Bryan Ferry: A Volta do Cavalheiro Glam
Resenha - Avonmore - Bryan Ferry
Por Roberto Rillo Bíscaro
Postado em 17 de dezembro de 2014
Nota: 9 ![]()
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Hoje é fácil desatentar pra importância do ROXY MUSIC. Junto com DAVID BOWIE, o grupo inglês definiu o glam rock setentista, combinando progressivo, psicodelia, experimentalismo, rock e mais. O visual andrógino e a importância das roupas, cabelos e visual inspiraram a geração New Romantic e parte da parafernália vídeo-promocional dos anos 80.
Formado por feras como PHIL MANZANERA e BRIAN ENO, o ROXY MUSIC tinha no vocalista BRYAN FERRY uma figura que se tornaria sinônimo de elegância e glamour masculino. Destoando do visual cabeludo desleixado dos roqueiros, FERRY progressivamente abandonou a androginia pelo estilo cavalheiro distinto com smokings, blazers, paletó e gravata. Seu fiapo de voz ajudou a quebrar a noção de que pra cantar era necessário ter vozeirão ou se esgoelar.
O experimentalismo art-rock do ROXY MUSIC começou a ser abandonado em 79, com o álbum Manifesto. Em 82, Avalon encerrou as atividades da banda por anos e mostrou a metamorfose completa em um grupo capaz de produzir pop infecciosamente elegante.
Os anos 80 trouxeram sucesso comercial à carreira-solo de BRYAN FERRY. Três ou quatro álbuns de pop oscilando entre o dançante e o melancólico, com produção obsessivamente esmerada. No Brasil, o sucesso mundial Slave to Love tomou as rádios de assalto e deve ser executada até hoje em programas de flashback romântico. FERRY não parou de lançar álbuns, aventurando-se em sonoridades distintas àquela dos 80’s, sempre mantendo qualidade e finesse.
Em meados de novembro, o chique lançou Avonmore, e parece que teve saudade da década que lhe rendeu tanta grana. O álbum tem faixas que tranquilamente podem ser percebidas por ouvintes menos atentos como constituintes de Boys and Girls (1985) ou Bette Noire (1987). E isso não é pouca coisa.
Recheado de convidados estelares como NILE RODGERS, do CHIC e o guitarrista JOHNNY MARR dos SMITHS, Avonmore é sofisticado e uma de suas únicas aventuras é uma releitura da clássica Send in the Clowns em clima meio psicoeletrônico, que deu bastante certo, afinal, cantá-la tradicionalmente seria chover no ensopado. Até RENATO RUSSO gravou isso e olha quanto faz que morreu!
O filé mignon, entretanto, são as canções mais dançantes que remetem aos anos 80. A aliterativa Loop de Li abre os trabalhos e é insultantemente chique e em momentos me lembra Same Old Scene, do Flesh + Blood (1980), do Roxy, onde tio Ferry mostrou pros garotões New Romantic quem inventara aquele jogo.
A faixa-título, Driving Me Wild, Midnight Train, One Night Stand e A Special Kind of Guy (percussão chupada de Sexual Healing, do MARVIN GAYE?) seguem o padrão oitentista de instrumentação complexa com cara de camadas esparsas, piscadas pra música negra/disco e, claro, muita pose pra tocar em desfiles, vernissages e afins.
Avonmore não altera a carreira de FERRY, mas, avizinhando-se dos setenta anos, o inglês tem direito de fazer o que sabe melhor: ser Sir sem sê-lo.
Tracklist
1 – Loop de Li
2 – Midnight Train
3 – Soldier of fortune
4 – Driving Me Wild
5 – A Special Kind of Guy
6 – Avonmore
7 – Lost
8 – One Night Stand
9 – Send in the Clowns
10 – Johnnie and Mary (Remaster 2014)
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