Resenha - B-Day - Tankard
Por Bruno Coelho
Postado em 25 de março de 2004
Nota: 9
Este é um álbum para comemorar o vigésimo aniversário desta banda que fez do thrash metal um estilo de vida mais do que de música. Celebração ao álcool de cabo a rabo, thrash divertido e empolgante. Os caras já começam o disco a 100 por hora e não tiram o pé nem pra solar, pra fazer introdução, pra quebrar o ritmo, pra porcaria nenhuma.... é pancada, pancada, pancada e mais pancada: na cara, no ouvido, no pescoço...
Apesar de ser uma celebração e para isso muitas bandas reunem as melhores faixas de sua carreira ou gravam um show para marcar tal data, os gambás do tankard gravaram 11 músicas totalmente bêbados!. E não tem muito o que explicar não, é thrash metal, meu irmão, no sentido mais brutalmente bruto que o rótulo possa indicar. Agora, se tua referência no Thrash é o Sepultura, esquece. Aqui não tem corrupção de estilo, não. E não adianta entortar a boca! Tú acha mesmo que o velho e excepcional Sepultura é o maior ícone do thrash? Que a música deles já não mudou incrivelmente em todo o período de existência da banda? Para com isso rapaz! Sepultura é Sepultura, mas thrash cru até o miolo do osso como esse aqui, não é não.
Tá certo que você sente que o Sepultura já bebeu aqui nessa fonte, mas se quiser uma referência brasileira do som do Tankard escute o Check Mate do graaaande Necromancia. Escute um tantinho de Torture Squad também (pode ser um monte se quiser, não tem galho)... você sente a raiz da coisa nessas bandas mais do que no nosso atualíssimo Sepultura.
Seguinte: é thrash metal na veia, é velha escola limpa e original, não se nota "modernismo" algum por aqui. Parece que os caras são a melhor definição de Thrash em todos os sentidos. Instrumentalmente? Guitarras fantásticas, cozinha empolgante e um vocal que simplesmente explica porque o thrash é cantado dessa forma por Tom Araya (Slayer) e John Bush (Anthrax), só pra citar os mais nitidamente influenciados.
Quanto às faixas... bom... não adianta ter todas essas qualidades e ter músicas chatas pra cacete, não é? É óbvio que fazer um disco que encante 100% hoje é coisa que pouquíssimas bandas conseguem fazer e infelizmente o Tankard não entra no grupo dos que conseguem. Mas chegou muito perto! Pra falar a verdade, o último disco perfeito do thrash metal gravado foi o The Gathering do Testament, que já não é tão novinho assim. O Tankard faz gols de placa com as faixas Notorious Scum, Rectifier, Underground, Alcoholic Nightmares e Need Money for Beer e acerta a trave e o travessão com Sunscars e Rundown Quarter. Agora, gol de bicicleta dessa seleção alemã é a fantástica celebração à pilantragem e à vigarice chamada Zero Dude. Essa sim, merece o lugar de número um do disco. O resto é tudo número dois e três!
Uma banda com uma estrada cheia de bandalheira, putaria, cerveja, participações antológicas em programas da televisão alemã (caindo de bêbados, dormindo ou babando), além de seriados e bagunças homéricas em estações de rádio pelo mundo todo (o orgulho desses sacanas é ter tocado no Japão em duas tours diferentes), o Tankard parece ter feito tudo que podiam para debochar desse nosso mundo que se vê de forma muito séria por vezes. Anarquia no velho estilão anos 80, tudo com certo aroma e atitude punk, fizeram do Tankard uma lenda alemã que não alcançou grandes alturas por pura falta de tino comercial. AH! Quer saber duma coisa? Prefiro assim! É esse jeitão underground que faz do Tankard o que é até hoje. Puta banda de thrash que garante a diversão de qualquer banger de verdade!
"Vale a pena, TED?" - Vale, jovenzinho... Ô se vale! Um disco emocionante de uma banda que ralou por 20 anos e continua se encharcando no álcool, enquanto essas bichinhas de hoje em dia fazem escovinha no cabelo antes de subir ao palco... tem que dar saudade, né, meu irmão?
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