Resenha - Ao Vivo e Acústico no Som do Mato - Bando do Velho Jack
Por Marcos A. M. Cruz
Postado em 17 de maio de 2004
Alguém me disse uma vez que existem sensações impossíveis de serem relatadas de forma escrita, por mais que tentemos traduzi-las verbalmente ou passá-las para o papel, mas foi necessário vivenciar situações análogas para que eu sentisse na pele a verdade desta máxima, em ocasiões onde as palavras não brotaram por simplesmente não existirem...

Uma destas situações ocorreu há quase dois anos, quando recebi a versão expandida do "Who's Next", do THE WHO, que traz como bônus um CD gravado ao vivo, cujos trechos eu já conhecia via bootleg, por sinal um de meus preferidos; pouco antes havia sido lançado o "How The West Was Won", do LED ZEPPELIN, disco seminal que inclusive resenhei entusiasticamente.
Pois bem, a ordem natural das coisas seria que eu redigisse algo sobre o CD de Townshend & Cia, mas apesar de várias tentativas, até hoje simplesmente NÃO CONSEGUI escrever absolutamente nada, pois minha relação com a fase clássica da banda (1968-1973) extrapola o bom senso, me afetando emocionalmente e impedindo que consiga falar de forma direta e objetiva... só para ilustrar, o HTWWW do Led foi simplesmente deixado de lado, e durante algum tempo mantive como uma espécie de "ritual" o hábito de ouvir o tal disquinho do Who para encerrar o dia com chave de ouro, com o sentimento que NADA poderia vir depois, pois não existe coisa melhor!
Algo parecido está ocorrendo quando vou falar sobre o BANDO DO VELHO JACK, com o qual também mantenho uma ligação emocional por uma série de fatores, dentre os quais dois se destacam:
- para quem não me conhece, sou "setentista" até o último fio de barba, e antes de assisti-los ao vivo achava que seria impossível algum show me levar de volta àquela época, não no quesito musical (bandas cover de clássicos dos seventies existem aos montes por aí, algumas muito competentes no que se propõe), mas sim no quesito, digamos, "vibracional" da coisa - taí, novamente me faltam as benditas palavras...
- foi em um destes shows que conheci uma pessoa maravilhosa, que hoje é minha companheira :)
Mesmo assim, tentando me ater somente ao lado profissional, afinal rock'n'roll é meu estilo de vida e profissão de fé (o resto serve apenas para ganhar uns trocos, se mal os músicos conseguem sobreviver, quiçá eu...), fui conferir no início de abril mais uma vez os caras ao vivo, desta vez no Delta Blues Bar de Campinas (www.deltabluesbar.com.br).
A idéia inicial era assistir o show mantendo uma certa "isenção", e para tanto me preparei até meio que psicologicamente, já pronto para trazer à mente uma trombada de caminhão, o George Bush, meu saldo bancário, enfim, algo que me despertasse para a realidade nua e crua quando a emoção começasse a fluir.
Balela! Foi só o Bando abrir o set com uma versão arrasadora de "Jessica" do ABB que mandei tudo às favas, e pouco tempo depois estava com uma das mãos segurando a mão de minha amada, enquanto com a outra enxugava furtivamente meus olhos (ainda bem que minha mesa estava num local meio escuro, coisa feia um marmanjo como eu derramando lágrimas publicamente...)
Para quem achar que estou exagerando, eis outras duas opiniões, de gente abalizada no assunto, que também conferiu a banda naquele mesmo final de semana:
- Bento Araújo (Poeira Zine): (...)o que dizer de uma banda que toca "Closer To Home", "RnR Hoochie Koo", "Walk Away", "Midnight Rider", "End Of The Line", "Ohio" etc... de f****!!!!
- Tony Monteiro aka ACM (Rock Brigade): (...)é a melhor banda de classic rock do Brasil!!!!
Bem, o longuíssimo preâmbulo era necessário para justificar o motivo de levar tanto tempo para escrever sobre este CD que traz, como o próprio nome diz, um show "Ao Vivo e Acústico no Som do Mato", programa regional produzido pela TVE do Mato Grosso do Sul, e que foi exibido em duas partes no ano passado.
Quando fiquei sabendo que o Bando iria gravar um "acústico", fiquei um tanto quanto temeroso, pois além de não ser exatamente o tipo de coisa que me desperta atenção, achei que fossem perder um pouco da veia rock'n'roll - mas bastou conferir o troço (inclusive ao vivo) que minhas dúvidas foram para o espaço...
Na realidade, o set foi "acústico" em termos, pois somente as guitarras e baixo estavam desplugadas, com Fábio e Marcos provando que entendem do riscado, Rodrigo cantando como nunca (do outro mundo sua interpretação de "All My Love"), enquanto o veterano baterista Bosco mandava bala, embora de forma mais, digamos, "suave" que em uma apresentação normal, e o tecladista Alex mandava ver em bases e solos que complementavam e incrementavam ainda mais as reinterpretações de composições próprias e releituras que fizeram (este "menino" está simplesmente brilhante, cada vez melhor, caramba!)
Não é novidade, pois desde que a MTV popularizou o formato, surgido na emissora no final dos anos oitenta, vários artistas já fizeram uso de uma mescla de instrumentos plugados e off - aliás, acústico puro mesmo foi o que o CSNY e meia dúzia de outros fizeram, né?
Por outro lado, como até agora a banda ainda não lançou nenhum disco ao vivo, funciona como uma espécie de prévia sobre seu trabalho no palco, embora de maneira não habitual - quem quiser ter uma idéia melhor da coisa, deve adquirir o DVD, que traz o making off, entrevistas, cenas de bastidores e ensaios.
Mas não descuide: caso tenha uma chance de conferir o Bando ao vivo, não a perca, há coisas na vida que dinheiro ou cartão de crédito algum compram, e para mim uma delas é ser contemporâneo destes caras de Campo Grande, que vez por outra me propiciam o prazer de conferir um LEGÍTIMO E VERDADEIRO SHOW DE ROCK'N'ROLL!
Long live Bando!!!
(PS.: um dia tomarei coragem e escreverei sobre o CD do Who...)
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Trem do Pantanal (participação especial de Paulo Simões)
Total Time: 48:48
Formação:
Rodrigo Tozzette (vocal, guitarra, violões)
Fábio "Corvo" Terra (guitarras, violões, vocais)
Marcos Yallouz (baixo, vocais)
João "Jambo" Bosco (bateria)
Alex Cavalheri (teclados, vocais)
Website oficial: www.velhojack.com.br.
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