Gotthard: Hard Rock deliciosamente pegajoso
Resenha - Domino Effect - Gotthard
Por Thiago El Cid Cardim
Postado em 30 de agosto de 2007
Nota: 9
Certa vez, um famoso colega jornalista fez questão de dizer que "o Queens of The Stone Age é a banda que veio para salvar o hard rock". Nada contra a qualidade do trabalho de Josh Homme e seus trutas, mas o fato é que, como já fiz questão de frisar na resenha referente ao debut do Wolfmother (não por acaso, rotulados como "os salvadores do heavy metal" por outro famoso crítico brasileiro), não consigo engolir esta mania, herdada da imprensa britânica, de tentar encontrar semanalmente as bandas salvadoras do rock. Não quero saber destes tais salvadores do hard rock e seus shows tenebrosos em grandes festivais nacionais (quem esteve no Rock in Rio sabe do que estou falando...). Quero é poder ter o prazer de ouvir uma banda como o Gotthard, que em "Domino Effect" continua fazendo um hard rock tão sincero, verdadeiro, deliciosamente pegajoso e ao mesmo tempo cheio de peso e personalidade...
Tão empolgante e energético quanto seu antecessor, "Lipservice", o novo lançamento deste poderoso esquadrão suíço não vai desapontar aos brasileiros que foram arrebatados por músicas como "Lift U Up" e "Anytime, Anywhere" na época do festival Live ‘n’ Louder 2006 - e que, por falar nisso, até hoje podem ser ouvidas na programação da Kiss FM,.
As influências continuam claras e cristalinas, calcadas principalmente no hard rock setentista e, mais especificamente, na figura de um certo David Coverdale e seu Whitesnake. Assim como seu mestre de cabelos revoltos, o carismático vocalista Steve Lee e seu fiel escudeiro, o guitarrista Leo Leoni, são verdadeiros hitmakers. Não entenda "hitmakers", no entanto, numa acepção que possa levá-lo a pensar em alguém como Lulu Santos (qualquer dia eu conto a respeito da entrevista que fiz com ele...). Nada disso. As canções que o duo compõe para o Gotthard têm refrões explosivos e certeiros e aquele tipo de melodia arrebatadora para se ouvir muitas e muitas vezes e se pegar cantando desavisadamente no chuveiro. Mas esta vocação "pop" não faz do trabalho do Gotthard algo descartável ou com data de validade programada.
Tente não bater cabeça e sacudir a cabeleira com as guitarras encorpadas de "Master of Illusion" e da faixa-título, ambas passeando tranqüilamente pelo pesado terreno sonoro do heavy metal. Tente escapar do jeitão irresistível e dos refrões-chiclete de "Gone Too Far", "Come Alive" e "Heal Me" (de levada absolutamente anos 80, aliás, deixando até um cheiro de laquê no ar). Tente não rasgar o coração ao som de baladas poderosas como "Falling", "Tomorrow's Just Begun" e "The Call", naquele naipe "sou um raivoso roqueiro apaixonado e com dor de cotovelo" que só uma banda de hard rock poderia fazer. Tente resistir à vontade de andar de moto ao ouvir os primeiros acordes de "Bad To The Bone". Tente não pegar de primeira a letra espertíssima de "The Oscar Goes To You", uma das canções mais impressionantemente bacanas do ano. Apenas tente.
O que mais dá para dizer de "Domino Effect"? Discão de primeiríssima linha, para ouvir repetidas vezes e sem cansar, para decorar todas as músicas, para cantar junto com a galera, para bater palmas e acompanhar com o pézinho, para levar para todos os lados, para recomendar para os amigos, para divertir-se em altíssima octanagem, do jeito que deveria ser todos os dias e com todos os CDs da sua coleção. É hora de começar!
Line-Up:
Steve Lee - Vocal
Leo Leoni - Guitarra
Freddy Scherer - Guitarra
Marc Lynn - Baixo
Hena Habegger - Bateria
Tracklist:
1. Master of Illusion
2. Gone Too Far
3. Domino Effect
4. Falling
5. Call
6. Oscar Goes to...
7. Cruiser (Judgement Day)
8. Heal Me
9. Letter to a Friend
10. Tomorrow's Just Begun
11. Come Alive
12. Bad to the Bone
13. Now
14. Where Is Love When It's Gone
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