Resenha - Binaural - Pearl Jam
Por Fabrício Boppre
Postado em 13 de junho de 2000
"Binaural" é o sétimo disco do Pearl Jam (sendo seis de estúdio e um ao vivo), lançado no ano em que o conjunto completa uma década de estrada. E assim como nos últimos dois álbuns, "No Code" e "Yield" (de 1996 e 1998 respectivamente), a banda mais uma vez produz um trabalho diversificado, que não fica preso a um único estilo, a uma única sonoridade. Na verdade, "Binaural" não está tão eclético como "No Code", por exemplo, mas mesmo assim percebe-se claramente que a banda prefere continuar a investir nessa liberdade de composição e criação (ainda que algumas músicas nos remetam aos primeiros discos), impedindo que um rótulo muito específico seja imposto ao quinteto. Ou seja, o Pearl Jam provou de vez que o fato de ter saído de Seattle, naquele fértil período que convencionou-se chamar de "grunge", não significa necessariamente que eles fariam o mesmo som para sempre. E, assim como grande parte das outras bandas "grunges", terminariam assim que o estilo perdesse o grande espaço que teve na mídia na primeira metade da década de 90 (não por falta de competência delas - muito pelo contrário).

Como foi citado acima, "Binaural", em alguns momentos, nos lembra o início de carreira mais visceral do Pearl Jam, principalmente a energia punk de "Vitalogy" (1994). "Gods’ Dice" (composta por Jeff Ament), "Grievance" e "Insignificance", pelas batidas vigorosas do baterista Matt Cameron e pelos timbres mais pesados das guitarras de Mike McCready e Stone Gossard, são as principais responsáveis pela nostalgia que podem sentir os fãs que preferem o Pearl Jam mais porrada de antigamente.
Matt Cameron é, por sinal, um dos destaques do disco. Matt é o quinto a ocupar as baquetas da banda e, aparentemente, deverá seguir como o titular dessa posição, uma vez que por um bom tempo ele era considerado apenas como um membro temporário do conjunto. Mas com o fim definitivo do Soundgarden, e a estabilidade alcançada pelo grupo atualmente, ele tem tudo para ser o baterista mais duradouro do Pearl Jam. Em "Binaural" ele prova que essa escolha é a mais acertada: consegue até fazer a música mais chatinha do disco, "Evacuation", ficar interessante pela bateria quebrada, e se destaca também nas canções mais pesadas citadas acima, com sua pegada pulsante e precisa.
O disco segue mais homogêneo que seus antecessores, com as já tradicionais baladas, que ficam emocionantes sob os vocais cheios de feeling de Eddie Vedder, destacando-se as belas "Light Years" e "Thin Air". Essa última foi composta por Stone Gossard, que também assina duas outras músicas, "Rival" e "Of The Girl". Mas o diferencial de "Binaural" são algumas canções sombrias e melancólicas, sonoridade até certo ponto inédita no trabalho do Pearl Jam. "Nothing As It Seems" (outra música composta por Jeff Ament), "Sleight Of Hand" e "Parting Ways" possuem excelentes trabalhos de guitarras e uma produção muito boa, que evidencia esse lado mais escuro e triste de Eddie Vedder e cia. Aliás, "Nothing As It Seems", que foi a música do primeiro single lançado no mercado, acaba sendo o destaque do disco com sua melodia triste e o excepcional trabalho de guitarras. Cheia de efeitos e solos inspirados. "It’s nothing as it seems/the little that he needs/it’s home", canta Eddie Vedder no refrão.
Os outros destaques são "Breakerfall" (a música que abre o disco), um rock’n’roll de primeira, com visível inspiração do The Who, a banda que Eddie Vedder mais gosta; e "Soon Forget", uma despretensiosa canção levada a cabo por Eddie Vedder na voz e no ukelele apenas.
No geral, "Binaural" é mais um bom disco do Pearl Jam, e apesar de alguns momentos mais pesados e agressivos, deve sepultar de vez a esperança de alguns fãs de ver seu grupo preferido lançar mais um disco como "Ten" (o primeiro, de 1991). Mas para aqueles que gostam de boa música, sem restrições, é mais um presente de Eddie Vedder e sua troupe, que provam de vez que para uma banda evoluir e amadurecer, refletindo isso diretamente em sua música, não implica necessariamente em mudança de estilo e atitude, muito pelo contrário: quando isso acontece naturalmente, a banda tende a crescer e ficar ainda melhor, em todos os aspectos.
Formação
Eddie Vedder (vocais e guitarra)
Stone Gossard (guitarra)
Mike McCready (guitarra)
Jeff Ament (baixo)
Matt Cameron (bateria)
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



Os 11 melhores álbuns de rock progressivo conceituais da história, segundo a Loudwire
A obra-prima do Dream Theater que mescla influências de Radiohead a Pantera
Os dois bateristas que George Martin dizia que Ringo Starr não conseguiria igualar
Após negócio de 600 milhões, Slipknot adia álbum experimental prometido para esse ano
Graspop Metal Meeting terá 128 bandas em 4 dias de shows na edição de 2026 do festival
Irmãos Cavalera não querem participar de último show do Sepultura, segundo Andreas Kisser
A lendária guitarra inspirada em Jimmy Page, Jeff Beck e Eric Clapton que sumiu por 44 anos
Com nova turnê, Guns N' Roses quebrará marca de 50 apresentações no Brasil
Steve Harris admite que a aposentadoria está cada vez mais próxima
O maior compositor do rock'n'roll de todos os tempos, segundo Paul Simon
Youtuber que estava no backstage do último show de Alissa com o Arch Enemy conta tudo
Sacred Reich anuncia o brasileiro Eduardo Baldo como novo baterista
O melhor disco de Raul Seixas, apurado de acordo com votação popular
A banda clássica que poderia ter sido maior: "Influenciamos Led Zeppelin e Deep Purple"


A banda que foi "os Beatles" da geração de Seattle, segundo Eddie Vedder
Por que Eddie Vedder ainda evita ouvir Nirvana; "Eu detesto até falar sobre isso"
O prêmio que Eddie Vedder achou que Pearl Jam não merecia ter recebido
O prêmio que Eddie Vedder acha que o Pearl Jam só merece "pela metade"
Alice In Chains - O disco clássico dos anos 1990 que o baterista gravou com o braço quebrado
Metallica: "72 Seasons" é tão empolgante quanto uma partida de beach tennis
Clássicos imortais: os 30 anos de Rust In Peace, uma das poucas unanimidades do metal


