The Rolling Stones: Candomblé em Sympathy For The Devil
Por Ivan da Luz
Fonte: Fanpage Memórias do Rock
Postado em 03 de maio de 2019
O livro "O Mestre e Margarida", escrito nos anos 20 pelo russo Mikhail Bulgakov, e publicado nos anos 30 parcialmente censurado, traz um romance satírico e fantástico onde o diabo vem à Terra para visitar a Moscou comunista da época. A história integral só foi publicada nos anos 60, inclusive no Brasil.
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No livro, a história é repleta de humor negro e reflexões que, apesar de se passarem na Rússia soviética de Stálin, são praticamente atemporais. Muitas de suas críticas podem ser facilmente enquadradas em sistemas e governos que conhecemos hoje. As narrativas seguem estilos diferentes a cada trecho da obra.
Três desses trechos do romance inspiraram três canções de rock: "Love And Destroy", do Franz Ferdinand; "Pilate", do Pearl Jam, e a que nos interessa neste texto.
"Sympathy For The Devil", do The Rolling Stones foi lançada no sétimo álbum da banda, em 1968 e fez um estrondoso sucesso na época. Na lista das 500 Melhores Canções da Música, da Revista Rolling Stone, está na 32ª posição.
Na letra, Jagger é o Príncipe das Trevas cantando sua trajetória pela história da humanidade e suas reações a eventos como a crucificação do Cristo, a revolução russa e a segunda guerra mundial, envolvendo detalhes de acontecimentos da época. A banda foi acusada de satanista, claro!
Embora muita gente pense que seu relacionamento com Luciana Gimenez e o filho gerado desse breve enlace seja a única ligação que tem com o Brasil, a verdade é que Mick Jagger se relaciona com nosso país desde os anos 60. No fim daquela década de 60, quando ele namorava a então famosa cantora Mariane Faithfull, (ela gravou algumas canções composta por ele), o casal visitou o Brasil, segundo o livro "Sexo, Drogas e Rolling Stones" do brasileiro José Emílio Rondeau.
Uma das visitas teria ocorrido à Salvador em janeiro de 1968. Quando Mick e Mariane chegaram, era o dia da tradicional lavagem das escadarias da Igreja do Nosso Senhor do Bonfim. Ficaram impressionados com o ritual. A celebração, uma das maiores demonstrações do convívio harmonioso entre católicos e candomblecistas, é marcado, entre outras coisas, pelo som dos atabaques. Pouco antes, ainda segundo o livro, Jagger e Richards estiveram em Matão, no interior de São Paulo, após passarem o réveillon no Rio de Janeiro e lá visitaram um terreiro de candomblé para assistirem um culto ao vivo.
Após a volta da Bahia, Jagger chegou ao estúdio com a idéia da canção. O som seria travestido de samba, simulando um ritual afro de candomblé. Por isso a percussão repetida e hipnotizante, que não cresce nem diminui, mas mantém-se vibrante, e enérgica. Um piano faz as vezes de música gospel, indicando certa contravenção religiosa aparente- afinal, teria visto o mesmo com Mariane.
Imagine só, um pai protestante americano ou anglicano inglês, conservadores, vendo um filho chegar empolgado em casa, bolachão embaixo do braço e, em seu quarto, ouve a canção pulando como um enfeitiçado de algum vodu ao som de batidas de macumba misturadas com o "som de Deus", enquanto o diabo lhe explica que estava perto de Jesus quando este teve dúvidas e dor.
Um documentário dirigido por Jean Luc Godard chamdo One Plus mostra a banda ensaiando a letra em diversos ritmos. O guitarrista Keith Richards quem sugere o ritmo que se tornaria definitivo.
Os pais se enfureciam. A molecada delirava de alegria. Para os conservadores, o Rock era arte pobre feita por gente sem talento e estudo. Sabemos que sempre foi exatamente o contrário!
Uma última curiosidade: embora a ótima versão da banda Guns N'Roses tenha ficado muito famosa, outros a regravaram: Ozzy Osbourne, Motorhead, Jane's Addiction e até uma Claudia Ohana (sim, a atriz).
Assista sobre outros clássicos no recém criado Canal Memórias do Rock no link abaixo.
https://www.youtube.com/channel/UCXOoSQjcfeGYvnhXMT15Bhw...
Ivan Da Luz, com Jayro Teles, é criador do canal Memórias do Rock e editor da fanpage deste canal.
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