Social Distortion: Timbre gordo e quente nas guitarras
Resenha - Hard Times And Nursery Rhymes - Social Distortion
Por Leonardo S. Dias
Postado em 26 de fevereiro de 2011
Nota: 9 ![]()
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Eu e minha esposa somos fanzaços do Mike Ness! Sério mesmo! Somos capazes de ficar horas e horas escutando e cantando aquelas melodias lindas e fáceis de assoviar, desenvolvidas sobre aquelas bases punk/country de três ou quatro acordes, e pensando sobre aquelas letras que descrevem com perfeição a filosofia "cafetão/gambler", de "sorte no jogo, azar no amor". Conferimos tudo isso e mais um pouco na apresentação que o Social Distortion fez ano passado em São Paulo. Foi lindo! Só quem estava lá sabe! Mas só serviu pra aumentar ainda mais a ansiedade pelo lançamento deste novo álbum!

"Hard Times And Nursery Rhymes" é esperado, pelo menos, desde 2005, como sucessor natural de "Sex, Love And Rock n’ Roll" (2004), play que surpreendeu a cena ao mostrar Mike Ness gravando com o SD depois de um hiato de oito anos sem discos de estúdio. E esse Mike Ness fez essa espera de seis anos valer a pena, hein?!
As guitarras começam pegando fogo! Logo nos primeiros quatro acordes da instrumental que abre o play, "Road Zombie", a primeira coisa que se percebe é que a tradição do timbre gordo e quente nas guitarras do Social Distortion foi mantida! Para mim, Mike Ness tem um timbre de guitarra tão "warm" que se você encostar em uma corda da Les Paul dele, seu dedo derrete que nem faca quente na manteiga! Seu comparsa nas seis cordas, Johnny "Two Bags" Wickersham também mandou muito bem, fazendo com que as guitarras sejam um dos grandes destaques do álbum, logicamente depois dos vocais cheios de feeling de Mike Ness! Aliás, falar da interpretação vocal de Mike Ness é chover no molhado! Ou alguém ousaria duvidar que a voz dele continua linda?!
Tematicamente, "Hard Times And Nursery Rhymes" é o disco mais "USA" da carreira da banda. Aqui você não vai encontrar nenhum resquício daquele punk rock do início da carreira deles, mas sim o que há de melhor no classic rock americano e toda a cultura por trás disso. A primeira música, por exemplo, "California (Hustle and Flow)" é aquele típico som de banda que toca naqueles barzinhos americanos de beira de estrada, cheio de caminhoneiros, com teto baixo, ambiente escuro, mesas de bilhar espalhadas e pista de dança! Juro que você consegue sentir o cheiro de um lugar assim ouvindo este disco!
Sem contar que pela primeira vez a banda contou com backing vocals femininos, estilo "coral gospel", chupinhando aquela influência rhythm and blues do Rolling Stones. Ok, os Stones são uma banda inglesa, mas, pra quem não sabe, eles tocam o mais puro rock americano e assumem isso sem peso na consciência. Ou seja, mais influência "USA" no disco!
Outros resquícios "USA" são encontrados no rockão blueseiro à la Aerosmith de "Bakersfield", velha conhecida dos shows da banda desde o começo da década passada, na influência de música irlandesa em "Far Side of Nowhere", que mais parece um som do Cranberries (não se esqueçam que a colonização irlandesa foi muito forte nos EUA...rs), e no cover de "Alone and Forsaken, da lenda do country americano Hank Willians, remetendo à tradição de coverizar artistas "do interiorrrrzão", como quando a banda fez "Ring of Fire", de Johnny Cash.
Ainda tem o single "Machine Gun Blues", com sua letra gangster "Well I'm a gangster 1934/Junkies, Winos, Pimps & Whores/And all you men, women and kids best get out the way", a lindíssima balada "Diamonds In the Rough", "Can’t Take With You" com solo de piano e mais backing vocal "coral gospel" e "Still Alive", roquenrouzão que fecha o disco com chave de ouro!
Confesso que de início não tinha gostado muito do play, ironicamente por achar ele muito "USA". Mas ouvindo ele com calma, esse acento "USA", por mais anti-imperialista que você seja, é justamente o que mais faz este disco especial, ao trazer para o ouvinte um retrato muito rico da parte boa da cultura americana. E o valor artístico disso, de trazer cultura junto com a música, é imensurável!
Lançado no dia 18 de janeiro deste ano, "Hard Times And Nursery Rhymes" foi o primeiro trabalho do Social Distortion editado pela Epitaph, a gravadora independente mais famosa do mundo, capitaneada pelo Mr. Brett, guitarrista do Bad Religion. Nada mais natural duas lendas da cena punk da Califórnia se unirem após tantos anos! E o resultado não podia ter sido melhor!
Tracklisting:
01. "Road Zombie" 2:21
02. "California (Hustle and Flow)" 5:00
03. "Gimme the Sweet and Lowdown" 3:23
04. "Diamond in the Rough" 4:35
05. "Machine Gun Blues" 3:33
06. "Bakersfield" 6:25
07. "Far Side of Nowhere" 3:29
08. "Alone and Forsaken" 4:02
09. "Writing on the Wall" 5:01
10. "Can't Take It With You" 5:02
11. "Still Alive" 4:05
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