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O Terço: Uma das maiores referências do rock brasileiro

Resenha - Tributo ao Sorriso - O Terço

Por Paulo Finatto Jr.
Postado em 09 de março de 2011

Nota: 9 starstarstarstarstarstarstarstarstar

Os cariocas do O TERÇO conquistaram certo prestígio no mundo da música quando o seu primeiro compacto, intitulado "Velhas Histórias" (1970), chegou às lojas do país. A banda, que ganhou notoriedade ao vencer o Festival de Juiz de Fora nos anos setenta, ainda buscava uma sonoridade própria, entre o rock progressivo e a MPB. De qualquer modo, as músicas que o quarteto gravou no período seguinte deram vida a "Tributo ao Sorriso" (1971), um registro raro que retorna ao mercado em versão remasterizada pela gravadora Discobertas.

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Na época em que participou do Festival Internacional da Canção com as composições "Tributo ao Sorriso" e "O Visitante", o O TERÇO foi considerado uma das maiores revelações da música brasileira, sobretudo pelo direcionamento que dava à MPB, com contornos do rock clássico e do progressivo. Sérgio Hinds (vocal, guitarra e violoncelo elétrico), Jorge Amiden (guitarra de três braços, batizada de tritarra), Cezar de Mercês (baixo) e Vinícius Cantuária (bateria) entraram em estúdio entre junho de 1970 e novembro de 1971 para gravar uma série de músicas, que pouco tempo depois seriam reconhecidas sob o compacto duplo "Tributo ao Sorriso". Embora ainda não conte com os elementos do rock progressivo que trouxeram fama ao grupo, o EP nitidamente se encontra um passo além ao dado no álbum "O Terço" (1970), de repercussão controversa até mesmo nos dias de hoje.

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De qualquer modo, o trabalho que a Discobertas fez em torno desse álbum raro é evidente e de muito bom gosto. A capa original foi recuperada e ganhou um encarte recheado por fotos históricas, fichas técnicas de estúdio e informações sobre a banda, além de detalhees sobre o próprio disco. Por mais precária que tenha sido a gravação na época – em apenas quatro canais – a remasterização assinada por Ricardo Cavalheira deu uma atualizada à música do O TERÇO, ao mesmo tempo em que mantém todas as características originais do registro.

As músicas que compõem "Tributo ao Sorriso" são curtas e mostram muito bem a versatilidade do quarteto em explorar a MPB com muitos acentos de personalidade e de originalidade. Na abertura, "Edifício da Avenida Central" mostra toda a desenvoltura do O TERÇO em uma música animada, intensa e com um quê de rock n’ roll. De outro lado, a faixa-título é uma bonita balada, que se tornou o maior hit da banda no início dos anos setenta, além de conquistar a terceira colocação no Festival Internacional da Canção, no Rio de Janeiro (RJ). O estilo de cantar de Sérgio Hinds – em nítido falsete – foi determinante para que a crítica considerasse o O TERÇO a nova sensação da música brasileira, por mais incrível isso que possa parecer.

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Por outro lado, "Adormeceu", de novembro de 1971, já mostrava o direcionamento mais rock n’ roll que a banda assumiria nas empreitadas seguintes. A música, que pode lembrar um pouco o que os BEATLES criavam na mesma época, conduziu o quarteto para o prestígio que os festivais televisionados concediam aos seus participantes de maior destaque. A efervescência criativa da dupla Jorge Amiden e Cezar de Mercês ainda consolidou "Vou Trabalhar" e, sobretudo "O Visitante", entre as composições mais executadas ao vivo pelo O TERÇO na época. Com uma áurea novamente cadenciada, essa faixa inclusive conquistou o quarto lugar do Festival Internacional da Canção, em 1971. Em um exercício de comparação, a música não é tão interessante como as demais apresentadas no EP.

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O curto período em que Sérgio Hinds se afastou do grupo para trabalhar com IVAN LINS resultou em uma versão assinada pelo O TERÇO para "Doze Avisos", de autoria do pianista e compositor. Com certa distância da pegada mais rock n’ roll, a faixa é uma balada que se constroi a partir de algumas variações rítmicas interessantes, característica que a banda começava a explorar, meio que sem saber direito. De outro lado, "Mero Ouvinte" traz as primeiras referências do rock progressivo que apareceriam com mais impacto em "Criaturas da Noite" (1975), provavelmente o melhor disco da banda até hoje. O encerramento com a curtíssima e incidental "Trecho da Ária Extraída da Suíte em Ré Maior" não modifica as boas impressões deixadas pelo compacto "Tributo a Sorriso".

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Em um primeiro momento, os parabéns devem ir – acima de tudo – para a gravadora Discobertas. Não apenas pela iniciativa em recolocar no mercado um disco raro e incrível de uma banda sensacional, mas por prestar uma homenagem verdadeiramente digna. Embora a primeira fase da banda não seja considerada como o ápice da sua carreira, a oportunidade de conhecer a música que notabilizou uma das maiores referências do rock brasileiro, deveria ser obrigatória para todos os aficionados por música (e rock) do nosso país.

Track-list:

01. Edifício da Avenida Central
02. Tributo ao Sorriso
03. Adormeceu
04. Vou Trabalhar
05. O Visitante
06. Doze Avisos
07. Mero Ouvinte
08. Trecho da Ária Extraída da Suíte em Ré Maior

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Sobre Paulo Finatto Jr.

Reside em Porto Alegre (RS). Nascido em 1985. Depois de três anos cursando Engenharia Química, seguiu a sua verdadeira vocação, e atualmente é aluno do curso de Jornalismo. Colorado de coração, curte heavy metal desde seus onze anos e colabora com o Whiplash! desde 2000, quando tinha apenas quinze anos. Fanático por bandas como Iron Maiden, Helloween e Nightwish, hoje tem uma visão mais eclética do mundo do rock. Foi o responsável pelo extinto site de metal brasileiro, o Brazil Metal Law, e já colaborou algumas vezes com a revista Rock Brigade.
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