Arctic Monkeys: Uma faceta mais obscura, sombria, quase paranóica
Resenha - AM - Arctic Monkeys
Por Thiago El Cid Cardim
Postado em 22 de novembro de 2013
Chega a ser curiosa a situação da jovem banda inglesa Arctic Monkeys em 2013. Enquanto outros dois titãs do rock indie contemporâneo, Strokes e Franz Ferdinand, entregaram novos discos iluminados, gostosos e divertidos, a turma liderada pelo menino-prodígio Alex Turner seguiu o caminho contrário. Em "AM", seu quinto disco de estúdio, eles exploram uma faceta mais obscura, sombria, quase paranóica, versando sobre amores que não deram certo. Há quem diga que isso seria reflexo imediato da relação de Turner com o mentor Josh Homme, do Queens of The Stone Age, com suas guitarras corpulentas e energéticas. Faria sentido. Uma outra diferença fundamental é que, enquanto os álbuns dos Strokes e do Franz são consistentes e parecem seguir uma crescente ao longo da audição, o oposto parece acontecer com os macaquinhos de Turner. "AM" abre poderoso, prometendo muito. Mas cria uma barriga enorme, perceptível e que chega a entristecer o ouvinte - "ah, não, bem que podia ter continuado do jeito que começou". Verdade, concordo.
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Em entrevistas durante o processo de gravação da bolacha, Turner levantou a lebre de que o Black Sabbath seria uma das influências do grupo para este novo trabalho – o que, obviamente, faz todo o sentido, já que esta sempre foi uma banda dividida entre o pop britânico em sua essência e o rock mais pesado (na medida do possível, claro). É possível sentir a densidade nas faixas que abrem o disco. Depois da gostosa introdução pop com a graciosa "Do I Wanna Know?" e seu refrão irresistível, eles mostram as guitarras encorpadas meio setentistas, a la stoner, em "R U Mine?" e até mesmo em "One For The Road" (uma espécie de "o que aconteceria se os Bee Gees resolvessem fazer uma canção indie roqueira?"), os grandes momentos do disco. Até aí, tudo bem. O problema começa a partir de "Arabella", que é quando o álbum dá uma virada sonora e conceitual. Aí complica.
Além de mencionar o Sabbath, o vocalista dos Arctic Monkeys também listou Outkast e Aaliyah como referências para "AM", o que coloca o R&B no caldeirão sonoro do grupo e estende sua atuação para um novo (e arriscado) território. Gosto muito de bandas que se arriscam fora de sua zona de conforto, de verdade. Mas, honestamente, o quarteto não consegue executar plenamente o que promete neste quesito. E até que eles tentam bem, se esforçam de verdade – como mostra o baixão black e chapado de "Why Do You Only Call Me When You're High", canção que tem um dos títulos mais divertidos do ano, mas que tenta, tenta, tenta e simplesmente não decola. "No. 1 Party Anthem" até que tenta te conquistar com seu pianinho sacana, herdado das melhores baladas de Lionel Richie, mas falha no meio do caminho. E "Snap Out of It" até que te faz bater o pézinho com sua vibração dançante, mas não chega a ter a energia contagiante do inteligente e divertido disco recém-lançado pelo Franz Ferdinand, por exemplo. Falta gás. Falta pique. Falta dar aquele salto que faz uma música sair do "música bacana", do tipo flat, para "música BEM legal", do tipo que não vai sair da sua playlist pelas próximas semanas.
Num ano de grandes discos vindos da Terra da Rainha, os Arctic Monkeys chegam com um álbum que é apenas metade bom. E isso é apenas metade do que eles poderiam oferecer. E metade do que os fãs esperariam da banda.
Line-up
Alex Turner – Vocal/guitarra
Jamie Cook – Guitarra
Nick O'Malley – Baixo
Matt Helders – Bateria
Tracklist:
1. Do I Wanna Know?
2. R U Mine?
3. One for the Road
4. Arabella
5. I Want It All
6. No. 1 Party Anthem
7. Mad Sounds
8. Fireside
9. Why'd You Only Call Me When You're High?
10. Snap Out of It
11. Knee Socks
12. I Wanna Be Yours
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