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Tommy Bolin: exemplo marcante do desperdício

Resenha - Whips And Roses II - Tommy Bolin

Por Rodrigo Werneck
Postado em 11 de julho de 2007

Nota: 8 starstarstarstarstarstarstarstar

A história já é bastante conhecida: jovem e talentoso músico atinge a fama cedo e nos esplendor de sua carreira (e vida), acaba por deixar este nosso conturbado mundo em virtude de uma overdose de drogas. O guitarrista Tommy Bolin é um dos exemplos mais marcantes de tal desperdício, e é impressionante como o baú de raridades que deixou contenha tanto material não lançado na época. Este CD agora lançado é um bom (em todas as acepções da palavra) exemplo disso.

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O guitarrista norte-americano Tommy Bolin faleceu aos 25 anos apenas, em conseqüência de uma overdose de heroína, no dia 4 de dezembro de 1976, em Miami, Flórida (no dia anterior ele havia aberto um show de Jeff Beck no Jai Alai Fronton Sports Arena, na mesma cidade). Em sua curta e prolífica carreira, já havia tocado com as bandas Zephyr (1969-1971), James Gang (1973-1974, no lugar que já havia pertencido ao grande Joe Walsh) e Deep Purple (1975-1976, "calçando as botas" de ninguém menos que Ritchie Blackmore), além de ter trabalhado com grandes nomes como o baterista Billy Cobham (Mahavishnu Orchestra), o tecladista Mark Stein (Vanilla Fudge) e o baixista Alphonse Mouzon (Weather Report). Em meio a tudo isso, lançou dois discos solo: o ótimo "Teaser" (1975) e o (no máximo) razoável "Private Eyes" (1976).

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Este "Whips And Roses II" é, como o nome sugere, a segunda parte de uma coletânea de sobras de trabalhos de Tommy, compilada por seu irmão (e baterista do Black Oak Arkansas) Johnnie Bolin e pelo produtor Greg Hampton. Johnnie encontrou, apenas recentemente, uma caixa perdida com fitas contendo várias gravações não lançadas até então. Dentre as faixas escolhidas para esta segunda parte estão 4 versões alternativas de músicas do disco "Teaser", e vários outtakes. Na primeira parte ("Whips And Roses", volume 1), foram apresentadas versões alternativas das outras 5 músicas de "Teaser", por sinal. Aqui presentes estão versões explosivas para "The Grind", a instrumental "Homeward Strut", "People, People", e "Lotus". Além dessas temos "Crazed Fandango", pertencente às sessões de gravação de "Teaser", embora não incluída no disco, e que se trata de um delicioso exercício de liberdade artística, basicamente uma jam session contendo solos e riffs de guitarra inspirados, excelentes e variadas partes de bateria, e até solo de sax.

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"Bagitblues Deluxe" nada mais é do que outra extensa jam com quase 15 minutos de duração, mostrando toda a destreza de Bolin ao navegar por esses mares. Sua praia era de fato o fusion, não apenas juntando elementos de rock, blues e jazz mas também funk e soul, daí seu grande entrosamento com Glenn Hughes durante sua curta passagem pelo Purple. "Spacey Noodles", como o nome já indica, é totalmente viajante, trilha sonora para uma possível viagem lisérgica (quem sabe composta, ou até mesmo executada, durante uma).

É interessante notar que boa parte do material contido no CD ainda não estava em seu formato final, e mesmo assim ele soa maravilhosamente bem, o que só atesta todo o talento de Bolin. Embora eu particularmente esteja entre os que prefiram o Purple com Blackmore e o James Gang com Walsh, e além disso considere hoje Bolin super-estimado (fato comum a artistas que morrem no auge ou início de promissoras carreiras), isso não me impede de ser seu admirador e de admitir que boa parte do material lançado após sua morte não seja constituído por meros caça-níqueis. Este é felizmente o caso destes dois "Whips And Roses", que têm ainda o mérito de possuir excelente qualidade sonora em sua maioria, crédito para o produtor Greg Hampton.

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As faixas chamadas aqui de "bônus" são assim denominadas por um único motivo: a qualidade do áudio é de disco pirata, embora a das performances seja fantástica (motivando sua inclusão). Logo, para não forçar muito a barra, incluíram-nas como bônus. Mais há ainda o inegável motivo histórico: pertencem à última turnê do guitarrista e sua Tommy Bolin Band, ocorrida em 1976.

Uma das coisas que mais impressiona neste lançamento é o fato de haver um encarte de 24 páginas, porém praticamente só recheado com fotos de diversos momentos da carreira de Bolin, sem incluir entretanto os créditos de quem tocou em cada faixa. Certamente pelo fato de seu irmão Johnnie não ter tais informações. Só há a menção de que o tecladista Mike Finnigan (ex-Dave Mason Band) canta na quinta faixa, e de que a saxofonista Norman Jean Bell (ex-Frank Zappa e Parliament) canta na última.

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Finalizando, a conclusão: este lançamento se aplica tanto às coleções daqueles que desejam possuir tudo o que Tommy Bolin produziu, quanto às dos que querem conhecer um pouco de seu trabalho, ou possuir um bom disco baseado na guitarra de Bolin e recheado de ricas influências.

Tracklist:
1. The Grind
2. Crazed Fandango
3. People, People
4. Homeward Strut
5. Sooner Or Later
6. Bagitblues Deluxe
7. Spacey Noodles
8. Lotus
9. Journey 2
Bonus tracks:
10. Bolin’s Boogie
11. Tommy’s Got Da Blues
12. Some People Call Me

Site: www.tbolin.com

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Sobre Rodrigo Werneck

Carioca nascido em 1969, engenheiro por formação e empresário do ramo musical por opção, sendo sócio da D'Alegria Custom Made (www.dalegria.com). Foi co-editor da extinta revista Musical Box e atualmente é co-editor do site Just About Music (JAM), além de colaborar eventualmente com as revistas Rock Brigade e Poeira Zine (Brasil), Times! (Alemanha) e InRock (Rússia), além dos sites Whiplash! e Rock Progressivo Brasil (RPB). Webmaster dos sites oficiais do Uriah Heep e Ken Hensley, o que lhe garante um bocado de trabalho sem remuneração, mais a possibilidade de receber alguns CDs por mês e a certeza de receber toneladas de e-mails por dia.
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