Grand Funk Railroad: álbum vermelho deu à banda um disco de ouro
Resenha - Grand Funk (Red Album) - Grand Funk Railroad
Por Leonardo M. Brauna
Postado em 24 de maio de 2013
Nota: 10
Após o sucesso instantâneo do GRAND FUNK RAILROAD com o seu primeiro álbum "On Time" lançado a agosto de 1969, o trio americano formado por MARK FARNER, DON BREWER e MEL SCHACHER volta a ousar ainda mais quatro meses depois com o lançamento da pérola hard rock, "Grand Funk" ("The Red Album"). Dando continuidade ao estilo de som praticado em seu 'debut', o álbum vermelho chegou com uma potência avassaladora que intensificou ainda mais o trabalho do baixista que praticamente "rouba a cena" em todas as suas oito faixas, porém o trabalho desse disco rendeu à banda a elevação de um prestígio inabalado até hoje.
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O produtor musical Terry Knight se aprofundou em um estudo para sintetizar uma característica própria na banda e passou a fazer testes contando com a colaboração de SCHACHER. Tais experimentos resultaram num número grande de alto-falantes estourados, a 'West Amplifiers' resolve apoiar à pesquisa e passa a fabricar modelos exclusivos para o baixista. O resultado todo fã já conhece, basta ouvir a primeira faixa, "Got This Thing on the Move" para se ter uma noção de como ficou todo o trabalho.
Os críticos, bem conservadores da época, e como sempre acontece, classificaram o disco negativamente, porém contradizendo a opinião da mídia o álbum vermelho deu à banda o seu primeiro disco de ouro, impulsionando também as vendas de "On Time" que viria conseguir o mesmo feito semanas depois. A mania americana de comparar seus artistas com os artistas britânicos logo caiu sobre o GFR em relação ao power trio CREAM da Inglaterra. "Exageros" à parte, o fato é que os filhos do tio Sam provaram que não é preciso ser "malabarista musical" para conquistar milhares de seguidores... bom, talvez não precisasse.
Um dos grandes problemas com power trios acontece no preenchimento do espaço de uma música para deixá-la encorpada e sem hiatos, com os adventos tecnológicos de hoje, pelo menos nos estúdios, isso já pode ser sanado, mas nos anos sessenta e boa parte dos anos setenta colocava-se a banda numa sala acústica, ligavam-se os microfones e o técnico de som (ou engenheiro) apertava a tecla REC para gravar as sessões. Dessa forma também foi concebido o nosso protagonista, mas se escutarmos faixas como "Please Don't Worry" e a sua sucessora "High Falootin' Woman", tais lacunas são como se nunca tivessem existido, nesta última então, ainda pode-se contar com uma breve "aventura" de FARNER ao piano, bem encaixado para o estilo 'bluesy' da música.
Outra coisa que não pode passar em branco é a percepção dos solos magistrais extraídos da guitarra de FARNER. É claro que o vocalista que também toca harmônica nesse petardo, passa longe de um CLAPTON que na época havia lançado junto com o CREAM o seu "Goodbye Cream", mas tente escutar "Mr. Limousine Driver" e não se deixar levar pela melodia empregada em seu solo. Tal áurea segue presente com a execução de "In Need", que particularmente me surpreende a cada nova audição. O acompanhamento dos instrumentos em perfeita sincronia movido por uma cadência "elegantíssima" do baterista BREWER, e ainda o uso da gaita "passeando" na execução revela uma genialidade ímpar desses mestres. A música também sofre algo que podemos chamar de improviso de estúdio, pois em parte de sua duração podem-se conferir os músicos se divertindo durante o solo como se passassem som em um ensaio. Uma quebra de padrão espetacular!
Tanta criatividade reunida nesse "pequeno" grupo não poderia caber apenas num único estilo musical. GFR notadamente é uma banda que fez do hard rock um "recipiente" propício para a introdução do rock 'n' roll, do blues/country e jazz, uma breve audição em "Winter and My Soul" nos remete a todos esses temas, e para quem gosta de uma boa dose de whisky pra relaxar, talvez seja essa uma boa pedida para o acompanhamento. É meu amigo, mas relaxe enquanto não surgem as distorções absurdas de "Paranoid", pois quando SCHACHER começa a espremer as suas quatro cordas o que você vai sentir são alguns momentos de êxtase que fará "congelar o seu sangue".
O mais curioso desse disco é que sua principal canção, "Inside Looking Out" que até hoje é uma obrigação da banda em tocá-la ao vivo, é um cover tirado do grupo THE ANIMALS, a original foi lançada no álbum "Animalization" de 1966. Esta se tornou um verdadeiro hino do GFR para a juventude da época e vem enfeitiçando plateias década após década com incrível desempenho dos americanos, principalmente dos ainda remanescentes MEL SCHACHER e DON BREWER que são os únicos da formação que gravou esse clássico histórico. Hoje a banda segue com MAX CARL (vocalista) que já trabalhou com MOLLY HATCHET, 38 SPECIAL dentre outros, TIM CASHION (tecladista) que já excursionou com ROBERT PALMER, e BRUCE KULICK (guitarrista) famoso por fazer parte do KISS nos anos oitenta e noventa. Se você procura por uma boa referência de raiz da música pesada, escute esse "documento" e cumpra a sua meta!
Formação:
Mark Farner - guitara, piano, harmonica, vocal;
Don Brewer - bateria, vocal;
Mel Schacher - baixo.
Faixas:
1."Got This Thing on the Move" 4:38
2."Please Don't Worry" (Don Brewer/Farner) 4:19
3."High Falootin' Woman" 3:00
4."Mr. Limousine Driver" 4:26
5."In Need" – 7:52
6."Winter and My Soul" 6:38
7."Paranoid" – 7:50
8."Inside Looking Out" (cover The Animals) 9:31
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