Resenha - Everyday - Dave Matthews Band
Por Rodrigo Simas
Postado em 28 de fevereiro de 2001
Acho que nunca criei tamanha expectativa para ouvir um lançamento de alguma banda como esse "Everyday". A Dave Matthews Band é a banda que conseguiu reanimar meu interesse pela música e que me mostrou um novo universo musical até então desconhecido. O último CD de estúdio, o irretocável "Before These Crowded Streets", fez com que a banda entrasse em outro patamar musical e então a espera para o novo álbum era gigantesca. Como uma banda como a DMB poderia evoluir ou se manter em um nível tão alto imposto pelos seus antigos lançamentos? Com a DMB eu diria que não seria muito problema. Aliás, eu teria certeza disso, a não ser que os próprios músicos não quisessem realizar tal feito, e infelizmente não quiseram.
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Falando agora do disco em questão. "Everyday" começa com "So Right", que tem um belo solo de sax e bastante punch, e a boa "I did it", primeiro single, que segue a linha da anterior. Essas duas mostram uma DMB bem mais direta, sem se preocupar muito com solos, com quebradas de ritmo e com passagens viajantes. Ruins? Não, de jeito nenhum, aliás muito boas, mas já se nota que o novo álbum é mais comercial (acessível), não tão rico musicalmente, e que tem uma novidade, Dave Matthews está tocando, em 80% das músicas, guitarra, o que já altera bastante o som da banda. "When the World Ends" é a próxima e tem um refrão excelente, um pouco mais agressivo, com ótimas linhas vocais de Dave Matthews, que merece destaque, pois seus vocais neste álbum, por mais que estejam produzidos além da conta e com muitos efeitos, mostram que seu feeling e sua originalidade ainda estão aqui proporcionando grandes momentos em todo "Everyday".
O álbum segue com "The Space Between", a mais pop do CD (alguém me explica de onde veio o refrão??), "Sleep to Dream Her", com um clima bem diferente do usual. A próxima é "What you are", e mais uma vez destacam-se os vocais e o refrão, com algumas partes de bateria bem interessantes, mas nada demais para Carter Beauford, que é o melhor baterista do mundo atualmente. "Angel", seguindo um estilo de guitarra bem Hendrix no começo, e com boas inclusões de sax por Leroi Moore, é uma das melhores do CD, e vem seguida da também boa "Dreams of our Fathers" finalmente chegando em um dos melhores momento do disco, na qual a maravilhosa música "Everyday" mostra a verdadeira DMB, alegre, com Dave tocando violão, sem precisar se mostrar comercial e sim fazendo um som que vem do coração, como tudo que a banda fez ate agora.
Santana (ele mesmo) faz sua participação em "Mother Father" não deixando a peteca cair, com solos muito bonitos e bem encaixados, e mais uma linda melodia de Matthews nos vocais. Fechando o disco temos "If i had it All" e "Fool to Think", onde aparece, mesmo que tímido, o saxofone, com a bateria um pouco mais quebrada e bem mais adequada para a DMB.
Vale também ressaltar que o baixo não foi esquecido, e Stephan continua fazendo muito bem seu trabalho. Esse CD não tem uma nota, seria desleal com qualquer parâmetro seguido. Comparando esse disco com qualquer outra banda atual e com os CDs lançados esse ano, facilmente "Everyday" ganharia um 10, pois é maravilhoso se levarmos em conta o que temos hoje em dia para ouvir, e todos iriam sorrindo para casa, mas estamos falando da DMB, e se formos comparar com seus próprios lançamentos, esse disco não mereceria mais que uma nota 5.
Não adianta culpar o produtor (visto que o posto foi trocado, e Glen Ballard fez a produção), ou falar que eles tinham excelentes composições que deveriam ter entrado (como Grey Street, Raven, Bartender, etc...), por que tudo que é ouvido foi escolha da banda, e parece que realmente o sucesso mundial está no plano da DMB. Uma pena que esse sucesso não venha do mesmo jeito que veio até hoje nos EUA. Algumas perguntas pairam no ar: Onde estão os violinos??? Onde estão os solos de sax? Carter Beauford tocou bateria com uma mão o CD inteiro? Onde estão maravilhas como "#41", "Crush", "Seek Up", "Best of What´s Around", etc?
Resumindo, "Everyday", poderia estar entre os cinco melhores discos do mundo, e vai ficar entre os cinco melhores do ano, pouco? nem um pouco para uma banda qualquer, mas para a DMB é o mínimo do aceitável.
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