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5 álbuns que salvaram carreiras: Artistas em declínio que ressurgiram das cinzas

Por Yuri Apolônio
Postado em 07 de junho de 2024

Não é assim tão incomum artistas consagrados passarem por fases obscuras, onde a inspiração é escassa, o sucesso é quase uma memória distante e, nos shows, cada vez menores, só o que levanta o público são aqueles velhos hits que a banda não aguenta mais tocar.

No entanto, como diria algum filósofo por aí, é justamente nos momentos de adversidade que virtudes adormecidas emergem.

Por isso, hoje escrevo sobre cinco artistas que passaram por períodos terríveis mas acreditaram no próprio talento, deram uma de fênix e renasceram das próprias cinzas.

Black Sabbath - Mais Novidades

Mark S @ www.unsplash.com
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Black Sabbath – Heaven Hell (1980)

Por mais que o Black Sabbath tenha tido uma carreira de quase 50 anos e 19 álbuns de estúdio lançados, o auge comercial dos ingleses de Birmingham ocorreu com os cinco primeiros discos, no período entre 1970 e 1973.

O que não significa que não haja diversos ótimos álbuns fora desse período – acho até bem compreensível ter preferência por lançamentos de outras épocas –, mas, comercialmente falando, a banda nunca mais seria tão relevante, exceto por um curto período no início dos anos 80, logo após a saída de Ozzy Osbourne dos vocais e a entrada do baixinho, mas com uma voz estratosférica, Ronnie James Dio.

Vamos dar uns passos atrás para entendermos melhor.

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Após cinco discos quase perfeitos, a formação do Black Sabbath que incluia Toni Iommi na guitarra, Ozzy Osbourne no vocal, Geezer Butler no baixo e Bill Ward na bateria, parecia imparável. Mas uma batalha judicial com o ex-empresário da banda é responsável por iniciar um desgaste bastante significativo na relação entre os músicos.

O "Sabotage", de 1975, lançado em meio a esse imbróglio, é talvez último suspiro de uma formação que ainda duraria mais quatro longos anos. Nesse período, o Black Sabbath lança o "Technical Ecstasy", em 1977, que não é um desastre, e o "Never Say Die!", em 1978, este bem mais irregular.

Em 1979, o grupo até se reúne por alguns meses para criar materiais para um novo o álbum, mas, exceto pelo guitarrista, ninguém mais estava interessado. Segundo Iommi, todos estavam abusando de álcool e outras drogas como nunca, mas Ozzy se encontrava em um nível totalmente diferente dos demais. O abuso, aliado à falta de contribuição nas novas composições, fez com o guitarrista e líder da Black Sabbath demitisse o carismático vocalista.

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Tony Iommi vai atrás de outro vocalista, e aí tem uma situação curiosa, pois ele conta que quem sugeriu a contratação de Dio para o lugar de Ozzy foi Sharon Arden, filha do empresário da banda, Don Arden. Em pouco tempo Dio e Sharon se tornariam inimigos ferozes, uma vez que ela se casaria com Ozzy e se tornaria Sharon Osbourne. E, bem, digamos que Dio e Ozzy não cultivavam sentimentos muito positivos um sobre o outro.

Fato é que Dio e Iommi se encontravam em situações que se complementavam: o vocalista havia deixado o Rainbow há pouco tempo e o guitarrista precisava de alguém para cantar em sua banda. Eles se dão bem logo de cara e compõem logo "Children of the Sea" no primeiro dia juntos.

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A princípio, a dupla discute a formação de uma nova, mas sabendo da força do nome Black Sabbath, optam por manter a marca. A questão é que Bill Ward também estava com graves problemas quanto ao consumo álcool e Geezer Butler se encontrava em processo de divórcio.

Com isso, nos primeiros ensaios, quem tocou baixo foi o próprio Dio. Posteriormente, assumiriam o instrumento o ex-Elf e Rainbow, Craig Gruber, e o, a partir de então, eterno músico de apoio do Sabbath, Geoff Nicholls.

O "Heaven & Hell" é uma das duas únicas obras do Black Sabbath a contar com o lendário produtor Martin Birch. Dio havia trabalhado com ele no Rainbow e sugeriu seu nome. Havia bons anos que Toni Iommi cuidava sozinho da produção dos álbuns do grupo.

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Foto: Reprodução
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Essas questões explicam em partes a diferente sonoridade do Heaven & Hell. Mas há outros fatores, como a composição das letras, que até então eram quase todas feitas por Geezer, e passaram a ser de responsabilidade de Dio.

Outro fator, era o estilo de cantar do novo vocalista. Iommi conta que a diferença não estava somente na voz, mas na abordagem. Enquanto Ozzy muitas vezes seguia o riff principal da canção, como em Iron Man, por exemplo, Dio cantava através do riff, o que, segundo o guitarrista mudou a radicalmente a dinâmica das composições.

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Iommi e Dio compuseram juntos o álbum inteiro. Restou para Geezer Butler e Bill Ward retornarem e comporem suas partes em cima das bases criadas.

O resultado foi um sucesso!. Com uma sonoridade moderna, o renovado Black Sabbath conseguiu agradar boa parte do velho público e ainda surfar na "Nova Onda do Heavy Metal Britânico", movimento de novas bandas de rock pesado que surgiu na Inglaterra, na ressaca do movimento punk.

O "Heaven Hell" obteve o melhor resultado comercial do Sabbath desde o fim da era de ouro do grupo. E mais recentemente, em 2017, foi considerado o 37º "melhor album de metal de todos os tempos" pela revista Rolling Stone.

A fase do Black Sabbath com Dio, contudo, duraria somente mais um álbum, o "Mob Rules", de 1981, que é quase tão bom quanto o "Heaven and Hell". Depois disso, Dio daria início à sua carreira solo com o pé na porta enquanto o Sabbath passaria por alguns bons anos um tanto conturbados.

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A parceria com Dio seria restaurada em dois momentos: entre 1991 e 1992, o que gerou o interessante "Dehumanizer", e entre 2006 e 2010, cujo resultado foi o "The Devil You Know", daí com a banda sendo nomeada de Heaven & Hell, o que, no fim, é só um detalhe.

Muitos fãs do Black Sabbath têm preferência pela fase com Dio, iniciada com o "Heaven & Hell", o que não é meu caso, embora entenda o argumento.

AC/DC – Razors Edge (1990)

Sem dúvida, a primeira grande adversidade enfrentada pelos australianos do AC/DC ocorreu logo após a morte do vocalista Bon Scott, no início de 1980, quanto a banda estava em seu auge. Contudo, a rápida e certeira escolha por Brian Johnson, seguida pelo lançamento do "Back in Black" ainda no mesmo ano, quase não deu tempo para que alguém pudesse acreditar que a banda fosse acabar ou entrar em declínio.

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Muito pelo contrário, uma vez "Back in Black" é está em entre os álbuns mais vendido de todos os tempos. Estima-se algo em torno de 35 a 60 milhões de cópias. O que mostra que o AC/DC não somente superou a adversidade como ficou gigantesco.

A crise que trataremos nesse aqui ocorreu nos anos seguintes, ao longo da década de 80, com a banda lançando discos pouco inspirados e vendo o número de vendas diminuir a cada nova obra. Isso até o "The Razors Edge", em 1990, que, com o poderoso single "Thunderstruck", trouxe a banda de volta ao holofotes.

Mas deixa eu falar um pouco sobre a década de oitenta do AC/DC para a gente entender.

Depois do estrondoso sucesso do "Back in Black", logo no ano seguinte, o AC/DC lança seu 8º álbum, o "For Those About to Rock", que consegue ótimos resultados, incluindo um primeoro lugar na paradas nos Estados Unidos durante 3 semanas.

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Com o "Flick of the Switch", de 1983, a banda tenta um retorno ao som mais cru dos primeiros álbuns, mas a falta de um single forte acaba por representar um resultado muito abaixo dos anteriores. Após a gravação, o baterista clássico da banda, Phil Rudd, deixa o grupo após sair na porrada com o guitarrista base e irmão de Angus Young, Malcom. Para o seu lugar, a banda recruta o inglês Simon Wright.

O "Fly on the Wal", de 1985, não mudou muito a situação, em especial depois que o serial killer Richard Ramirez, o Night Stalker, responsável por mais de 15 assassinatos, foi preso em Los Angeles. Segundo a polícia, o assassino teria sido preso com uma camiseta do AC/DC, além de ter deixado um boné da banda em uma das cenas do crime. Para piorar, Ramirez teria dito ser um grande fã da banda e que a canção "Night Prowler", do disco "Highway to Hell", 1979, é que teria o inspirado a cometer os crimes. Pois é.

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A coletânea "Who Made Who", de 1986, até obtém certo sucesso a partir inédita canção título, mas o "Blow Up Your Video", de 1988, peca, como os discos anteriores, em não apresentar um single forte. Heatseeker fez sucesso na Inglaterra, mas bem longe do sucesso obtido com os grandes clássicos da banda.

A situação interna também não ajuda muito. Malcolm Young é afastado do grupo em meio à turnê para poder se recuperar do alcoolismo. Outro membro a deixar o grupo, desta vez ao final da tour, é o baterista Simon Wright, que aceitara o convite para integrar a banda solo de Ronnie James Dio.

Então, para começar a compor o álbum seguinte, Angus aguarda a recuperação de seu irmão. Mas desta vez é Brian Johnson que acaba ficando indisponível, ao se encontrar no meio de um divórcio, o que fez com que os irmãos tenham de criar a base das canções sozinhos.

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Para as baquetas, o AC/DC traz o galês Chris Slade. E para a produção, a contrata o canadense Bruce Fairbairn, que vinha produzindo álbuns de sucesso para o Bon Jovi e o Aerosmith. Lembrem-se desse nome.

Mesmo diante de tantas adversidades, o "The Razors Edge", lançado em setembro de 1990, dá a banda o seu melhor resultado deste o início dos anos oitenta. Muito disso, graças aos seus singles: ao da já citada "Thunderstruck" e também ao da cativante "Moneytalks".

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O "The Razors Edge", 12º álbum do AC/DC, ajudou a recuperar o prestígio da banda, que ainda lançaria outros cinco álbuns de estudio, todos com resultados comerciais superiores ao do complicado período que o grupo enfrentou durante dos anos 80.

John Lennon - Double Fantasy (1980)

Certamente o caso mais trágico tratado nesse texto é o breve e marcante retorno de John Lennon ao mundo da música, em 1980, com o "Double Fantasy". Isso porque o ex-Beatle seria morto por um fã cerca de três semanas após o lançamento do disco, em frente ao prédio onde morava com Yoko Ono.

"Double Fantasy" marcava a volta de Lennon ao cenário musical, depois de cinco anos dedicando-se exclusivamente ao casamento com Yoko e à criação de Sean Lennon, seu único filho com a artista plástica. E havia uma grande expectativa para isso, em especial, porque as últimas obras de John antes da pausa, apesar de terem alguns pontos bem interessantes, haviam deixado uma sensação de que ele pode poderia entregar muito mais.

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É justo dizer que as vendas iniciais do "Double Fantasy" foram lentas e a crítica deu pouco valor, situação que mudou radicalmente após o fatídico assassinato. Mas há algumas razões que tornam isso compreensível. Por isso, vamos dar uma olhada rapidamente nesse período anterior ao disco.

O período de maior sucesso comercial da carreira solo de John Lennon é o seu início: com o "Plastic Ono Ban", de 1970, e o "Imagine", do ano seguinte. Sendo o segundo, responsável pelos melhores resultados de toda a carreira do inglês.

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A situação começa a mudar, entretanto, com o duplo "Some Time in New York City", em 1972. Uma obra cujo primeiro disco contém canções de estúdio, algumas cantadas por John, algumas por Yoko e algumas por ambos. Enquanto o segundo é formado por canções ao vivo, canções estas que eu prefiro não comentar, pois não tenho paciência com os gritos da Yoko Ono.

Em "Mind Games", de 1973, Lennon volta a lançar um álbum somente seu, mas, mesmo sendo mais acessível, as vendas acabam por ficar muito abaixo do esperado para um ex-Beatle. Pra piorar, John se separa de Yoko e se afunda no consumo de álcool e outras drogas, tendo, inclusive, incidentes públicos com isso.

Nesse intervalo, são lançadas duas obras: o "Walls and Bridges", em 1974, e no ano seguinte, o "Rock 'n' Roll", somente com covers do estilo do final dos anos 50 e início dos 60. Apesar de ambos contarem com bons singles, os resultados são insuficientes para alterar o patamar a carreira do inglês de Liverpool.

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No início de 1975, próximo ao lançamento do disco de covers, Lennon e Yoko Ono se reaproximam e, tão logo isso ocorre, ela engravida. Assim, os próximos cinco anos da vida de John Lennon se dão completamente afastados dos holofotes e carreira musical, onde ele passa a dedicar integralmente ao casamento com Yoko e à criação de Sean

Algo curioso é que John não resolve retomar a carreira depois de simplesmente se cansar da vida em família. A história conta que, próximo de completar 40 anos, Lennon resolve participar de uma pequena aventura: uma viagem de cerca de 1.100 quilômetros, em um pequeno barco a velas, partindo de Rhode Island até as Bermudas, com uma tripulação de somente cinco pessoas, incluindo ele.

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Ocorre que apesar da previsão do tempo prever tempo bom, o barco enfrenta uma terrível tempestade, fazendo com os tripulantes fossem cedendo um a um, pelo enjoo ou pelo esgotamento, forçando Lennon a assumir o comando da embarcação por cerca de seis horas.

Conta-se que a situação extrema fez Lennon contemplar a fragilidade da vida e recuperar sua vontade de compor. Ele, inclusive, comenta ter ficado tão centrado após a experiência que as músicas simplesmente vieram à mente.

Logo no mês seguinte à aventura de barco, Lennon entra em estúdio para iniciar as gravações de um álbum e leva Yoko a tiracolo. Mas o tempo afastado faz John se sentir distante da cena musical, além de temer não conseguir mais escrever ou cantar no mesmo padrão de seu apogeu. A certa altura, ele chega a cogitar ceder para Ringo Starr parte das canções produzidas. Mas no final, Lennon e Yoko gravam dezenas de canções, escolheram as melhores e lançam o "Double Fantasy".

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Pra ser sincero, John tinha uma certa razão em se sentir distante da cena musical, uma vez que, como citado, o disco não vendeu muito nas primeiras semanas. A crítica também não pareceu muito impressionada, focando sua desaprovação no fato de que boa parte das letras do álbum tratavam do relacionamento entre Lennon e Yoko.

Daí, cabe citar que uma obra com metade das canções sendo compostas e cantadas por Yoko Ono não mesmo como decolar comercialmente. Por outro lado, todas as canções de Lennon aqui são maravilhosas, exceto pela última, chamada Dear Yoko. Juro que não estou perseguindo a artista plástica, é só uma constatação pessoal minha.

Ocorre que três semanas após o lançamento do disco, Mark Chapman tira a vida de John Lennon e muda para sempre o significado do "Double Fantasy". A comoção faz todos olharem novamente para a obra, em especial para as canções de John, e ressignificá-las, entendendo o quão bem elas retratavam o momento que o ex-Beatle vivia: uma vida quase despreocupada, sendo pai de uma criança pequena e nutrindo uma paixão fervorosa pela esposa.

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Em 1982, o disco vence o Grammy de disco do ano de 81. Enquanto hoje, "Double Fantasy" representa o segundo álbum mais vendido da carreira de John Lennon. As músicas restantes das sessões para o álbum seriam lançadas em 1984, no "Milk and Honey", que, em minha opinião, apesar alguns pontos positivos aqui e ali, mostra que as melhores já haviam sido selecionadas para o Double Fantasy.

Sendo assim, o que restou à Yoko, responsável pela obra do ex-Beatle, foi seguir lançando gravações caseiras, takes diferentes das versões oficiais e coisas do tipo, já que infelizmente não pudemos acompanhar o que seria da carreira de John Lennon, que nos deixou com somente 40 anos.

Aerosmith - Permanent Vacation (1987)

O Aerosmith foi sem dúvida uma das maiores banda de hard rock dos EUA durante da década de 70. Mas os excessos, em especial dos "toxic twins", Steven Tyler e Joe Perry -- que não eram irmãos, muito menos gêmeos, mas que, juntos, usavam drogas desenfreadamente –, fizeram o nome do grupo encolher consideravelmente entre o final dos anos 70 até boa parte dos anos 80.

A redenção veio em 1987, com o oitentista "Permanent Vacation", que inicia justamente o período mais pop e de maior sucesso comercial dos americanos de Boston. Não sem antes passarem por uma boa reabilitação e aceitar ajuda externa para retornar ao holofotes. Vamos entender.

O maior sucesso do início da carreira do Aerosmith foi o seu terceiro álbum, o "Toys in the Attic", de 1975, graças aos dois excelentes singles "Sweet Emotion" e "Walk This Way". O disco faz tanto sucesso que inclusive traz, com méritos, visibilidade para os dois primeiros álbuns da banda, que haviam passado despercebidos até então.

"Rocks", do ano seguinte, até mantém, o patamar, mas a maré começa a mudar com o "Draw the Line", em 1977. De acordo com Joe Perry, os excessos eram tantos que, na verdade, fazia muito mais sentido eles se considerarem viciados envolvidos com música, e não músicos envolvidos com drogas.

O guitarrista deixa o grupo durante as gravações do álbum seguinte, o "Night in the Ruts", em 1979, que acaba se tornando a obra de menor vendagem da banda desde que ela atingira o sucesso. Para piorar Steven Tyler se afunda ainda mais nas drogas, tornando a tarefa de lançar um próximo álbum quase impossível.

As dificuldades levam a saída do outro guitarrista original da banda, Brad Whitford, que acaba participando de somente uma faixa do "Rock in a Hard Place", lançado cerca de três anos após o disco anterior.

No patamar mais baixo desde o sucesso, a saída foi fazer as pazes com o próprio Brad Whitford e trazer de volta também com Joe Perry. Um novo disco, com a velha formação, deu as caras em 1985. Mas, apesar do um renovado interesse pelos shows por parte do público, "Done with Mirrors" não emplaca nenhum single e mantém os resultados comerciais no fraco patamar dos lançamentos anteriores.

O que começa a mudar a situação, primeiramente, é o acaso, ou melhor, a mente de Rick Rubin. Ele produzia, na época, o Run D.M.C., e convida o Aerosmith para regravar a canção "Walk This Way" junto do grupo de hip hop do Queens.

O crossover histórico é lançado como single e alcança uma posição mais alta que a versão original de 11 anos antes, além de representar o primeiro single de hip hop a alcançar o Top 5 nas paradas da Billboard.

A canção apresenta o Aerosmith a toda uma nova geração, contudo, para que a banda mantivesse o sucesso, seriam necessárias canções inéditas de grande repercussão.

Para isso, Steven Tyler vai para o rehab, motivando todos os demais membros a fazerem o mesmo em seguida.

Visando retormar o sucesso, o Aerosmith contrata o produtor Bruce Fairbairn, que havia recém-trabalhado com o Bon Jovi. E, sim, o mesmo que produziria "Razors Edge", do AC/DC, poucos anos depois. Fairbairn traz ao Aerosmith uma sonoridade muito mais açucarada, cheia de reverbs, com muitos metais, refrões emocionados, bem de acordo com o que fazia mais sucesso no período, e ainda convence o grupo a buscar ajuda de fora para escrever as letras.

Apesar de não concordarem muito com a ideia, "Permanent Vacatio"n termina por representar o melhor resultado comercial da banda em mais mais de uma década, parte graças ao sucesso dos singles "Dude (Looks Like a Lady)", "Angel" e "Rag Doll", com todos alcançando o Top 20 nas paradas.

Hoje, a produção soa datada, em especial a bateria, e os metais em demasia, o que pode atrapalhar a experiência de alguns. Ainda assim, o álbum tem boas canções, e é certamente bem mais acessível do que qualquer obra da banda até então.

Apesar de não ser um estouro, o "Permanent Vacation" abriu caminho para a melhor fase, comercialmente falando, para o Aerosmith. A obra seguinte, o "Pump", de 1989, seria o disco com as maiores vendas de toda a carreira da banda, que seguiu extremamente relevante ao longo de toda a década de 90.

George Harrison - Cloud Nine (1987)

Outro ex-Beatle que não teve carreira solo fácil foi George Harrison. Assim como Lennon, o sucesso de Harrison ocorre principalmente logo após o fim dos Beatles. Na verdade, dentre os discos solo dos quatro ex-Beatles, o que mais teve sucesso comercial foi justamente o disco triplo! de George, o "All Things Must Pass", de 1970.

Os álbuns seguintes até obtêm certa relevância, mas após oito discos, tendo resultados comerciais cada vez piores e cansado de tudo que era necessário para se manter relevância no cenário musical, Harrison se afastar do cenário musical em 1982. O período de férias dura até 1987, com o lançamento do "Cloud Nine", aclamado pela crítica e com resultados comerciais excelentes. Vamos entender.

Como citado, a carreira solo de George Harrison tem seu melhor momento no início, graças, em partes, à canção "My Sweet Lord", single que fez número um nas paradas pelo munto todo. As obras seguintes, o ao vivo "The Concert for Bangladesh", de 1971, e o "Living in the Material World", de 1973, mantém Harrison como o ex-Beatle de maior sucesso até então.

Em 1974, a situação começa a mudar. Não a partir de um disco, mas da turnê de dois meses que George realiza nos EUA. Tratava-se da primeiro turnê que alguém dos Beatles realizaria na américa desde 1966.

Ocorre que, apesar da boa recepção do público, a revista Rolling Stone e boa parte da crítica achincalhou as apresentações, dando atenção especial às poucas canções dos Beatles inclusas no repertório, ao grande espaço dado ao grupo do músico indiano Ravi Shankar e à voz de Harrison, muito desgastada em algumas noites. Pra piorar, o seu disco seguinte, o "Dark Horse", lançado logo após a turnê, representa a menor repercussão comercial da carreira do ex-Beatle até então.

A situação muda muito pouco com o "Extra Texture (Read All About It)", de 1975, e o "Thirty Three & 1/3", de 1976.

Com o término do casamento com sua primeira esposa, o início de um novo relacionamento e o nascimento de seu primeiro filho, o músico só lançaria um álbum novamente em 1979.

Apesar das críticas positivas, o disco, chamado simplesmente de "George Harrison", mantém o artista no mesmo patamar das obras anteriores.

Em dezembro de 1980, o assassinato de John Lennon pertuma profundamente Harrison e faz aumentar sua preocupação após de décadas aturando assediadores. Mesmo assim, ele se mantém na ativa e grava a canção "All Those Years Ago" para homenagear seu ex-colega de banda. A obra, gravada com Ringo Starr e Paul McCartney se traduz no melhor resultado para um single de George desde 1973.

Inclusa no seu próximo álbum de estúdio, o "Somewhere in England", de 1981, a faixa, contudo, não auxilia no resultado comercial do disco, que termina por ser o único do artista a não obter 500 mil vendas nos Estados Unidos.

Tendo ainda a obrigação contratual de compor mais uma obra, em 1982, Harrison lança seu 10º álbum de estúdio, o "Gone Troppo", gravado em poucas semanas e com o artista sem nenhum interesse em divulgá-lo. O resultado não poderia ser outro, senão o pior em termos de comerciais de toda a sua carreira.

Desinteressado pela cena musical, George passa a dedicar-se quase que exclusivamente à sua empresa de filmes, a "Handmade Films", a qual ele havia fundado em 1978 e cujos resultados vinham sendo muito melhores do que a de sua carreira na música.

Logo nos primeiros anos, a Handmade ajudaria a financiar "A Vida de Brian", do Monty Python, que foi um enorme sucesso.

Após quase cinco anos de inatividade, tendo sua carreira resumida a participações especiais pontuais em homenagens e shows beneficentes, Harrison pede ao amigo e ex-líder do Electric Light Orchestra, Jeff Lynne para co-produzir seu novo álbum de inéditas.

Contando com a participação de Ringo Starr, Eric Clapton e Elton John, George Harrison lança em novembro de 1987 o "Cloud Nine", o seu maior sucesso comercial desde 1970. Muito disso, graças ao sucesso estrondoso do cover da canção um tanto desconhecida de Rudy Clark, "Got My Mind Set on You", que atinge com o topo das paradas nos EUA.

Até hoje, "Got My Mind Set on You" representa a última vez que um ex-Beatle atingiu o primeiro lugar nos EUA.

Apesar do sucesso, Harrison, só teria novamente um disco de inéditas lançado em 2002, um ano após sua morte: o excelente "Brainwashed". Disco com canções que ele vinha compondo há anos e que acabou finalizado por Jeff Lynne e seu filho Dhani, após sua partida. Mas desse eu falo quando em texto sobre discos póstumos.

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