In Flames: um disco especial na carreira da banda
Resenha - Jester Race - In Flames
Por Leandro Peroni
Postado em 05 de novembro de 2012
Nota: 10
Perfeito, essa é a palavra que define o segundo disco do In Flames. Marcado por inovar e praticamente dar uma nova cara ao estilo, saindo da habitual brutalidade "Full Time" e partindo para algo mais técnico, refinado e cheio de nuances acústicas, isso sem deixar de lado a agressividade do Death Metal, nem a melodia típica de Gothenburg. É exatamente essa fusão de diversos elementos desconexos que acabam se conectando que faz de The Jester Race um disco especial na carreira do In Flames.
As letras foram escritas por Anders Fridén em sueco e traduzidas por Nicklas Sundin do Dark Tranquility, com exceção de Dead Eternity que foi escrita por Jocke Gotberg, mostrando que a cena estava mais unida do que nunca, e pegando fogo, já que na mesma época o At The Gates lançava nada mais nada menos que Slaughter of the Void e o Dark Tranquility lançava The Gallery. O In Flames de 1995 era compost por Anders Fridén (Vocal), Glenn Ljungström (Guitarra), Jesper Strömblad (Guitarra), Johan Larsson (Baixo) e Björn Gellote (Bateria), e o disco ainda recebeu várias participações muito especiais, como o ex-companheiro de Ceremonial Oath (E que na época formava o Hammerfall) Oscar Dronjak, o guitarrista Fredrik Johansson, e para dar uma atmosfera mais legal os teclados foram comandados por Kapar Dahlkvist.
1- Moonshield
O início com violões e ritmo marcado apenas pelos bumbos da bateria em tom cadenciado, serve como uma introdução para a pancadaria que viria logo em seguida. As guitarras entram cheias de peso com um refinamento bem diferente da brutalidade do primeiro disco. Os vocais de Fridén também são diferentes dos de Mikael Stanne (Dark Tranquility, vocalista do primeiro disco do In Flames), e diferentes também dos seus próprios vocais, já que aqui não havia vocal limpo, melódico, gemidos nem nada do tipo... Era gutural bruto, rústico, seco e profundo. Violões passeiam durante a música inteira, tudo de forma natural e até mesmo progressiva, assim como as belas melodias de guitarra e o refrão pegajoso. Uma música belíssima, clássico indiscutível!
2- The Jester Dance
Guitarras bem limpas, clima meio moderno, algo até confuso, mas muito belo. Melodia agradável. Chega um ponto em que as guitarras dobradas tomam conta desse belíssimo interlúdio que antecede uma cacetada poderosa.
3- Artifacts of the Black Rain
Que porrada! Riffs violentamente melódicos, bateria esmurrada com força num clima mid tempo. Tudo aqui soa como In Flames clássico, inclusive com riffs e melodias que com certeza pesaram na composição de álbuns como Colony (1999) e Clayman (2000). O balanço perfeito entre peso e melodia acontece logo depois dos dois minutos onde o Power Metal se mostra presente em sua mais perfeita demonstração. Sim o grande diferencial do In Flames surgiu aqui. O Heavy Metal Tradicional não era mais a base da musicalidade da banda, e sim o Power Metal Melódico!
4- Graveland
Começa com um riff brutal e uma bateria igualmente poderosa. Tem mudanças sublimes de tempo, sobretudo no refrão onde o clima lento, melódico e pesado ganha espaço, deixando a composição muito interessante. A porradaria come solta no meio da música, sempre quebrada por um dos melhores refrões do álbum onde as guitarras entre em um estado de alquimia!
5- Lord Hypnos
Power Metal puro, riff visceral e uma atuação soberba das guitarras. Sim, tudo aqui remete ao som que o Hammerfall se caracterizaria em fazer. Eu já cheguei ao cumulo de tentar imaginar Joacin Cans cantando as melodias de guitarra...
La pelo meio da música as guitarras dão um show de entrosamento em um desfile de riffs maravilhoso até descambar novamente no poderoso riff principal. O refrão da música também é marcante, mas o maior trunfo são as guitarra que parecem moer os ossos com riffs melódicos, porém ultra-pesados!
6- Dead Eternity
Mais uma intro típica do Power Metal, e quem da as caras aqui é um expert no estilo. Oscar Dronjak (Guitarrista do Hammerfall e ex- Ceremonial Oath) participa como vocalista nessa faixa, que logo ganha a brutalidade típica do primeiro disco. Os riffs, assim como todo o álbum, são poderosos ao extremo, com melodias brilhantes que chega, a ser desrespeitosas até como Stratovarius. O solo simples, porém eficaz, regado a riffs bem interessantes também é um dos destaques da música, assim como a batera que é um "arregaço". O final apocalíptico é mais um que cairia bem como mais um dos gritos de guerra do Hammerfall, já que o In Flames parece ter se esquecidos das obras primas que crious aqui!
7- The Jester Race
Melodia calma marcada pelo baixo, um clima até mesmo moderno, é assim que começa a faixa título do trabalho até descambar num riff pesadão e uma bateria que parece estar sendo socada incessantemente por marretas. As dobras de guitarra continuam sendo um dos grandes destaques, assim como o refrão que já pega de jeito desde a primeira audição com seus "And We Go" que gruda mais que chiclete. A letra meio viajante também merece menção, assim como a atuação primorosa de Fridén e o solo dividido entre Jesper e Glenn.
8- December Flower
A mais brutal composição do disco. A quem diga ser a melhor faixa já composta pelo In Flames. Se concordar com isso é inviável, discordar também! O trabalho de riffs e solos é simplesmente magnífico e tem a participação de Fredrik Johansson. Os solos do meio da música chegam a lembrar as clássicas trilhas sonoras do game Megaman X. Tudo sempre indo de encontro ao brutal riff inicial que tem como base uma bateria violentíssima destilando ódio sobre as melodias de guitarra. Perfeição alquímica!
9- Wayfaerer
Bom riff incial, linha mais progressiva na parte rítmica, e como sempre o destaque são as dobras de guitarra e suas melodias. Chega a ser impressionante como os caras eram nerds nisso na época! Os teclados de Kapar Dahlkvist aparecem vez ou outra de uma bela forma, mas são ofuscaados principalemnte pelo riff com cara de AOR que da a deixa para os solos melódicos e marcantes da música, que quase aos três minutos decola de vez com seu trecho mais grudento. Os teclados remetem novamente a Megaman X e os clássicos games da Nintendo nos anos 90. Instrumental belíssima, um dos maiores destaques do álbum sem sombra de dúvida!
10- Dead God in Me
Riff bastante agressivo, tendo como base as excelentes, ou melhor, perfeitas guitarras gemas da banda. Os trechos mais brutais não lembram em nada a melodia doce de Wayfaerer, mas são bem vindos. A parte mais cadenciada e cheia de quebras La pelos dois minutos embala a composição ate seu solo duplo, que decola no trecho mais Power Metal com um veia Neoclássica que ficou perfeito com os guturais de Fridén. O choro de um bebê e o grito desesperado da suposta mãe da um clima todo especial à música que termina no riff incial.
E assim termina o que talvez seja uma obra perfeita. Tudo está em seu lugar... Nada falta, nada sobra. Composições de altíssimo nível, todas em destaque. Impossível citar uma só faixa (exceção feita talvez a December Flower). Trabalho de guitarras perfeito, com atuações soberbas de ambos os guitarras, mas o destaque absoluto vai mesmo para o talento de Jesper Strömblad! Uma pena que os fatos mais recentes tenham estragado a carreira de um brilhante músico. Fato é, mesmo que Sounds of a Playground Fading tenha sido um ótimo disco, é impossível não sentir saudade do In Flames de 1995... o In Flames que encantou o mundo com a obra prima chamada The Jester Race!
Tracklist
01- Moonshield
02- The Jester Dance
03- Artifacts of the Black Rain
04- Graveland
05- Lord Hypnos
06- Dead Eternity
07- The Jester Race
08- December Flower
09- Wayfaerer
10- Dead God In Me
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