Thin Lizzy: o possível último grande registro da banda
Resenha - Chinatown - Thin Lizzy
Por Pedro Mendes
Postado em 05 de junho de 2009
Os excessos dos anos 70 custaram caro ao Thin Lizzy. A sucessão de drogas, longas turnês e trocas de integrantes deixou em frangalhos o grupo irlandês. Gary Moore deixara a banda antes mesmo do fim da turnê de "Black Rose", farto dos cada vez mais constantes exageros de Phil Lynott e Scott Gorham. Essa turnê já não tinha sido das mais calmas para o Lizzy. Durante a parte australiana, Mark Nauseef foi quem assumiu as baquetas, substituindo um Brian Downey ferido numa briga de bar. Por conta disso, o Thin Lizzy necessitava urgentemente de uma formação estável, que pudesse ao menos terminar a turnê de "Black Rose", que incluiu uma antológica dobradinha com o Queen, e, com sorte, começar as gravações do novo disco, "Chinatown".

O primeiro a tentar a proeza de ser um companheiro pernamente para Scott Gorham, como guitarrista do Thin Lizzy, foi ninguém menos que Midge Ure, ex-Rich Kids, amigo pessoal de Lynott e que alguns anos mais tarde lideraria uma das melhores bandas dos anos 80, o Ultravox. Como multi-instrumentista que é, e dos melhores, Ure ficou também responsável pelos teclados, uma função praticamente inédita no Lizzy até então. Porém, a qualidade dos shows caíra vertiginosamente, devido a colossal diferença de estilos entre Ure e seus antecessores, estes, muito mais voltados para o Heavy Rock. Lynott, então, recrutaria o esquecido Dave Flett, ex-Manfred Mann's Earth Band, para a outra guitarra, "recuando" Ure de vez para os teclados. Vale lembrar que, em algumas músicas, como "Whiskey In The Jar", o Thin Lizzy usava três guitarras, essa sim, uma novidade e tanto.
Flett, no entanto, desligou-se da banda após o fim da turnê de "Black Rose", deixando em Lynott a questão: onde arranjar um guitarrista bom o bastante para tocar no Thin Lizzy? Moore não queria ver seus ex-companheiros nem se eles estivessem pintados de ouro, e Brian Robertson estava completamente envolvido com o Wild Horses. Eric Bell, o primeiro guitarrista da banda, quase voltou. Mas preferiu seguir em frente com sua bela carreira solo e com participações em discos de gente como o grande Van Morrison. A sorte é que Scott Gorham lembrava-se de ter assistido a um show do Pink Floyd, na turnê do disco "Animals", e de ter ficado bastante impressionado com o estilo à Peter Green do guitarrista de apoio. Após um rápido encontro no camarim do grupo inglês, o convite foi logo feito. E aceito. O Thin Lizzy finalmente tinha um guitarrista fixo, e ele era Snowy White, respeitadíssimo guitarrista de Blues e session man de grupos como o próprio Pink Floyd, e artistas do calibre do próprio Peter Green, Richard Wright, entre outros.
Não se trata, definitivamente, de um disco aclamado pelos fãs. "Chinatown" vendeu bem pouco, é verdade. E White ficou pouco mais de dois anos na banda, em parte devido as diferenças de estilo (ao vivo, o som de sua guitarra carecia de peso, principalmente quando tocava músicas de formações anteriores) e ao abuso de drogas cada vez mais recorrente entre os integrantes, principalmente, para variar, Lynott e Gorham. Além disso, a banda já não mantinha o mesmo interesse em continuar tocando, o que contribuiu para seu fim mais que prematuro, em 1983, já com o prodígio John Sykes no lugar de White. E mais: Lynott, fugindo da paranoia que o Lizzy se tornara, investiu numa injustiçada carreira solo, lançando dois discos que são verdadeiras aulas de Pop: "Solo In Soho" e "The Philip Lynott Album". Mesmo assim, contra todas as circunstâncias e expectativas, "Chinatown" é um belo disco, em minha opinião, o último grande registro do Thin Lizzy. Músicas como "Sugar Blues", a faixa-título(melhor música do disco e uma das melhores da história da banda) e a pesadíssima "Hey You" mostraram que o maior grupo de Rock que a Irlanda produziu(desculpem, fãs de U2) ainda tinha muita garrafa para vender. E que mesmo o cansaço não os impediu de fazer grandes sons.
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