Matanza: uma audição campeã e que dura menos de uma hora
Resenha - Thunder Dope - Matanza
Por Thiago El Cid Cardim
Postado em 21 de fevereiro de 2013
Nos últimos anos, parece que toda boa banda de rock resolveu revirar o seu baú de raridades e dar nova chance àquelas faixas que ficaram ali, perdidas no passado, algumas lançadas em demos obscuras, outras sem nem sequer ter sido formalmente gravadas ou mesmo finalizadas. Foi assim com o Van Halen (em algumas músicas do ótimo "A Different Kind of Truth") e com o Aerosmith (em determinadas passagens do questionável "Music From Another Dimension!"). Aqui no Brasil, quem recorreu a este expediente foram os cariocas do Matanza. Mesmo mantendo uma discografia sólida e madura nos últimos anos, eles tiraram o poeira de canções de seu passado e geraram o poderoso "Thunder Dope", recém-lançado pela gravadora Deck Disc. Definido pelos próprios músicos como uma espécie de apanhado da carreira da banda, "Thunder Dope" é um disco rápido e direto ao ponto, injetando a força de petardos recentes como "Odiosa Natureza Humana" e "A Arte do Insulto" em raridades de seu começo de carreira. O resultado é uma audição campeã - e que dura menos de uma hora.
"Não se trata de 'sobra de estúdio', mas de músicas que ficaram incompletas, acabaram esquecidas mas que, de alguma forma, foram importantes pra que viéssemos a entender o nosso próprio som", é o que diz o guitarrista Marco Donida, principal compositor do quarteto e seu músico apenas nas versões em estúdio. Estão presentes em "Thunder Dope" músicas que nunca ganharam registro em disco e boas faixas (como "Terror em Dashville" e "De Volta à Tombstone") que podiam ser ouvidas nas longínquas fitas-demo de 1998 e 1999, quando o Matanza começava a lapidar a sua inusitada mistura de metal, hardcore e country, ainda aprendendo a desenvolver as letras que abordam seus temas favoritos de "vida na estrada", "bebedeira" e "Velho Oeste sangrento".
Com a tradicional saudação já conhecida de canções como "Bebe, Arrota e Peida", o álbum abre com "Goreddom Jamboree", praticamente um filhote de "Santa Madre Cassino" e um dos muitos sons em inglês que a banda dispara ao longo das treze faixas. Mas, no fim das contas, nada muda. Seja em inglês ou em português, o grandalhão ruivo Jimmy London mantém aquele mesmo estilão próprio na interpretação vocal. Dá para dizer, no entanto, que as músicas com sotaque gringo (a exemplo de "Alabama Death Tenebris") soam exatamente como se o filho de Johnny Cash tivesse crescido ouvindo Motörhead. Ou algo assim. O baixo encorpado a la Lemmy, aliás, abre os trabalhos de "Estrada de Ferro Thunder Dope", um dos momentos que mais têm chance de se tornar hinos, com um refrão potente o suficiente para ser cantado a plenos pulmões pelos fãs nas apresentações ao vivo.
No entanto, nem tudo, ao longo de "Thunder Dope", é acelerado e porradeiro como a mal-educada (e genial) "Dashville Chainsaw Massacre". É o caso do dançante ode à cachaça "My Old Friend Liver"; do blues-rock "Mulher Diabo", sobre uma mulher maldosa que pode tornar a vida de qualquer bebum ainda pior; e o country demente, quase demoníaco, de "Devil Horse", que transforma as guitarras em banjos para contar a trajetória de um alazão infernal.
"Thunder Dope" é uma adição de responsa a uma coleção de qualidade, que se conecta perfeitamente ao que o quarteto produziu nos últimos anos e mostra que o futuro promete continuar sendo velho, sujo e fedorento. Do jeito que o diabo (ou a Mulher Diabo, no caso) gosta.
Line-up:
Jimmy London (Vocal)
Marco Donida (Guitarra)
China (Baixo)
Jonas (Bateria)
Tracklist:
1. Goreddom Jamboree
2. Matanza em Idaho
3. Mulher Diabo
4. Estrada de Ferro Thunder Dope
5. Devil Horse
6. Dashville Chainsaw Massacre
7. My Old Friend Liver
8. Country Core Funeral
9. Die Hillbilly
10. Alabama Death Tenebris
11. Sunday Morning After
12. She Is Evil But She Is Mine
13. Pane nos Quatro Motores
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