Arquivo do Rock: Genial e Polêmico - A vida de Morrissey em 5 atos
Por Rafael Ferrara
Postado em 28 de maio de 2020
Ato 1 – O início de tudo
Nascia, em 22 de maio de 1959, Steven Patrick Morrissey em Lancashire, Inglaterra. Seus pais, Elizabeth e Peter, eram um casal católico saíram de Dublim para morar em Manchester em 1958. Naquela época, sua irmã mais velha Jacqueline já era nascida. Morrissey, como ficou conhecido mais tarde, passou a infância na região de Manchester onde a violência o afetou e influenciou suas músicas. Foi na sua infância que o casal de serial killers The Moors Murders matou cinco crianças daquela região. Esses episódios inspiraram Morrissey na canção Suffer Little Children gravada pela banda The Smiths. Outro episódio de violência com que Morrissey precisou conviver na sua infância foi o grande sentimento que os britânicos tinham contra os imigrantes irlandeses.
Seu período na escola também foi bastante traumático. Não era um garoto popular, muito pelo contrário, era bastante solitário. Tinha notas baixas e era reprovado em diversos exames. Morrissey trocou de escola diversas vezes. Ainda assim, conseguia se destacar quando o assunto era atletismo. Anos mais tarde, ele comentou sobre seu período escolar: "A educação que recebi foi basicamente má e brutal. Tudo que aprendi foi não ter autoestima e sentir vergonha sem saber o motivo". O ambiente residencial também não colaborava. Seus pais brigavam muito e se separaram quando Morrissey tinha 17 anos. Ele então acabou abandonando a escola em definitivo e começou a trabalhar. Foi de balconista a porteiro de hospital, de vendedor de loja de discos a desempregado dependente dos benefícios sociais.
Por ser da classe trabalhadora local, Morrissey se identificava bastante com produções que focavam nessa parte da sociedade. Além de novelas que abordavam o tema, ele também era um grande fã do filme A Taste of Honey (Um gosto de mel, no Brasil) baseado no livro de Shelagh Delaney que conta a história dos trabalhadores da região de Salford. O filme é citado em algumas músicas compostas por Morrissey.
Em uma sociedade hostil e um ambiente residencial turbulento, Morrissey encontrou na música seu porto seguro. Ele dizia que sentia que a pessoa que estava cantando realmente entendia pelo que ele passava e estava lá com ele. Seu primeiro disco foi Come and Stay With Me da cantora britânica Marianne Faithfull. Ainda jovem, virou fã do rock glam e passou a ouvir T Rex, David Bowie, Sparks e New York Dolls.
Ato 2 – Sucesso com a banda The Smiths
Cada vez mais interessado por música, Morrissey passa a gastar o dinheiro do benefício social em ingressos para shows. No início eram bandas como Talking Heads. Com o tempo, seu gosto foi ficando mais alternativo e passou a ouvir Ramones e Blondie. O movimento punk começar a ser do interesse de alguém de uma infância tão difícil era algo até esperado. Foi aí que conheceu Billy Duffy, guitarrista da banda punk Nosebleeds. A relação entre os dois se desenvolveu rapidamente a ponto de Morrissey virar o vocalista da banda. Ele também pode ajudar a compor algumas canções como Peppermint Heaven, I Get Nervous e I Think I’m Ready for the Eletric Chair. A banda não durou muito tempo e Morrissey, seguindo Duffy, entrou para outra banda, Slaughter & the Dogs. Todavia, assim que a banda conseguiu um contrato, dispensou Morrissey.
Foi pelo interesse mútuo pela banda New York Dolls que Johnny Marr bateu à porta de Morrissey para perguntar se tinha interesse em montar uma banda. Os dois eram muito parecidos e com muitas afinidades musicais em comum. Começaram então a ensaiar usando letras que Morrissey já tinha. Algumas canções foram descartadas, outras não. Nessa mesma época, Morrissey parou de usar seu primeiro nome, atendendo apenas por Morrissey. Por conta disso, Marr passou a chamá-lo Mozzer ou Moz. O nome da banda foi escolhido por Morrissey que queria algo que simbolizasse pessoas comuns mostrando sua própria cara. Surge então a banda The Smiths.
A banda teve um ano de apresentações e rejeições. Da mesma forma que conseguiam lugares para tocar, eles tinham suas demos negadas pelas gravadoras. Uma das pessoas que negou um contrato à banda foi Geoff Travis, da Rough Trade Records, mas que topou lançar um primeiro single: Hand in Glove. O single teve uma repercussão razoável, mesmo não entrando no Top 40, mas sendo suficiente para fazer com que a banda fosse convidada para tocar em programas e dar entrevistas.
Com a banda aparecendo cada vez mais na mídia, a Rough Trade Records topou, finalmente, assinar com a banda. No dia da assinatura, apenas Morrissey e Marr estavam presentes. Eles começaram a gravar o que seria seu primeiro álbum com o nome de The Hand That Rocks the Cradle. A gravadora não gostou do resultado e determinou que fosse tudo refeito. Surge então, em 20 de fevereiro de 1984, o álbum homônimo The Smiths. O trabalho, que alcançou o segundo lugar nas paradas do Reino Unido e recebeu disco de ouro por lá, foi cercado de polêmica em seu Lado-B que era acusado de incentivar a pedofilia. Fato esse negado pela banda.
No ano seguinte, a banda lança seu segundo álbum Meat Is Murder. Mais forte e com uma pegada política, o álbum se diferenciou do anterior também com um Marr diversificando mais nos riffs, além de outros novos artifícios, como um solo de baixo na faixa Barbarism Begins at Home. No Reino Unido, o álbum recebeu disco de ouro e alcançou o topo pela primeira e única vez. Ele também entrou para a lista dos 500 maiores álbuns da história feita pela Revista Rolling Stone.
O terceiro álbum foi produzido durante a turnê de Meat is Murder. Ainda assim, por conta de desavenças entre a banda e a gravadora, ele atrasou quase sete meses. Não bastante, o clima interno na banda também era ruim. Marr estava exausto e abusando do álcool. Rourke, o baixista, foi demitido por um Post-It colado em no vidro do seu carro: "Andy, você acaba de sair do The Smiths. Adeus e boa sorte. Ass. Morrissey". Logo depois ele foi readmitido, o que obrigou a banda a criar uma nova vaga ao violão para quem o tinha substituído, Craig Gannon. Com o título de The Queen Is Dead, a banda The Smiths lançava o seu terceiro álbum em 16 de junho de 1986. O álbum flerta com várias sensações, tendo momentos melancólicos e alegres. Ele chegou ao segundo lugar nas paradas britânicas, ganhou disco de platina por lá e disco de ouro em outros países como EUA e Brasil.
Durante a turnê do álbum The Queen Is Dead, as coisas ficaram mais complicadas ainda para a banda e a Rought Trade Records. Morrissey entendia que a gravadora não fazia o suficiente pela banda e cancelou a reta final da turnê. Com isso, a banda aproveitou o descontentamento e assinou com a EMI, a gravadora que mais negou chances à banda antes do primeiro álbum. Uma fissura na estrutura da banda também era cada vez mais nítida. Desavenças sobre os lucros e vontade de levar a banda para caminhos diferentes eram cada vez mais evidentes.
Aos trancos e barrancos, a banda consegue gravar o que seria seu quarto e último álbum: Strangeways, Here We Come. O nome surgiu de uma entrevista de Morrissey sobre a banda não receber a devida atenção que merecia. O trabalho abre com um piano, ideia de Marr para fugir da habitual sonoridade de cordas. Marr tocou teclado em outras faixas também. Quando o álbum foi lançado em 28 de setembro de 1987, a banda estava oficialmente partida. Marr não gostava da obsessão de Morrissey de querer regravar músicas da década de 60. Morrissey, por sua vez, não suportava ver Marr trabalhando com outros artistas. Não bastante, a banda não tinha alguém com visão de gestão para tocá-la como um negócio. Strangeways, Here We Come ganhou disco de ouro nos EUA e Reino Unido, ficando em segundo lugar nas paradas na terra da rainha.
Mesmo sem Marr na banda, The Smiths saiu na turnê do álbum que Morrissey e Marr consideram o melhor dos quatro lançados. A turnê rendeu o álbum ao vivo Rank. Contudo, não passariam disso. Coletâneas e miscelâneas foram lançadas em anos seguintes. Apesar de ter menos de cinco anos de existência, a banda The Smiths tem uma grande importância no mundo do rock, não somente pelas letras, mas por uma identidade própria, inconfundível que a diferenciava de várias e, às vezes, fazia com que suas músicas se parecessem iguais.
Ato 3 – Sua carreira no mundo das letras
Por influência de sua mãe que era bibliotecária, Morrissey sempre gostou bastante de ler. Seu interesse era na maior parte pela literatura feminista, além de ser um grande fã do escritor Oscar Wild, o qual projetava suas imagens esporadicamente em seus shows. Ainda jovem, ele enviou diversos roteiros para novelas de televisão, mas nenhum foi aproveitado na época. Todavia, ele sempre sonhou em ser escritor, antes mesmo de pensar em escrever letras de música.
[an error occurred while processing this directive]Com um novo foco no jornalismo musical, Morrissey passou a enviar material para imprensa especializada até que foi contratado pela revista Record Mirror. Seus materiais renderam pequenos livros que foram publicados pela editora Babylon Books, com destaque para o que contava a história da banda New York Dolls lançado em 1981. Esse título em questão e o fato de Morrissey ter criado um fã clube da banda foi o que motivou Marr a procurá-lo como dito antes.
Com um relativo sucesso com seu livro sobre a banda nova-iorquina, foram vendidos mais de três mil exemplares, Morrissey publicou mais um livro contando a história de outro ídolo seu. Com o título de James Dean Não Está Morto, Morrissey faz um relato sobre a vida do ator pelo qual ele, assumidamente, tinha uma paixão ao ponto de ter diversas fotos espalhadas pelo quarto.
Falar da carreira de Morrissey como escritor é falar da sua vida como letrista. Suas músicas oscilavam entre sensações de alegria e sensações sombrias com a mesma facilidade com que mudavam o tema de boates vazias para mortes de crianças. Uma boa parte de sua inspiração estava no seu passado violento que viveu ou presenciou, como quem revisitasse o que um dia te provocou dor. Apesar de procurar o sucesso, suas letras tinham um caráter anti-pop, dando ênfase à tristeza da vida.
Morrissey foi na contramão ao escrever músicas que não falavam sobre o ato sexual, mas sobre aversão, frustração ou algo após o ato. Ainda assim, não costumava colocar gênero em suas letras, exatamente para que todos se identificassem. Com um toque de humor negro, ele falava sobre a ausência de emoção na cultura inglesa e que expressar sentimento sexual pelo toque, pelo corpo, não era a melhor maneira de fazê-lo.
[an error occurred while processing this directive]Sim, da mesma forma com que era muito sensível para falar de certos assuntos, Morrissey era extremamente obcecado por violência, falando de acidentes, brigas e facínoras. Ironicamente, essa mesma crueldade era vista quando falava de personalidade as quais considerava opositoras às suas ideias, como a família real, Margareth Thatcher, George Bush ou pessoas que comem carne.
Já na década atual, Morrissey publicou dois livros. Uma autobiografia em que, além de contar sua história, responde vários mal-entendidos do passado, mas também piora outros. Com o título de Autobiografia, o livro chegou ao topo da lista dos mais vendidos no Reino Unido. O outro livro, chamado List of the Lost, conta a história de um time de atletismo de Boston que acidentalmente mata um demônio e passa a ser amaldiçoado por ele a partir daí. Apesar de ter um mote curioso, o livro recebeu péssimas críticas.
Ato 4 – Carreira solo
Antes mesmo de a banda The Smiths se dissolver, Morrisey já iniciava um projeto solo com a parceria de Stephen Street nas composições. No mesmo mês em que a sua banda lançava o último álbum, Morrissey já estava em estúdio para gravar seu primeiro álbum solo: Viva Hate. Lançado em fevereiro de 1988, o álbum chegou ao topo das paradas do Reino Unido, além de ter colocado a faixa single Suedehead na quinta posição das paradas britânicas, fato esse nunca alcançando pelas canções de sua ex-banda.
Após o lançamento, Morrissey lançou diversos singles avulsos que tiveram considerável repercussão. Com isso, mesmo tendo apenas um disco de estúdio lançado, Morrissey opta por lançar um álbum de compilações com as melhores faixas de Viva Hate acompanhadas desses singles avulsos e mais outras faixas novas.
Em 1991, Morrissey inicia seu segundo álbum solo. Contando agora com a parceria de Mark Nevin, Kill Uncle foi lançado em maio do mesmo ano e conseguiu entrar no Top 10. Apesar da maior parte dos singles não conseguirem um resultado igual aos singles do primeiro álbum, muitos dele receberam notoriedade, principalmente Found Found Found que conta sobre a amizade de Morrissey com Michael Stipe.
Com menos de um ano de diferença, Morrissey lança seu terceiro álbum de estúdio e com ele começa a remodelar a sua imagem. O álbum Your Arsenal trazia na capa um Morrissey de camisa aberta passando uma imagem de mais durão e perigoso, completamente diferente da imagem que ele passava anteriormente. Com uma boa repercussão na crítica especializada, o álbum, que chegou ao segundo lugar nas paradas, era a despedida de Morrissey com o produtor Rick Ronson o qual o vocalista tinha dito publicamente que foi a pessoa com quem teve o maior privilégio em trabalhar.
Em 1993, Morrissey lançava Vauxhall and I, seu quarto álbum de estúdio. Considerado por ele como seu álbum favorito, Vauxhall and I chegou ao topo das paradas e recebeu ótimas resenhas de jornalistas especializados. O nome do disco veio de um distrito que tinha um famoso pub gay chamado Royal Vauxhall Tavern.
O quinto álbum chegou em agosto de 1995, logo após Morrissey encerrar seu contrato com a EMI e assinar com a RCA. Mesmo chegando ao quarto lugar nas paradas locais, Southpaw Grammar não fez tanto sucesso quanto seus álbuns anteriores. Para piorar, as coisas se complicariam para Morrissey. Ao sair na turnê do álbum como abertura dos shows de David Bowie, Morrissey se viu obrigado a cancelar a agenda por problemas de saúde que o levou a ficar internado. Não bastante, ele ainda teve de responder a um processo, com Marr, movido pelo baterista Mike Joyce que pedia divisão de lucros e danos pelo tempo em que foi membro da banda The Smiths. Morrissey e Marr perderam e precisaram desembolsar uma fortuna.
Em meados de 1997, Morrissey trocava mais uma vez de gravadora para lançar seu sexto álbum, Maladjusted. Morrissey ficou bastante insatisfeito com o resultado do álbum anterior, principalmente com o projeto gráfico. Ironicamente, com a nova gravadora Island Records, a decepção com a capa do novo álbum também aconteceu. Musicalmente, foi mais um álbum em que o nome de Morrissey o colocou numa boa posição nas paradas, mas baixos números de vendagem.
Após um hiato de sete anos, Morrissey lançava seu sétimo álbum, You are The Quarry. O álbum foi o que teve melhor desempenho de vendagem no Reino Unido garantindo um disco de platina, além de mais de um milhão de cópias pelo mundo. No século atual, Morrissey lançou mais discos de estúdio que na primeira fase de sua carreira solo. Mesmo com um total de sete discos lançados no século XXI, os números eram cada vez menos favoráveis a Morrissey que se dedicava mais às polêmicas que à produção de álbuns. Nesse período, ele recebeu apenas um disco de ouro, um disco de prata e um de platina pelas vendas no Reino Unido. Nos EUA, ele ganhou um disco de ouro apenas pelo álbum de estreia. Apesar de lotar ginásios e esgotar ingressos com rapidez, Morrissey nunca foi um "bom vendedor de discos".
Ato 5 – Seus posicionamentos mais polêmicos
Foi na época do lançamento do álbum Meat Is Murder que Morrissey iniciou em definitivo seu posicionamento polêmico tomando frente de vários temas. Durante o período de lançamento do álbum, ele já atacava Margareth Thatcher e a monarquia britânica. Morrissey também começou a sua campanha pró-vegetarianismo, não somente pelo álbum, mas também proibindo qualquer membro da banda a ser registrado comendo carne. Outro foco de seus ataques foi o projeto de combate à fome Band Aid que, segundo ele, não fazia sentido olhar para a tortura a qual o povo da Etiópia era submetido e, ao mesmo tempo, virar as costas para a tortura a qual o povo da Inglaterra era submetido.
Na política, Morrissey atacava britânicos e estadunidenses. Em seu primeiro álbum solo, a música Margaret on the Guillotine relatava como seria a execução de Thatcher e termina com um som que remete ao de uma guilhotina. Ele foi acusado de envolvimento com uma rede terrorista e o Departamento Especial da polícia conduziu uma busca em sua casa em Manchester. Morrissey acredita que por conta desse episódio que o juiz do processo do ex-baterista Joyce foi tendencioso no veredito.
Com os políticos dos EUA, Morrissey também era implacável. Quando Ronald Reagan faleceu, Morrissey lamentou a morte dizendo que era preferível que George Bush fosse no seu lugar. Nem Obama, o qual Morrissey defendeu por um tempo, se livrou de seus ataques. O vocalista considerava que o presidente foi frouxo em relação à explosão de violência policial que ocorreu em seu mandato. Aliás, Morrissey não era muito fã do estilo de vida dos EUA. Por diversas vezes, ele afirmou que as pessoas estavam perdendo a sua essência para se tornarem "americanizadas". Curiosamente, Morrissey mora em Los Angeles desde o final da década de 90.
É incontestável que Morrissey tinha uma forma diferenciada de ver as coisas, complicando muito algumas vezes. Sexualidade sempre foi um tema presente em sua vida e um mistério a ser desvendado por jornalistas e fãs. Enquanto membro da banda The Smiths, ele se declarava assexuado. Com o tempo, sua definição mudou com frequência, mesmo dizendo que esses rótulos são prejudiciais às pessoas. Hétero, homo, bissexual não praticante e humanossexual foram as maneiras que Morrissey já se definiu. Em suas letras, falar sobre sexualidade sempre foi muito natural, mesmo quando geravam polêmicas, como quando foi acusado de incentivar pedofilia.
Seu posicionamento mais polêmico é sobre a escolha de ser vegano, antes era apenas vegetariano. Só que a polêmica não reside na decisão em si, mas na forma como tenta impor aos outros. Se antes, ele proibia que os músicos do The Smiths fossem registrados comendo carne, hoje ele veta que qualquer pessoa nos bastidores de seus shows apareça com um alimento que não seja vegano. Essa postura radical acabou resultando em muitas opiniões contrárias de diversos profissionais da área que passaram a não aceitar mais trabalhar com Morrissey. De toda forma, sempre que vê alguém não respeitando sua regra básica, Morrissey cancela o evento, mesmo que estejam faltando minutos para iniciar o show.
Morrissey sempre foi um cara polêmico, de opinião forte sobre temas delicados. Talvez, ter crescido cercado por violência e rejeição social expliquem a forma bruta que ele tem de ver a vida e como a descreve em suas músicas. Repressão política, direitos animais, sexualidade, violência entre etnias e segmentação da sociedade são temas corriqueiros em suas letras porque eram experiências que ele vivenciou de perto. Mesmo com letras com um forte impacto e senso crítico, musicalmente Morrissey nunca chegou ao mesmo nível de sofisticação. Com um grande grau de importância no mundo musical, seja com The Smiths, seja em carreira solo, sua carreira é estigmatizada como uma coleção de músicas iguais. Muitos críticos brincam que ele parou em 1987 e de lá para cá nada fez de novo. O fato é que Morrissey continua sendo uma voz que precisa ser ouvida. Seja em suas declarações, seja em suas letras. Trata-se de um ponto de vista cru sobre temas que poucos têm coragem de falar de maneira explícita. Talvez a sua pior característica seja sua maior qualidade, pois ser desagradável é necessário em tempos pasmaceiros.
O Arquivo do Rock é um programa de 1 hora de duração que vai ao ar na Rádio Catedral do Rock todo sábado às 14 horas. O Episódio 16: Genial e polêmico - A vida de Morrissey em 5 atos foi ao ar no dia 23 de Maio de 2020 e está disponível no formato de Podcast no Spotify e Deezer.
Rafael Ferrara é locutor da Rádio Catedral do Rock (90,1 FM – Petrópolis) onde apresenta o programa Arquivo do Rock.
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