida para o antigo guitarrista da banda, Chris Poland. Ele e Gar Samuelson (ex-baterista da banda, falecido em 22 de julho de 1999, aos 41 anos de idade) venderam todo o equipamento de Mustaine para comprar drogas, o que culminou na saída dos músicos nessa época.

Encerrando o álbum de forma primorosa, temos "Hook in Mouth", grande clássico do Megadeth que conta um refrão marcante, passagens vocais memoráveis e "riffs" e solos que soam empolgantes o tempo inteiro, jamais desapontando um segundo sequer. O tema dessa composição também é bastante curioso. A letra fala sobre o PMRC, um instituto norte americano que julga músicas consideradas impróprias e obriga os artistas e bandas a estamparem o selo "Explicit Lyrics'' ("Letras Explícitas") nas capas de seus álbuns.

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"So Far, So Good... So What!" vendeu mais de 1 milhão de cópias somente nos Estados Unidos e é sem dúvidas um grande álbum da carreira do Megadeth. A banda já havia gravado dois grandes álbuns anteriormente e nesse terceiro registro conseguimos observar ainda mais a evolução da banda aos poucos. Evolução que bem sabemos que estava bem longe de terminar, mas isso já é uma outra história.

01. Into The Lungs Of Hell
02. Set The World Afire
03. Anarchy in the U.K.
04. Mary Jane
05 502
06. In My Darkest Hour
07. Liar
08. Hook In Mouth

Dave Mustaine (Vocal e Guitarra)
Jeff Young (Guitarra)
David Ellefson (Baixo)
Chuck Behler (Bateria e Percussão)

Músico convidado:
Steve Jones (Guitarra, na faixa 3)

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Sobre David Torres

Formado em Propaganda & Marketing, se autodenomina "Fanfarrão" graças ao seu senso de humor e modo de enxergar o mundo à sua volta. Apaixonado por filmes de terror, quadrinhos e bandas como D.R.I., Faith No More e Napalm Death, escreve também para o blog Blasting Noise Fanzine. Possui muitos sonhos, dentre eles dar início a um projeto de grindcore.
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