Rod Stewart: o grande vocalista que o rock perdeu
Por Igor Miranda
Postado em 13 de outubro de 2016
Rod Stewart me lembra Roberto Carlos em muitos aspectos. Ambos tiveram proximidade com o rock no início de suas carreiras, mas a abandonaram em busca de outro estilo mais popular e, obviamente, rentável.
O inglês, nascido em 10 de janeiro de 1945, tem uma carreira fascinante até metade da década de 1970. Depois, uma série de trabalhos questionáveis - e alguns momentos bregas que eu, particularmente, gosto - marcam a trajetória do cantor. De alguns anos para cá, tornou-se "o terror das tias".
Ainda na década de 1960, Rod Stewart surgiu no Jeff Beck Group, com o talentoso guitarrista que dá nome ao projeto. "Truth" (1968) e "Beck-Ola" (1969) fazem um elo bastante concreto entre o blues rock e o psicodélico. É menos lisérgico que Jimi Hendrix e menos bluesy que o Cream.
Ambos os trabalhos renderam mais nos Estados Unidos do que no Reino Unido, terra de origem dos músicos envolvidos. Essa boa imagem fora da Europa serviu bem para a montagem do Faces, formado após o fim do Small Faces e com Rod Stewart nos vocais.
Mais orientado ao blues, o Faces existiu por pouco tempo (apenas seis anos), mas foi o suficiente para que quatro bons álbuns de estúdio fossem lançados. O melhor, para mim, é "A Nod Is As Good As a Wink... to a Blind Horse" (1971), mas os demais também são acima da média.
Paralelamente, Rod Stewart trabalhava, desde 1969, em uma carreira solo. Aproveitou melhor ainda a boa reputação que conquistou nos Estados Unidos para se lançar por lá. O som de sua carreira solo continha os elementos das bandas que integrou, mas tinha uma pitada americana calcada tanto no folk quanto no country, em acréscimo ao hard/blues rock que praticava convencionalmente.
O resultado não poderia ser diferente: a partir do excelente "Every Picture Tells a Story" (1971), Rod Stewart virou sucesso na América e, consequentemente, no mundo. E sem abdicar da qualidade, pois há muitas excelentes músicas nesses registros iniciais.
Em suma, todos os discos que envolvem Rod Stewart até "A Night on the Town" (1976) são irretocáveis. E até mesmo quando mergulhou no pop, há trabalhos que merecem ser ouvidos.
Stewart nunca foi do tipo compositor, tanto que a maior parte de seus trabalhos solo, ainda mais no início, é composta de covers e colaborações externas. Mas Rod tinha (e tem) uma capacidade de interpretação acima da média, além de ser um bom produtor e saber como adaptar canções já existentes em versões inesquecíveis.
Com o tempo, Rod Stewart moldou sua imagem para tornar-se, enfim, um crooner. Não exatamente de jazz, mas de canções populares. Ainda recentemente, Stewart se manteve na ativa com mais covers do que canções autorais. O trunfo é a habilidade em ser intérprete. Rod não é só o cantor que o rock perdeu, como também o crooner que Elvis Presley se tornaria caso não morresse em 1977.
A voz rouca e a capacidade de interpretação de Rod Stewart compõem o seu charme, que foi trabalhado posteriormente na sua carreira orientada a gêneros mais pop. Stewart jamais atingiu novamente um nível perto do seu auge no início dos anos 1970 - somente a conta bancária chegou ao ápice, já que hoje ele é um dos artistas que mais venderam na história da música, com 100 milhões de discos comercializados.
Para mim, Rod Stewart foi o grande vocalista de rock que o estilo perdeu, pelas características expostas acima. Não dá para deixar de reconhecer que, mesmo no pop, ele é diferenciado. No entanto, meu lado roqueiro me deixa curioso e pensativo na possibilidade de Stewart ter feito, ao longo de toda a sua trajetória, discos como os que lançou entre 1968 e 1976.
Seguem, abaixo, três grandes discos lançados por Rod Stewart em sua "fase rock n' roll":
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