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Shadow Gallery: Longe de ser perfeito mas possui alma

Resenha - Shadow Gallery: Shadow Gallery

Por Matheus Bernardes Ferreira
Postado em 10 de setembro de 2013

Primeiro ato do então quarteto estadunidense Shadow Gallery. Quarteto pois o "baterista" Bem Timely é na verdade uma bateria eletrônica que, por sinal, mais atrapalha do que acrescenta, sendo o ponto mais fraco deste álbum. A mixagem do álbum foi muito mal feita. A bateria e as guitarras estão abafadas demais, por isso os trechos acústicos do álbum naturalmente se sobressaíram às passagens mais pesadas.

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Grosso modo, a banda tentou apresentar um rock / metal progressivo inspiradíssimo nas composições do Queen em sua época mais remota, tendo em suas músicas características obrigatórias como abundância de coros (na maioria das vezes em falsete), belas linhas de piano e clima feliz e positivo. Curioso que Fredie Mercury tenha falecido durante o período de gravação deste álbum, e não é segredo que o Sr. Carl Cadden-James é fã de carteirinha do quarteto inglês.

Em Dance Of Fools, já na primeira introdução que o Shadow Gallery põe ao mundo, traz uma linha de teclado no mínimo extravagante, que remete ao retrógrado hard rock dos anos 80. A melodia que percorre a música toda é assustadoramente feliz, composta basicamente de piano, teclado e contrabaixo, com as guitarras abafadas deixadas em segundo plano. As batidas são simples e saltitantes. Os vocais, meu-deus-do-céu, que timbre estranho tem esse tal de Mike Baker. Enfadonhos coros em falsete esparramam-se indiscriminadamente por toda música que, somados aos feitos de teclado, ajudam a atribuir a esta música um nível de tosquice que eu jamais havia ouvido antes. O resultado final é uma música excêntrica, suave e incrivelmente bela, que cresce a cada ouvida.

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A alternância de ritmos é a grande característica de Darktown, a melhor e mais técnica música do álbum. Excelente introdução com direito a solo de flauta dão lugar a inspiradas galopadas agressivas. Segue uma bela linha de piano com os primeiros versos que remetem ao ambiente pacífico da primeira faixa. O destaque absoluto da faixa é a passagem instrumental após o primeiro refrão onde os integrantes da banda apresentam em grande classe suas promissoras credenciais.

Mystified possui novamente a fórmula de linha de piano e guitarra acústica que dão suporte ao excêntrico vocal de Baker e Cia, mas que aqui soam muito mais sombrios e carregados. Bela melodia de vocal, refrão e solo, entretanto, a música é apresentada de forma previsível, não evolui, resultando numa faixa um tanto monótona e inanimada.

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Questions At Hand traz um riff veloz e matador, que alternado com as melodias de vocal mais feliz do álbum, fazem de sua primeira metade uma experiência perturbadora. Dá pra começar a questionar se esses caras realmente levam a sério as suas músicas, pois a cancha musical é deliberadamente destoante do bom senso metálico. Ao final do segundo refrão a música se transforma e segue uma passagem acústica magnífica que alterna várias vezes para intensas sequências instrumentais de absoluto bom gosto. Essa banda tem o impressionante potencial de se reinventar a cada verso composto.

The Final Hour começa sombria com uma bela introdução acústica e ótima fluidez nos versos. Não demora muito para surgirem medonhas inversões rítmicas com efeitos de teclado canhestramente destoante da mística atmosfera inicial. A composição toda é de uma desorganização e exagero sem precedentes no álbum. A primeira linha de teclado (1:25) é das piores já compostas pelo Sr. Ingles, soterrando impiedosamente os bons riffs de guitarra e contrabaixo. O vocal está muito mal, é como se Sr. Baker e seus asseclas tentassem incorporar King Diamond e afirmassem categoricamente: "sim, eu consigo ser mais patético". Medonhos falsetes imperdoavelmente espalhados por toda a música assemelham-se a uma algazarra histérica em acessos aflitivos ou zombeteiros. Existem pontos positivos na música e isso só aumenta o lamento de como uma banda consegue estragar algumas boas idéias.

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Say Goodbye To The Morning começa com uma bela introdução com solo de flauta. Indício de boa música. Voz e piano no primeiro verso, como de praxe, ritmo nostálgico com a entrada da bateria e a elevação dos tons de voz, com melodia feliz que me lembra algo de "All the young dudes". Novamente há exageros nos vocais em alguns versos que acabam trazendo de volta a sensação de histeria. O destaque positivo é a incrível passagem instrumental após o segundo refrão, ou seja, outra música apresentando a fórmula clichê deste álbum, com ótimas idéias e boa execução.

The Queen Of The City Of Ice é uma belíssima música. Uma excelente e longa apresentação acústica com as melhores linhas de vocais presentes no álbum, que em nenhum momento soa cansativa ou enfadonha. Finalmente os vocais e os teclados acertaram o ponto. Até metade da música ela é perfeita, talvez com um único problema na transição da passagem acústica para a com bateria, que soa abafada e fora de tom. Uma seção veloz e bem executada fecha magistralmente a primeira parte. Segue então um longo e um tanto tedioso monólogo para criar um clima narrativo tenso e sombrio. O tema da música volta no final para coroar essa brilhante obra.

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Passado quase 20 anos de seu lançamento, o disco homônimo da banda continua atual. Caso alguém já tenha ouvido, gostado e aprendido a respeitar esses caras é porque eles criaram uma identidade musical própria, fugindo dos clichês e das tendências comerciais da época. O que é mais admirável neles é a ousadia de tentar algo autêntico sem medo de parecerem excêntricos ou estúpidos. O fracasso e o sucesso são privilégios exclusivos de quem arrisca. Todos os integrantes, cantando ou tocando seus instrumentos, tiveram seus pontos altos e baixos, sem exceção, mas ninguém pode ser culpado de omissão. O Shadow Gallery arriscou tudo neste primeiro álbum homônimo que, se está longe de ser perfeito tecnicamente, possui alma e a proclama sem pudor.

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