Garbage e L7: uma noite dedicada ao poder das mulheres e à liberdade
Resenha - Garbage e L7 (Terra SP, São Paulo, 22/03/2025)
Por Diego Camara
Postado em 26 de março de 2025
São nove anos desde a última apresentação principal do Garbage em São Paulo. Foi em 2016, no finado Tropical Butantã, que Shirley Manson e companhia tocaram um show espetacular, que encantou a todos os fãs da banda. Desta vez, o Terra SP foi o local escolhido pela Libration MC para o show, e o público lotou o espaço para ver novamente uma mulher que, apesar de todos os problemas recentes de saúde, não deixou de apresentar toda a desenvoltura e a sua excentricidade no palco. Confira abaixo os principais detalhes do show, com as imagens de Fernando Yokota.
A banda responsável pela abertura do show foi a The Mönic, um quarteto de mulheres do rock alternativo que apostam num som forte, letras em português e um toque subversivo que se encaixa totalmente no espetáculo da noite. A qualidade do som estava um pouco ruim, com muita microfonia no início do espetáculo e um microfone baixo para a vocalista Ale Labelle, mas isso não tirou em momento algum a empolgação da banda, que mostrou muita força de vontade e encantou o público com um som cru e uma pegava que se aproxima muito do punk rock.


O L7 foi subir no palco no horário marcado para um público que já enchia totalmente o Terra SP. Se a casa não esgotou, chegou sem dúvidas muito perto. As duas pistas em grande pandemônio quando a banda começou a tocar "The Beauty Process". O público se animou bastante, mas o som parecia um pouco embolado no início do espetáculom especialmente com os vocais um pouco soltos.


O som foi melhorando durante o show, e as boas guitarras em "Scrap" tomaram de assalto o som da casa e o humor do público, mas em "Fuel my Fire" os fãs ficaram em chamas, e a performance da banda foi realmente excelente. O ritmo do rock de "Stadium West" foi outro destaque do show, com direito ao público acompanhando a banda nas palmas.

Com um setlist mais reduzido, a banda focou bem mais nas músicas e em trazer os seus maiores sucessos para o palco. Não poderia faltar "Andres", baseada em um brasileiro, que fez o público cantar junto o tempo inteiro. "Bad Things", que veio pouco depois, fez os fãs cantarem e ovacionarem a banda.


O show foi subir de nível na sua parte final. "Everglade", uma das queridinhas dos fãs, foi cantada com muita vontade pelo público, superando até o som do palco. O público também se encantou muito com "Shove", em um excelente trabalho de guitarra de Suzi Gardner.


O maior sucesso da banda teve a grande surpresa do show. "Pretend We’re Dead" fez o público ir a loucura com um dos melhores momentos do show. A performance foi coroada com a aparição da cantora brasileira LoveFoxxx do grupo Cansei de Ser Sexy, que levou o público a loucura, para aplausos dos fãs.

Setlist L7:
The Beauty Process
Scrap
Monster
Fuel My Fire
One More Thing
Stadium West
Andres
Must Have More
Bad Things
Stuck Here Again
Everglade
Dispatch From Mar-a-Lago
Shove
Pretend We're Dead (com Lovefoxxx)
Shitlist
Fast and Frightening

Com quase 10 minutos de atraso, o Garbage subiu ao palco para a apresentação derradeira da noite. O público foi a loucura desde o início de "Queer", cantando junto com Manson a música inteira, com a coroa indo para o solo de guitarra de Steve Marker. A qualidade do palco era muito boa, e a lotação fez a casa ficar realmente pequena para tantos fãs.

Apesar do show a parte de Shirley Manson, é importante dar destaque para a banda de apoio. Em "Fix Me Now", a guitarra e o baixo estavam muito bem, e a voz secundária de Nicole Fiorentino adiciona uma camada interessante de som ao Garbage. Manson foi mais uma vez acompanhada de perto pelo público, que dividiu com ela os vocais da música, com especial empolgação no refrão.


Em "The Men Who Rule the World", Manson parou um pouco o show para agradecer ao público e tecer um longo discurso sobre a importância do L7 para a música internacional, elogiando elas pela resiliência em se manter na indústria depois de tanto tempo e permanecerem firmes apesar de todas as pressões e do machismo que corrói o entretenimento musical.


Os trechos de "Personal Jesus" do Depeche Mode encantaram o público em "Wicked Ways, e a performance colorida de Manson foi coroando o espetáculo. O show é feito em torno dela, das suas danças, das luzes colocadas e posicionadas de maneira estratégica para o apelo visual da vocalista e fazendo com que o público mantenha o olhar nela o tempo todo enquanto ela desliza pelo palco.

Na segunda metade do show a coisa ficou ainda mais séria. A sequência das melhores músicas da banda foi escolhida a dedo. A primeira foi "Special", com um refrão que fez o público cantar tão alto que o som do palco parecia pouco para toda a empolgação dos fãs. "Stupid Girl", logo em seguida, veio na mesma toada, com outro convite para o público dançar na pista apertada do Terra SP junto com Shirley Manson.


A vocalista pediu que o público todo acompanhasse e cantasse com ela em "Only Happy When it Rains". A performance dela aqui foi o ponto alto, começando com um ritmo leve da introdução da música, de maneira mágica tomando todo o som da casa, para terminar num ritmo forte na sua segunda parte, com outro excelente trabalho de guitarra de Steve Marker.


O ritmo esquentou com "I Think I’m Paranoid", no que sem dúvidas foi uma das melhores performances da noite, em todos os sentidos. O público cantou muito e Manson deu tudo de si no palco, com impressionante desenvoltura, ainda mais depois de todos os percalços que teve durante o ano passado.

Logo em seguida, "Cherry Lips" foi dedicada a toda a comunidade LGBTQIA+, mas em especial a todas a comunidade trans. Manson não deixou de criticar, mais uma vez, a situação do mundo e do clima de ódio que está instalado e dizer que as pessoas devem ter liberdade de serem o que quiserem ser e, especialmente, de viver como elas querem viver.


No bis, a banda voltou para fechar o show com a música "When I Grow Up", quando já se aproximava da meia noite de sábado, com a maioria do público não querendo, de modo algum, deixar a casa e nem terminar o show. O resultado, no geral, foi muito superior a apresentação que ocorreu 9 anos atrás, especialmente pela animação extrema dos fãs.


Setlist Garbage:
Intro: Laura Palmer's Theme (música de Angelo Badalamenti)
Queer
Fix Me Now
Empty
The Men Who Rule the World
Wicked Ways
The Trick Is to Keep Breathing
Wolves
Cup of Coffee
Vow
Special
Stupid Girl
Only Happy When It Rains
Milk
#1 Crush
I Think I'm Paranoid
Cherry Lips (Go Baby Go!)
Push It
Bis
When I Grow Up
Garbage:













L7:














The Mönic:












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