Resenha - Khali - Khali
Por Leandro Testa
Postado em 08 de junho de 2003
Nota: 4
Khali - do árabe "mistério", uma deusa hindu.
Folco Orlandini – vocais
Joe Taccone – guitarras
Nick Rossetti – bateria
Lorenzo Dehò. – baixo, teclados
Quem acompanha a cena progressiva já há alguns anos, na certa verá uma familiaridade nos nomes acima e não demorará em associá-los ao Time Machine, banda italiana que tem em seu histórico muitos "médios e baixos", nunca usufruiu de um ‘line-up’ fixo e quando parecia prestes a decolar (com o lançamento de Eternity Ends), mudou tudo de novo, fazendo assim com que seus persistentes idealizadores entrassem na máquina do tempo para uma era qualquer e caíssem no esquecimento, ao lançarem a primeira parte de uma trilogia que parece não ter vingado.
Mas antes, dentre tanta inconsistência e após a passagem pela Grécia junto ao Angra (no início de 1999), foi que surgiu a aspiração em formar um projeto paralelo, tentando desatar os laços com seus trabalhos prévios, ou seja, experimentar novos limites, dando asas à imaginação.
Penso, contudo, que nem menos esse objetivo conseguiram atingir, porque apesar do vocalista ser da fase Act II: Galileo (de 1996), eles nem precisariam se camuflar como Khali para um tipo de som tão similar ao de seus currículos - à exceção da canção de abertura que chega bem mais "acessível" do que o normal, e cria uma boa expectativa para o restante do debute, impressão infelizmente não correspondida pela seguinte, "Another Day". Nela, percebe-se a trilha que eles resolveram seguir (aliás, pretensiosos o bastante para declarar isso abertamente), chamada Queensryche, já que em algumas partes ela remete à própria faixa-título do álbum Empire. Por outro lado, se na anterior Folco Orlandini conseguiu disfarçar a contento seu timbre enfadonho, aqui ele escancara de vez e faz uma linha grave péssima, ainda piorada quando ele tenta sustentar a voz, e mais parece um deslize do Warrel Dane (Nevermore), em começo de carreira, ou seja, nos idos tempos de Sanctuary (então, não queira escutar quando ele usa distorção).
De resto, as oscilações vão continuando com a simpática "Somebody Haunts Me" e "Winds of Ages", esta com 11 minutos de duração, divididos em duas partes (de 9 e de 2), muito longa para tão pouco a se mostrar. Tal cisão se deu sem motivo aparente, então, só há uma explicação para isso: simplesmente aumentar o número de músicas para oito.
Passado esse momento inoportuno, a situação melhora com "Spiritual Distortions", que assim como "So Far Away" (que encerra o CD), lembra o Shadow Gallery, inclusive com alguns corais característicos, estas intercaladas por "Heaven Again", e seu começo animador, trazendo de volta o tema, o paradoxo céu ou inferno, como na cover do Sabbath que há muito eles gravaram no fraco EP Shades of Time.
Na verdade, são eles que estão fracos - de assunto - porque estas certamente estão dentre as letras mais horríveis que tive o desprazer de conhecer. Já está mais do que provado que para escrever em inglês, não necessariamente precisa ser nativo da língua, e "Cyberpleasure", por exemplo, revela um mau gosto lírico de matar até o pagodeiro menos diabético, um conjunto bobo de palavras que os faria virar motivo de chacota caso tivessem projeção internacional (algo inimaginável – de jeito nenhum, nem pensar...)
Taí mais um fator que só vem a comprovar que a vida é cheia de obstáculos, que nos traz as lições clássicas quando ‘vira e mexe’ tomamos a decisão errada: eu, me predispondo em resenhar esse material e os caras, em não fazerem um disco totalmente instrumental, pois assim, os arranjos sendo apenas OK (típicos de quem os fez), o estrago seria bem menor...
Duração – 41:00 (8 faixas)
* Intenção por intenção, ouçam os gregos do Breaking Silence, já que o ‘frontman’ George Baharidis é praticamente um Geoff Tate.
Material cedido por:
Lucretia Records International.
Milão - Itália
Tel: (++39 02) 7104 0115 - Fax: (++39 02) 7104 0124
Homepage: http://www.lucretiarecords.com
Email: [email protected]
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