Obskure: evolução sonora e musical
Por Ricardo Cunha
Fonte: Esteril Tipo
Postado em 30 de agosto de 2017
Quem viveu o final dos 80 e início dos 90 no Ceará, sabe como era difícil ser "roqueiro" naquela época. Não havia lugares onde as bandas - que eram bem poucas - pudessem se apresentar; não havia espaços públicos para se ouvir rock, e as rádios não tocavam nada além de baladas das bandas de hard rock americano.
Eram raros os shows até mesmo das bandas de fora do estado. Poucas bandas de São Paulo, que detinham algum reconhecido nacional, se habilitavam em tocar por estes lados. Mesmo assim, com intervalos grandes entre uma aparição e outra.
Este era o cenário de muitos que, durante anos, batalharam pelo direito de poder se expressar como músico de rock/metal e pelo reconhecimento desse estilo como arte, pelo meio artístico de um modo geral.
Assim, em meio a todo tipo de dificuldades, numa época cheia de contrassensos, a banda Obskure surge como um dos pioneiros do estilo death metal no estado do Ceará.
No início, a música praticada pela banda, era nada mais do que uma réplica de tantas outras bandas brutais existentes mundo afora.
Em 1989, grava a demo Sound Polution. Uma fita contendo registros de ensaios que, segundo Amaudson Ximenes, foram gravados em sua residência, sem nenhum aparato técnico.
No ano seguinte, em 1990, a banda lança outra demo, a famosa Uterus and Grave. Um brutal grindcore cujas referências mais próximas seriam Carcass e Benediction de inicio de carreira.
Com Opressions In Obscurity, de 1992, a banda se mantem na mesma linha da demo anterior praticando um brutal grindcore, tosco e sem concessões.
Em 1993, ano em que comecei a acompanhar a banda, lançam The Singin of Hungry. Ocasião na qual, registra-se as primeiras inovações com à introdução de teclados à sonoridade do grupo e pela adição de uma mulher à formação. Cristiane Rocha – mais conhecida como Cris Coturno.
No intervalo de 1994 a 1997 a banda passou por mudanças internas, e isso parece tê-la motivado mais. Refinou-se musicalmente e preparou o terreno para aquele que foi o seu primeiro álbum completo.
Overcasting foi lançado em 1998. Um disco magnifico, que combina peso, agressividade, melodia e suavidade. Com esta obra, a banda conseguiu realizar uma fusão sonora ao mesmo tempo extrema e musical.
Na tour de Overcasting a banda percorre os quatro cantos do país. Sendo que um dos momentos mais marcantes, foi a participação como convidado especial do Krisiun, no show de encerramento da turnê do álbum Conquerors Of Armageddon em São Paulo.
Novamente, em meio à mudanças de formação e outras intempéries, lança os EPs The Emptiness Spectable, em 2001, que conta com a participação de Alex Camargo (Krisiun) e From One Who Stopped Dreaming, em 2005.
Em 2008, a banda representou o Ceará na Metal Battle Brasil, seletiva para o festival alemão, Wacken Open Air (atualmente, o maior festival de Metal do mundo), ocorrida em São Paulo.
Em 2012 a banda renasce com o excelente Dense Shades of
Mankind. Um disco no qual a banda explora a fundo suas influências mais "raízes" na linha do old school death metal.
Em "Dense" as influências mais evidentes são Hipocrisy, Nocturnos, Dimmu Borgir e Morbid Angel (entre outras). Uma obra complexa e cheia de nuances. Mas, acima de tudo, cheia de qualidades!
Ainda em 2012 a banda relança a demo Opressions in Obscurity e, em 2013, numa parceria com os santistas do No Sense, relança a demo Uterus and Grave, em formato split EP, 7".
Em 2014, celebrando 25 anos de carreira, a banda lança o DVD "Obskure 25 anos", gravado no Festival Dragão Metal, no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, em Fortaleza/CE.
Os anos de estrada levaram o Obskure de um nível ultrarradical para outro mais elaborado mas, nem por isso, comercial. A coragem dos músicos em pretenderem-se originais os colocou dentre os principais nomes do estilo no Brasil, tornando-os relevantes na luta simbólica contra a exacerbação das distorções sociais e das muitas formas de intolerância em nome do death metal.
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



O New York Times escolheu: a melhor música do ano de 2025 é de uma banda de metal
System of a Down volta à América Latina em maio de 2026
O clássico do rock nacional cujo refrão é cantado onze vezes em quatro minutos
O solo de baixo heavy metal que, para Flea, é um grande momento da história do rock
Move Concerts faz post sobre vinda do Iron Maiden ao Brasil em 2026
Michael Sweet, vocalista e guitarrista do Stryper, é diagnosticado com câncer
O disco que Flea considera o maior de todos os tempos; "Tem tudo o que você pode querer"
Dream Theater anuncia turnê que passará por 6 cidades no Brasil em 2026
O primeiro supergrupo de rock da história, segundo jornalista Sérgio Martins
Como seria o Sepultura se Max não tivesse deixado a banda, segundo ele mesmo
O que Ritchie Blackmore pensa sobre Jimmy Page como músico; "um guitarrista estranho"
Lemmy lembra shows ruins de Jimi Hendrix; "o pior tipo de coisa que você ouviria na vida"
Como foi a reconciliação dos irmãos Cavalera, segundo eles mesmos
A maior banda, música, álbum e vocalista nacional e gringo de 1985, segundo a Bizz
Os três guitarristas que Jerry Cantrell do Alice in Chains considera "extraterrestes"
A banda de metal dos anos 2000 que foi elogiada por Lars Ulrich e Steve Harris
Dave Mustaine cantarola Jorge Ben Jor e diz que não conhece nenhuma música do Sepultura
Os dois rockstars que influenciaram Casagrande a entrar no mundo das drogas


Alcest - Discografia comentada
Eles abriram caminho para bandas como o Guns N' Roses, mas muita gente nunca ouviu falar deles
Guns N' Roses: como foram gravados os "ruídos sexuais" de "Rocket Queen"



