Rita Lee & Tutti Frutti: Disco mais subestimado do rock nacional
Resenha - Entradas e Bandeiras - Rita Lee e Tutti Frutti
Por André Dehoul
Postado em 31 de agosto de 2014
Nota: 10 ![]()
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Se o disco anterior, Fruto Proibido de 1975 é ainda hoje considerada a obra prima na extensa discografia de RITA LEE e um dos discos definitivos do rock nacional, Entradas e Bandeiras de 1976 pode ser considerado o mais subestimado disco de sua carreira com a banda TUTTI FRUTTI, ou até mesmo de todo rock nacional (exagero?). Digo isso por considerar ser esse seu trabalho mais bem estruturado e hard da década de 1970. Quem sou eu para considerar alguma coisa? Um apreciador do bom e velho rock´roll bem tocado, e se pesado e da década de 70, melhor ainda, talvez como você que está lendo esta matéria. Então vamos lá.
Entradas e Bandeiras é o primeiro disco lançado com a participação de um novo baterista, SÉRGIO DELLA MONICA, que anos mais tarde veio a ser o baterista de MARINA LIMA e CAZUZA (nos hoje clássicos "Ideologia" de 1988 e "Burguesia" de 1989). Sim, a mudança na bateria fez toda a diferença na sonoridade da banda. Se até então os holofotes estavam voltados para a performance vocal de RITA LEE e pela técnica de LUIS SÉRGIO CARLINI, a banda passa a ter uma maior consistência sonora, possibilitando uma maior visibilidade aos demais músicos.
São nove músicas de puro rock, do Glam ao Hard, passando pelo rock tradicional como em "Bruxa Amarela", escrita por PAULO COELHO e RAUL SEIXAS (uma das minhas preferidas e que voz...). O clima de produção do disco não foi lá dos melhores. RITA LEE havia sido condenada a um ano de sua prisão domiciliar por porte de drogas (período em que escreveu a letra do clássico "Arrombou a Festa, lançado como single ainda em 1976), tendo sido liberada apenas para o cumprimento das agendas de show e demais atividades relacionadas ao seu trabalho com a banda, levando a cantora a não participar das mixagens do disco devido a uma crise de ansiedade (RITA estava grávida de seu primeiro filho) e talvez por esse motivo, ao menos para o que vos escreve, soe mais cru e "pesado".
Esse disco, apesar de ser seu trabalho mais maduro, pode ser considerado "o início do fim" da era TUTTI FRUTTI na história de RITA LEE e esse clima está bem refletido nas letras, como no hardão que abre o disco, "Corista de Rock", no rock pegado "Departamento de Criação", e na densa balada final "Troca-Toca". Afinal são "Coisas da Vida".
Em suma, um belo disco hard setentista. Tá tudo ali, solos inspirados de guitarra, bateria ocupando todos os espaços necessários, o teclado dando o clima exato para a massa sonora e o baixo construindo a cama perfeita para o vocal mais maduro de RITA LEE em toda sua discografia até então. Se este é realmente o disco mais subestimado do rock nacional, não se subestime e ouça agora mesmo.
Dê sua opinião. Abraços.
FICHA TÉCNICA:
NOTAS:
Lançamento: 1976
Gravadora: Som Livre
FAIXAS:
01 Corista de Rock (Luis Sérgio Carlini/Rita Lee) [3:40]
02 Lady Babel (Lee Marcucci/Luis Sérgio Carlini/Rita Lee) [3:30]
03 Coisas da Vida (Rita Lee) [3:20]
04 Bruxa Amarela (Paulo Coelho/Raul Seixas) [2:35]
05 Departamento de Criação (Lee Marcucci/Luis Sérgio Carlini/Rita Lee) [3:50]
06 Superestafa (Lee Marcucci/Luis Sérgio Carlini/Paulo Coelho) [3:38]
07 Com a Boca no Mundo (Tico-tico) (Lee Marcucci/Luis Sérgio Carlini/Rita Lee) [3:56]
08 Posso Contar Contigo (Lee Marcucci/Luis Sérgio Carlini/Paulo Coelho) [3:52]
09Troca-toca (Rita Lee) [4:28]
FICHA TÉCNICA
Produção: Peninha Schmidt
Assistente de Gravação: Wagner Baldinato
Técnicos de Gravação: José Luis Costa, Flávio Augusto e Luis Carlos Baptista
Foto e Arte: Jan e Gustavo Matula
Direção Geral: Mônica lisboa
MÚSICOS
Luís Sérgio Carlini: Guitarra Base, Solo, Slide, Havaiana e Talk Box - Craviola - Gaita;
Lee Marcucci: Baixo – Percussão;
Paulo Maurício: Teclados - Sintetizador (cordas e metais) – Vocais;
Sergio Della Monica: Bateria - Percussão - Tubular Bells;
Rubens Nardo: Vocais – Percussão;
Gilberto Nardo: Vocais – Percussão;
Rita Lee: Violão Acústico - Flautas do Xingu - Piano base em "Coisas da Vida"
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