Resenha - MTV ao vivo - Titãs
Por Rafael Carnovale
Postado em 20 de novembro de 2005
Nota: 8
A parceria entre o Titãs e a MTV sempre rendeu bons frutos para ambos. Desde a gravação do show em SP no ano de 1993 (turnê do controverso "Titanomaquia") ao mega-super-ultra-sucesso do projeto "Acústico MTV", o agora quinteto (com as ausências de Arnaldo Antunes, Marcelo Fromer e Nando Reis) estreita essa parceria, com um CD ao vivo, como parte do projeto "Ao Vivo MTV", que já rendeu um bom CD ao IRA!, por exemplo.
E este CD vem em boa hora. "Onde Estão Vocês" (o último CD de estúdio) teve uma repercussão mediana se comparado a sucessos como "Cabeça Dinossauro" e "O Blesq Blom", e a banda parecia condenada ao fim. Com este projeto, gravado na Fortaleza de São José da Ponta Grossa em Florianópolis (SC), para uma platéia diminuta mais participante, os Titãs novamente colocam sua personalidade no projeto, ao fugir das casas de shows e partir para uma apresentação eclética, englobando músicas de todas as fases de sua carreira (excetuando "Titanomaquia" – teria este virado o disco maldito dos Titãs?).
A abertura com "A Melhor Banda de Todos os Tempos da Última Semana" (uma das melhores letras da banda) e seqüência com "AA UU" são bem feitas e mostram que ao vivo o grupo, completado pelo guitarrista Emerson Villani e pelo baixista Lee Marcucci, ainda tem muito a dizer. A nova "Vossa Excelência" se encaixa como uma luva nos tempos atuais, enquanto a banda revisita com habilidade "Aluga-se" (Raul Seixas). Ainda são apresentadas neste CD duas músicas novas, "Anjo Exterminador" e "O Inferno São os Outros" (com uma boa levada punk).
A banda se mostra bem convincente em "Mentiras", "Provas de Amor", na punk "Vamos ao Trabalho" e nos hits "Flores" e "Epitáfio".
O grande momento do bolo está no recheio. Começando em "Vamos ao Trabalho" e englobando "Cabeça Dinossauro", "Não Vou Lutar", "Bichos Escrotos", "Eu Não Sei Fazer Música" e com direito a repeteco em "Polícia" e "Epitáfio", Lee Marcucci e Emerson Villani saem do palco, com os Titãs tocando realmente como um quinteto (Paulo Miklos assume a guitarra e Branco Mello o baixo). O resultado soa mais do que satisfatório, e põe em dúvida se a banda não deveria adotar esse formato em definitivo. (O que você acha? O Fórum está aí para suas opiniões). No mais, os caras ainda sabem fazer um show contagiante. Sérgio Britto abandonou um pouco seu estilo gutural e agora assume um lado mais melódico, deixando as doideiras para Paulo Miklos e Branco Mello. Tony Belloto continua um guitarrista correto e Charles Gavin um batera eficiente.
Vai vender horrores, incluindo o DVD que sairá mais à frente. Os Titãs, quando abraçam a causa comercial o fazem com exímia competência, e o produto sai sempre com qualidade ímpar. Resta ver se o quinteto ainda tem lenha para mandar brasa no estúdio, aonde está devendo há anos.
Sony BMG - 2005
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