Panzer: prova de que o simples pode ser eficiente como o complexo
Resenha - Honor - Panzer
Por Afonso Ellero
Postado em 27 de dezembro de 2013
Nota: 8
A banda paulista PANZER acaba de lançar seu terceiro álbum depois do retorno às atividades ocorrido em 2012. Uma das principais expoentes do Thrash Metal brasileiro da década de 90 a banda consegue mostrar através de seu mais recente trabalho que é possível chamar a atenção fazendo o famoso "arroz com feijão", se me permitem o termo.
Não espere por solos distorcidos e técnicos tocados à velocidade da luz, nem por arranjos complexos com muitas variações de andamento dentro de uma mesma canção. A proposta da banda parece ser fazer o básico com extrema competência.
Longe de ser um álbum com arranjos pragmáticos e letras monotemáticas, "Honor" mostra que um bom riff aliado a uma base pesada e rítmica são capazes de empolgar tanto quanto qualquer composição baseada em devaneios masturbatórios de um virtuose.
O que mais me impressionou foi a harmonia entre os instrumentos que funcionam como um relógio. Difícil encontrar um momento em que a melodia se torna confusa ou abstrata. Tudo parece muito bem pensado para entregar a quem ouve um som poderoso e cativante.
É muito difícil encontrar no Thrash Metal bandas que não repliquem ao menos a base de suas canções para manter o peso e a característica proposta.
Definitivamente esse não é o caso do PANZER.
André Pars conseguiu manter uma base melódica simples e pulverizar cada composição com variações de andamento e solos curtos e técnicos. Resumindo: uma aula de bom gosto!
Rafinha Moreira é o responsável pelos vocais e usa, sem abusar, da mistura "rouco/rasgado" dando a aura "violenta" que o estilo pede.
Edson Graseffi (bateria) e Rafael DM (baixo) são um belo exemplo de como montar uma "cozinha" entrosada. Ambos tocam muito pesado e conseguem parecer um uma extensão do outro. Parece difícil entender como a velocidade dos bumbos consegue soar harmônica com a tocada do baixo, mas sim, eles provaram que isso é possível sem embaralhar a melodia.
De tudo isso faz se necessário chamar a atenção para o trabalho do produtor Henrique Baboon que soube captar toda essa plataforma sonora e equalizar tudo de forma extremamente profissional, não se percebendo esse ou aquele instrumento num volume acima ou abaixo do esperado.
Composto por 11 faixas distribuídas ao longo de 41 minutos o trabalho começa com uma introdução não musicada: uma hipotética tentativa de comunicação em pedido de socorro, nomeada "The Morning After", que se mostra um gancho perfeito para a faixa que abre o álbum, "The Last Man on Earth", um thrash bem elaborado na base peso/velocidade. Esses dois registros na sequência são perfeitos para se abrir um show ao vivo.
"Heretic" é o exemplo mais claro do que eu escrevi acima: um belo riff com uma levada rítmica contagiante. Tudo simples e perfeito.
"Intruders" e "Victim of Choices" mostram um PANZER "enamorado" com um estilo mais Stoner Rock e deixa clara a versatilidade dos músicos.
Meus destaques vão para "Rising" que apresenta um Thrash Metal tradicionalíssimo e extremamente pesado e "Hastenig to Death" que segue a linha "simples e agradável" e ainda apresenta uma bela composição lírica por parte do vocalista Rafinha Moreira, responsável pela maioria das letras.
Em segundo plano, mas não menos empolgantes eu citaria "Burden of Proof" que começa com uma bela introdução e se transforma numa agressão sonora. A letra é de amedrontar qualquer inimigo!
Recomendo ouvir a faixa "Savior" com um pouco mais de atenção, pois talvez seja o momento mais técnico e melódico de todo o trabalho. Essa bela canção também conta com a participação especial de Silvano Aguilera (vocalista do WOSLOM).
O álbum se encerra com algo quase destoante, mas muito interessante: "Alma Escancarada".
Cantada em português a pegada lembra muito o crossover do Ratos de Porão e quando imaginamos que isso vai durar até o final a banda surpreende, lá pela metade, com um solo curto, mas melódico, que quebra o ritmo e te deixa de queixo caído. Se você pensou que isso deixou a música estranha se enganou! Não sei como, mas essa mudança de andamento soa maravilhosamente agradável e dura o tempo suficiente para que eles encontrem uma ponte que retorna ao crossover inicial.
Você acha que acabou? Se enganou de novo!
O final da música tem um já manjado "Fade out" (quando o volume vai abaixando aos poucos) e de repente retorna com uma passagem de "War Pigs", onde o produtor Henrique Baboon assume o baixo.
Esse é mais um daqueles álbuns que você não consegue ouvir uma única vez. Confesso que o CD nem queria mais sair do player do meu carro!
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