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Heaven & Hell: ouvir "The Devil You Know" é um bálsamo

Resenha - Devil You Know - Heaven & Hell

Por Guilherme Vasconcelos Ferreira
Postado em 15 de outubro de 2009

Em tempos de celebração acrítica e automática do multiculturalismo – o simples encontro de culturas e ritmos é festejado sem levar em consideração a maneira como são realizados esses hibridismos e do que deles resulta – e das últimas novidades "revolucionárias" vendidas e embrulhadas sob medida pela indústria musical para conquistar os néscios, ouvir "The Devil You Know" é um bálsamo. Tradicionalíssimo, autoral – a banda comandou todo o processo de composição, gravação e produção do álbum – e coerente com a brilhante e honesta carreira do veterano quarteto, o disco é, canção por canção, uma aula de mestre para a nova geração de roqueiros descolados de como expressar uma visão própria de mundo, com constantes estilísticas e temáticas, através da música. É a prova, acima de tudo, de que para progredir nem sempre é preciso avançar. Olhar para trás e resgatar um certo puritanismo, palavra muitas vezes demonizada e confundida com conservadorismo, transforma-se, em um cenário dominado pela fugacidade e pela relação cada vez mais reducionista e descartável com a música – poucas pessoas ainda hoje conservam o saudável hábito de se desconectar dos afazeres cotidianos para contemplar e experienciar uma canção –, em um silencioso grito de resistência. Não se trata da luta entre tradição e modernidade. Trata-se, antes, do confronto entre a integridade e o duradouro contra a mediocridade e o efêmero. Talvez esse seja o principal legado ideológico do novo disco dos precursores do Heavy Metal.

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Em termos musicais, "The Devil You Know" é sólido como uma rocha. "Atom and Evil", a faixa de abertura, é a síntese da sonoridade única do quarteto, apelidada de trilha sonora do Apocalipse. É pesada e cadenciada na medida certa. A bateria, apesar de econômica, é extremamente eficaz e precisa. As harmonias e os acordes dissonantes do mestre Tony Iommi são a principal marca identitária do grupo. A guitarra, em suas mãos, deixa de ser um mero instrumento para se tornar um veículo de seus sentimentos e de sua apurada sensibilidade musical. Iommi comunica sem dizer uma única palavra. Seus solos – esta espécie em extinção nas bandas coqueluches da grande mídia – são, via de regra, belos e muito bem encaixados. A noção de tempo é exata. Tudo começa e termina onde tem de começar e terminar para provocar os efeitos desejados. Não há exageros, tampouco exibicionismos. Ao contrário, "The Devil You Know" emana elegância, compostura e decência artística. A técnica – e ninguém questiona a habilidade instrumental dos músicos – atua sempre a favor das melodias, das harmonias, das músicas.

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Os riffs são sempre encorpados, quase sempre cortantes e, frequentemente, brilhantes e atemporais. Ronnie James Dio, sem dúvida uma das dez maiores vozes da música popular de todos os tempos, canta e interpreta – o que só os grandes vocalistas fazem – como um gigante. Dono de um timbre bastante peculiar e poderoso, apesar dos quase 70 anos, Dio é quem dá alma às músicas. Sua performance em "Bible Black", a melhor do disco e uma verdadeira obra-prima – na verdade, uma aula de como arquitetar a progressão climática e dramática de uma canção, partindo da ambientação inicial até chegar ao clímax e ao desenlace – é não menos que soberba. Dio impõe entonações e impostações diferentes para cada verso. A suavidade e a dramaticidade aveludadas da primeira estrofe contrastam com o vocal grave e rasgado – também aveludado e nunca hiperbólico – dos bridges, onde a beleza e o alcance da voz do baixinho atingem sua plenitude.

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De andamento mais acelerado e com um peso paquidérmico, Double The Pain, em certos instantes, se aproxima do thrash metal. A introdução é formidável: Geezer Butler dedilha um riff de baixo classudo, de extremo bom gosto. Iommi despeja peso e criatividade na sua icônica Gibson SG. Vinny Apice, como de costume, se mantém discreto e não arrisca. Executa seu trabalho com a exatidão de um relógio britânico. A banda transita com rara desenvoltura e competência entre o peso e as passagens mais melódicas – dois dos mais importantes elementos, que para outros estilos parecem antagônicos e inconciliáveis, para o processo de produção de significados na linguagem musical.

E é assim praticamente durante todo o álbum. Não importa se o andamento é arrastadão, como na apocalíptica Breaking Into Heaven, ou veloz, como na ótima "Eating The Cannibals" e na óbvia "Neverwhere". Permanece sempre um padrão de qualidade que só os grandes artistas conseguem manter mesmo depois de vários anos de carreira. Não há, em "The Devil You Know", uma composição sequer descartável ou muito abaixo da média. Há, sim, grandes e excelentes momentos e momentos menos inventivos e um pouco menos inspirados.

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Apesar de não ser um disco dos mais complexos, com estruturas intrincadas e variadas mudanças climáticas e rítmicas, "The Devil You Know" exige, para ser corretamente e completamente apreciado e compreendido, um certo esforço do ouvinte. A atmosfera sombria e introspectiva, que caracteriza e define toda a discografia do Black Sabbath (ou Heaven and Hell, como queiram), requer tempo e contemplação. Isso, em uma época em que se vive para trabalhar – e se trabalha cada vez mais e cada vez de forma mais desumana – e em que impera a lógica do produtivismo e da acumulação, parece ser uma tarefa hercúlea. Aos que se predispuserem a dedicar algumas horas do seu atribulado cotidiano para exercitar a imaginação e a reflexão e para encarar a música como ela deve ser encarada – isto é, com máxima atenção e sem ser uma mera acompanhante para outras atividades – encontrará no novo disco dos vovôs do metal uma obra de insuspeita qualidade, feita por quem soube envelhecer com dignidade e por quem, sobretudo, insiste em tratar a música à moda antiga.

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Sobre Guilherme Vasconcelos Ferreira

Ano 2000. Então com 12 anos, entrei na secção de CDs de um supermercado para gastar o dinheiro da mesada que meu pai dera dias antes. Sem o mínimo de discernimento, deixei-me fascinar pela bela capa do Brave New World, do Iron Maiden. Não me decepcionei. Aqueles vocais operísticos e as guitarras melodiosas foram a porta de entrada para o heavy metal, estilo que muito contribuiu para a formação dos meus valores e da minha personalidade. Hoje, aos 21 anos, estou no último ano do curso de Jornalismo da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e trabalho com assessoria política. A música pesada, porém, nunca me abandonou. Além da Donzela, nutro sincera paixão por Black Sabbath, Deep Purple, Dio, Metallica, AC/DC, Rush, Pink Floyd, Dream Theater, Judas Priest, Yes e Motörhead. As bandas emo, indie ou qualquer uma que tire onda de moderninha e bem comportadinha me exasperam profundamente. Odeio instrumentais paupérrimos e rebeldia de boutique. Rock n' roll existe para questionar noções consagradas de normalidade e tensionar padrões morais e estéticos dominantes. Para cultivar a estupidez e exaltar o artificialismo, já existe a música pop. Sim, sou um old school empedernido.
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