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Resenha - Dreadful Hours - My Dying Bride

Por Sílvio Costa
Postado em 29 de dezembro de 2004

O My Dying Bride sucumbiu ao peso das críticas negativas que choveram sobre "34.788%... Complete" de 1998. Depois disso, a banda voltou a usar o antigo logotipo, lançou aquele que seria considerado sua redenção ("The Light at the End of the World", de 1999) e, em seguida, partiu para consolidar-se novamente com este "The Dreadful Hours", lançado originalmente em 2001.

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A primeira grande mudança em relação aos dois álbuns anteriores é a saída de Calvin Robertshaw (G), que estava com a banda desde seu início, sendo substituído por Hamish Glencross (ex-Solstice). A participação especial de Johnny Maudlin (tecladista do Bal Sagoth) contribui para transformar este álbum em algo além de uma mera continuação do excelente "The Light at the End of the World". Aaron Stainthorpe conseguiu criar um trabalho inovador, sem dúvida, mas sem deixar de lado as melhores características presentes nos melhores discos da banda. Para resumir a história, podemos arriscar que "The Dreadful Hours" soa como uma mistura muito bem sacada entre os clássicos "The Angel and the Dark River" (1995) e "As the Flowers Whiters" (1992)

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Do ponto de vista exclusivamente musical (comentar as letras de Aaron Stainthorpe é um desafio muito grande, diante do qual, humildemente, me calo), este disco é bem mais intenso que o anterior. Embora esteja cheio de passagens "típicas" do Bride, em que uma guitarra hipnótica fica fazendo a cama para o teclado e as vozes de Aaron, há uma dose maior de elementos antigos recorrentes no som da banda. O próprio uso de vocais agressivos é muito mais freqüente (Até mais que em "Turn Loose the Swans" de 1994, considerado um trabalho de transição).

A faixa-título, por exemplo, é repleta de passagens e transformações ao longo de seus mais de 9 minutos (coisa que só o My Dying Bride, em termos de doom metal, consegue fazer). O trabalho começa a ganhar proporções de grande disco a partir da segunda faixa. "The Raven and the Rose" é dominada por um riff pesadíssimo e por um grande trabalho do baterista Shaun Steels (que gravou o Alternative 4 com o Anathema). Aliás, depois do Rick Miah, Shaun é, seguramente, o melhor baterista da escola inglesa do doom. A velocidade e a guitarreira desta música é substituída pela calmaria de "Le Figlie della Tempesta". Timbres limpos e aquele vocal que mais parece uma lamentação são dominantes aqui. O som volta a crescer com a lentíssima "Black Heart Romance" e "A Cruel Taste of Winter" (uma das mais emocionantes do disco). As músicas seguem nesta montanha-russa de lentidão e velocidade ao longo dos 70 minutos do disco. São faixas longas, que se desenvolvem lentamente, como só o My Dying Bride sabe fazer.

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De modo geral, podemos dizer que o My Dying Bride não precisava de redenção (eu, pessoalmente, considero "34.788%... Complete" um disco mal interpretado pela crítica e, principalmente, pelos fãs da banda), mas que a alcançou com o lançamento destes dois excelentes álbuns ("The Light..." e "The Dreadful Hours"). Quem nunca conseguiu entender os lamentos e as letras "cabeça" de Aaron Stainthorpe e também nunca teve paciência com a lentidão da banda, vai continuar não gostando da banda. Quem, por outro lado, aprendeu a apreciar a beleza depressiva que o My Dying Bride representa há mais de dez anos e elevou a banda ao mais alto posto na santíssima trindade do doom metal britânico.

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Tracklist:
01. The Dreadful Hours
02. Raven And The Rose
03. Le Figlie Della Tempesta
04. Black Heart Romance
05. A Cruel Taste Of Winter
06. My Hope The Destroyer
07. The Deepest Of All Hearts
08. Return To The Beautiful

Line-up:
Aaron Stainthorpe - Vocal
Andy Craighrn - Guitarra
Hamish Glencross - Guitarra
Ade Jackson - Baixo
Shaun Steels - Bateria
Johnny Maudlin - Teclados (participação especial)
Yasmin Ahmed - Teclados (em "A Cruel Taste of Winter")

http://www.mydyingbride.org

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Sobre Sílvio Costa

Formado em Direito e tentando novos caminhos agora no curso de História, Sílvio Costa é fanzineiro desde 1994. Começou a colaborar com o Whiplash postando reviews como usuário, mas com o tempo foi tomando gosto por escrever e espera um dia aprender como se faz isso. Já colaborou com algumas revistas e sites especializados em rock e heavy metal, mas tem o Whiplash no coração (sem demagogia, mas quem sabe assim o JPA me manda mais promos...). Amante de heavy metal há 15 anos, gosta de ser qualificado como eclético, mesmo que isto signifique ter que ouvir um pouco de Poison para diminuir o zumbido no ouvido depois de altas doses de metal extremo.
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