Mogwai
Por Fabricio Boppré e Natalia Vale Asari
Postado em 25 de junho de 2006
Originalmente publicada no site Dying Days
Se você costumava assistir aos filmes do diretor Joe Dante na década de 80, deve se lembrar daquele que foi certamente um de seus maiores sucessos: Gremlins, de 1984. Mesmo quem não assistiu conhece as famosas criaturas que deram o nome ao filme. Agora, se este não é seu filme preferido ou você não tem memória cinematográfica, será que lembra o nome dos meigos bichinhos que se transformavam nos Gremlins? Eles eram mogwais, claro!
Aí está a inspiração para o nome desta fascinante banda, proveniente da capital da Escócia, Glasgow. O Mogwai é um grupo formado pelos amigos de longa data Stuart Braithwaite (guitarrista e vocalista), Dominic Aitchison (guitarrista e baixista) e Martin Bulloch (baterista). Como eles tinham a idéia de fazer música completamente baseada no som de guitarras ("serious guitar music"), acabaram chamando o guitarrista John Cummings para se juntar ao line-up da banda por volta de 1995.
Em 1996, o Mogwai conseguiu lançar seu primeiro trabalho, o single "Tuner". As canções ainda possuíam "vocais normais" nesta época. Logo depois a banda lançou um split CD junto com o Dweeb, chamado "Angels vs. Aliens". Este trabalho acabou sendo um grande sucesso no circuito underground britânico, permanecendo um bom tempo no Top Ten de lançamentos indies do Reino Unido. O grupo seguiu se projetando e definindo seu som cada vez mais, ao mesmo tempo em que participava de algumas coletâneas de selos europeus.
No final de 1996, o Mogwai lançou o 7'' "Summer". Logo depois, já em 1997, o single "New Paths to Helicon" chegou às prateleiras. Após tantos lançamentos menores, o Mogwai lançou finalmente um LP, "Ten Rapid". Esse disco consiste das melhores músicas lançadas nos 2 primeiros anos de vida do grupo. Quem apostou neles foi o selo americano Jetset, e a banda acabou estabelecendo-se nos EUA.
Ainda em 1997, o Mogwai lançou o EP "4 Satin". Nessa época, o grupo contou com a participação de Brendan O'Hare (com passagens no Teenage Fanclub e Telstar Ponies) para gravar o debut real da banda, que sairia logo depois sob o título de "Young Team".
A essa altura, o Mogwai já havia criado um som bastante característico, cuja referência mais próxima é o Slint, grupo que lançou dois discos fundamentais entre 1989 e 1991 antes de seu prematuro fim. Assim como o Slint, o Mogwai dá total destaque às guitarras em suas músicas, deixando os vocais (ainda mais notadamente que no Slint) e todo o resto como suporte. A banda evolui cada vez mais a sua incrível capacidade de construir belas melodias e estruturas que evidenciam essa forte característica. Teclados, atmosferas quase sempre melancólicas, momentos pesados alternando-se com outros extremamentes delicados unem-se criando canções de um bom gosto indiscutível e raro hoje em dia. Com isso, o Mogwai chamava cada vez mais atenção.
Após o lançamento de "Young Team", também pela Jetset, Brendan deixou o grupo. Já em 1998, o Mogwai lançou o disco duplo "Kicking a Dead Pig", contendo versões remixadas de algumas de suas músicas anteriores. Alguns meses depois saiu outro pequeno lançamento, o EP "No Education No Future (Fuck The Curfew)".
Em 1999, a banda lançou seu terceiro LP de estúdio, "Come On Die Young". A partir desse disco, o Mogwai pôde contar com a participação do multi-instrumentista Barry Burns, integrado ao line-up da banda no final das sessões de gravação. "Come on Die Young" pode ser considerado uma continuação de "Young Team". A banda segue a mesma proposta de antes, mas com canções melhor produzidas e refinadas, além de um traço melancólico mais acentuado. Uma das melhores faixas do disco, Christmas Steps, uma regravação de uma de suas primeiras músicas, lhes rendeu uma indicação para o Mercury Music Prize. Foi também através dessa música que o Manic Street Preachers descobriu o som do Mogwai e os convidou para abrir os seus próximos shows. Também em 1999 saiu o EP "Mogwai EP + 2".
Nessa época, além do reconhecimento musical, o Mogwai também começou a chamar a atenção por atitudes como instigar a platéia de seus shows a fazer coros do tipo "Fuck the Queen" e vender, através de pequenas estandes em suas apresentações, camisetas com a inscrição "Blur: Are Shite". O Mogwai tem um senso de humor raro e parece não dar a menor importância se os outros entendem suas músicas e atitudes ou não. Para ter uma idéia, vamos a algumas citações. Sobre prêmios: "Mercury Music Prize Kiss of Death avoids mogwai again. Thankyou God." (site oficial, 2003). E sobre eles próprios: "mogwai loves you more than god does." (site oficial, 2003) e "If someone said that Mogwai are the stars I would not object. If the stars had a sound it would sound like this." (da música Yes! I Am A Long Way From Home).
Em 2000 saiu uma versão remasterizada de "Ten Rapid", a coletânea de singles que o grupo havia lançado em 1997, além de mais um EP chamado simplesmente de "Mogwai EP".
No mesmo ano, o grupo apareceu como headline do All Tomorrow’s Parties, um tradicional festival inglês realizado em um acampamento durante um fim de semana. Lá, o Mogwai apresentou duas novas canções, das quais uma era uma versão de 20 minutos do tradicional hino judeu My Father My King. Foi nessa época que o eles conheceram o produtor Arthur Baker, que viria a ser um colaborador constante do Mogwai.
No começo de 2001, a banda continuou participando de várias apresentações ao redor do mundo. No final de abril, saiu o esperado quarto disco: "Rock Action", no qual a banda conta com participações de nomes como David Pajo (Slint, Zwan) e Gruff Rhys (Super Furry Animals). Rhys, inclusive, canta em Dial: Revenge na sua língua nativa, o galês. O nome do disco foi inspirado na canção "Rock Action" de Iggy Pop e produzido por Dave Fridmann, nos estúdios Tarbox (propriedade de Dave Fridmann), além de sessões adicionais em outros estúdios em Nova Iorque e Glasgow. O disco está ainda mais refinado do que seus anteriores e um pouco mais eclético também. Confira as palavras de Stuart sobre "Rock Action": "It's very different. We've used a lot of varied instrumentation, like banjos and violins and trumpets. Oh, and trombones! It's not stark at all. It's more Pet Sounds than Psychocandy. It's velvety, with a little 'v'. We've moved away from the sackcloth of old. There's still noise, though. We've spent a lot of money making this album sound hissy. There's a lot of bands at the moment making the kind of music we've already made. We needed to do something different. People are going to be really surprised. The whole album is peppered with spastic magic."
Em outubro de 2001, mais um lançamento: um single contendo a versão Mogwai de My Father My King, produzida por Arthur Baker. Em novembo, a banda fechou o ano participando de uma pequena turnê pelo Reino Unido.
Em 2002, o grupo passou pelo Brasil, na turnê de divulgação de "Rock Action". O disco foi lançado em terras nacionais pela Trama e conta com uma música bônus. No início de 2003, o Mogwai concedeu os direito para a Levi's usar a canção Summer em uma propaganda, veiculada durante a Super Bowl. Isso causou muitas controvérsias entre os fãs da banda, que cobraram uma atitude mais "anti-capitalista". O Mogwai respondeu à sua maneira e investiu o dinheiro na Rock Action Records.
Em junho de 2003, o quinto disco do Mogwai foi lançado. Provisoriamente intitulado "Bag Of Agony", sofreu uma reviravolta no cartório e acabou sendo lançado com o apropriado nome de "Happy Songs For Happy People". As melodias em "Happy Songs..." parecem cada vez mais perfeitas, cada som e silêncio em seus lugares naturais. São momentos tênues e ao mesmo tempo densos e intencionais. Desenhou-se para Hunted by a Freak, a espetacular faixa de abertura, um instigante video-clipe disponibilizado no site oficial da banda logo após o lançamente do álbum.
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