Resenha - Além Do Que Os Olhos Podem Ver - Oficina G3
Por Maurício Gomes Angelo
Postado em 06 de maio de 2005
Nota: 9
Depois da saída do vocalista PG, que coincidentemente ou não, trouxe com ele uma época de álbuns mornos e açucarados em excesso por parte do grupo, a impressão que "Além do Que os Olhos Podem Ver" deixa é que o Oficina G3 estava ávido por demonstrar seu verdadeiro talento.
E não há melhor resposta para seu recente passado enfadonho do que a trinca de abertura: "Mais Alto", "Réu ou Juiz" e "Meu Legado" trazem tudo que andava escondido, externado com timidez, e os coloca na linha de frente.
Há grandes passagens de prog-rock (utilizando os recursos eletrônicos com a competência comum ao segmento) e generosas doses de hard rock sem perder a típica aura pop que ainda assim vem renovada.
E quando "Através da Porta" mantém este ritmo up-tempo técnico/agressivo é que tens plena certeza de que as coisas não irão desandar novamente, enquanto a faixa-título é uma ótima power-ballad. O exercício constante de bom gosto continua com "A Lição" e "O Fim é só o Começo", climas quase psicodélicos/bluezzísticos permeados por um sentimentalismo consciente e linhas vocais marcantes.
Grooves incomuns e a contributiva participação do violino em "Amanhã", solos feeling-virtuosos como o de "De Olhos Fechados" e o ótimo dueto entre Juninho e Marcão (Fruto Sagrado) em "Sem Trégua" - valorizado por se tratar de uma das melhores faixas do álbum - são apenas alguns exemplos dentre várias composições dotadas de arranjos inspirados e harmonias belíssimas aos ouvidos. Juninho Afram toma a responsabilidade de assumir os vocais com tranqüilidade e exala competência, apresentando também um de seus melhores desempenhos nas seis cordas, sendo que o longínquo entrosamento com Duca e Jean obviamente é traduzido em músicas de interpretações soberbas. Nada de estrelismos, exagero, falta de bom senso, "Além do Que os Olhos Podem Ver" é um álbum que não perde o fôlego em seus 49 minutos de duração. Retrato de uma banda que além de resgatar seu passado busca novas sonoridades.
As letras de conteúdo espiritualista estão mais apuradas e exibem grande nexo com a realidade, trazendo percepções puramente reflexivas. Até a arte gráfica foge do modorrento padrão utilizado de forma incansável anteriormente.
Começaram a recuperar o tempo perdido magistralmente, produziram não só o melhor trabalho da banda como de toda a história do rock cristão brasileiro e também um álbum singular para o BRock contemporâneo, qualidade e equilíbrio em evidência, prestígio em ascensão, musicalidade de volta aos trilhos. Caminho que os recoloca na vanguarda e que os levará fatalmente ao inegável reconhecimento nacional.
Formação:
Juninho Afram (Vocal/Guitarra)
Duca Tambasco (Baixo)
Jean Carllos (Teclados)
Lufe (Baterista convidado)
Site Oficial: www.oficinag3.art.br
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