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Resenha - Relentless / Power, Pain and Passion - Mortification

Por Rafael Carnovale
Postado em 11 de junho de 2003

Nota: 7 starstarstarstarstarstarstar

O Mortification já era um dos nomes consagrados no meio heavy cristão há muito tempo, quando em 1997 seu líder e mentor Steve Rowe contraiu um tipo raro de Leucemia de difícil cura e tratamento. Rowe chegou a ser dado como morto, mas numa dessas situações aonde a ciência não explica nada e a religião se torna a explicação para tudo, Rowe não só se recuperou como conseguiu voltar a tocar com sua banda, lançando logo em seguida um álbum quase todo dedicado a este tema, "Triumph of Mercy". Os anos se passaram, e a banda continua na ativa e Rowe cada vez melhor. Este cd lançado em 2002 vem numa edição dupla contendo a coletânea "Power,Pain and Passion", criando algo bem interessante, pois estaremos comparando a banda dos dias de hoje com o seu passado.

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"Relentless" é a prova de que o Mortification cada vez mais absorve elementos de heavy tradicional, incorporando-os ao death metal praticado logo de início. "Web of Fire" é um exemplo claro. Com levadas pesadas e guitarras agressivas, a faixa alterna o peso do death e a melodia do heavy, com a voz de Rowe cada vez menos gutural. Já a excelente "God Shape Void" flerta abertamente com o hardrock, ficando muito interessante. A banda continua investindo pesado no heavy com pegada death nas faixas "Priests of the Underground", a super cadenciada "Syncretize" e na "maideniana" "The Other Side of the Coin", aonde o duelo de guitarras ficou muito interessante.

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O Mortification volta um pouco às suas raízes death na pesada "Altar of God" e na lenta e cansativa "Sorrow". Mas o Mortification continua firme na sua pegada heavy com faixas como "3 of a Kind", a mais hard "New York Skies" (quem disser que é inspirada em 11 de setembro ganha um doce!) e na melhor de todas, a diferente "Apocalyptic Terror", que com sua levada mais hard é um passo novo para a banda e algo que pode ser aprimorado no futuro.

O grande problema deste cd, além da fraca produção, é que a banda atira em diversos pontos, acertando poucos alvos. A mistura de heavy e death ficou boa, mas as faixas soam repetitivas, pois todas seguem uma seqüência determinada de solo heavy, peso, vocal limpo, solo, vocal gutural. O Mortification acerta na mosca ao incorporar mais elementos de hard em sua música. Essa mistura de estilos, se bem feita, e sabendo que Rowe e sua nova formação, que conta com 2 guitarristas, são talentosos ao extremo, podemos esperar algo bem positivo para um futuro lançamento.

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Já "Power,Pain and Passion" é um pequeno apanhado de tudo o que a banda já fez até o cd "Triumph of Mercy" (2000). Nela podemos notar o quanto o Mortification era mais death e quanto a banda era mais ligada ao som extremo, como na pesadíssima death "Human Condition" e na pesada "Toxic Shock" (que tem uma levada punk interessante). O death metal pesadão se faz presente (com o uso e abuso dos dois bumbos na bateria) em faixas como "Death Requiem" (de 1992), na harcore pesada "Satan’s Doom" (de 1991) e na quase Napalm Death "Scrolls of Meglioth" (de 1993, aqui ao vivo).Um bom destaque desta época é a cadenciada "Monks of the Highlord", que já apontava um novo caminho para a banda, embora continuasse death e agressiva ao extremo.

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A banda começaria um processo de mudança em 1996 com músicas como "Mephibosheth" (aonde o peso continua, mas os riffs ficam mais ligados ao heavy e a voz de Rowe começa a ficar mais melódica) e "Buried into Obscurity" (também de 1996). Daí para a frente as mudanças se solidificaram, a exceção de "At War with War" (de 1998, do álbum Triumph of Mercy) que voltaria a trazer um som mais death. Mas com o álbum "Hammer of God" de 1999 (cuja presença aqui se faz com a heavy "Martyrs", o Mortification cairia de vez na inserção de heavy metal mais tradicional em seu som. "Illusion of Life" (de 1990), com uma pegada bem hard rock (algo impressionante para a época) fecha a parte histórica do álbum. De fato, de 1990 a 2000 o Mortification passou por uma série de mudanças, não só de Line-Up, como de sonoridade.

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O cd ainda traz 4 faixas acústicas gravadas em 2001, na Noruega e na Holanda. É no mínimo inusitado ouvir Steve Rowe contendo a voz para cantar "Metal Blessing" com violões e percussão. Mas o resultado fica um tanto quanto duvidoso, como em "Standing at the Door of Death", que não ficou legal (a música, com uma levada mais speed não se encaixou no formato acústico) e em "Your Life", aonde tenta-se simular uma bateria de dois bumbos sem muito sucesso, o mesmo ocorrendo em "Grand Planetarium". A idéia é inusitada e boa, mas tocar músicas mais ligadas ao death em formato acústico é algo que exige trabalho e mudança de arranjos, e a banda não parece ter investido muito neste aspecto. (Me diga o que você achou no fórum).

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Ambos os cd’s são bem interessantes, com altos e baixos. Mas não são ruins. Os fãs vão curtir com certeza e se você não é fã, é uma boa pedida para conferir uma banda que literalmente venceu a morte.

Line Up atual:
Steve Rowe – Baixo, Vocais
Adam Zaffarese – Bateria
Jeff Lewis – Guitarras
Mike Jelinic – Guitarras

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Sobre Rafael Carnovale

Nascido em 1974, atualmente funcionário público do estado do Rio de Janeiro, fã de punk rock, heavy metal, hard-core e da boa música. Curte tantas bandas e estilos que ainda não consegue fazer um TOP10 que dure mais de 10 minutos. Na Whiplash desde 2001, segue escrevendo alguns desatinos que alguns lêem, outros não... mas fazer o que?
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