Titãs faz show histórico em Curitiba
Resenha - Titãs (Pedreira Paulo Leminski, Curitiba, 02/06/2023)
Por Gustavo Maiato
Postado em 15 de junho de 2023
Não é toda banda de rock nacional em pleno 2023 que é capaz de mobilizar dezenas de milhares de fãs para um show. Longe de convocar a máxima que diz que o "rock morreu", é fato que o estilo viveu dias melhores nos anos 1980 – pelo menos em termos de popularidade.
Mas quem disse que a reunião da formação clássica dos Titãs ligou para as estatísticas? Com a Pedreira Paulo Leminski entupida de roqueiros (de todas as idades), os dinossauros do rock nacional entregaram um show pra lá de animado e dinâmico – com um verdadeiro rodízio de vocalistas, backing vocals e até mesmo instrumentistas.
O setlist privilegiou o aclamado álbum "Cabeça Dinossauro" (dez músicas desse registro), mas não deixou de lado clássicos de "Jesus não tem dentes no país dos banguelas", "Televisão", entre outros.
O passeio musical iniciou com "Diversão", "Lugar Nenhum" e "Desordem", que acabou sendo responsável pela primeira grande agitação do público, que cantou forte seus versos transgressores. O posto de cantor principal era revezado por Arnaldo Antunes, Paulo Miklos e Branco Mello, que está com a voz bastante rouca devido ao câncer recente na faringe.
"Homem Primata" foi outra que caiu muito bem nesse primeiro terço do show e "O Pulso", com seus versos que enumeram doenças, fez Arnaldo Antunes brilhar no palco da Pedreira. Já em "Nome aos Bois", hit interpretado por Nando Reis que lista ditadores e pessoas que de alguma forma fizeram mal à humanidade, o vocalista teve a ideia de incluir o nome do ex-presidente Jair Bolsonaro entre os malfeitores. O resultado? Uma tremenda vaia do público curitibano – tradicionalmente mais alinhado com a direita.
Após breve interrupção devido à queda do gerador de energia, "Cabeça Dinossauro" finalizou o primeiro terço e agora o trecho acústico começaria. A bateria de Charles Gavin foi colocada mais na beirada do palco e Nando Reis trocou o baixo pelo violão. Nessa seção, "Epitáfio" viu dezenas de milhares de palmas acompanharem seu ritmo e "Os Cegos do Castelo", eternizada no "Acústico MTV", foi certamente uma das melhores da noite, com os fãs cantando forte.
Logo depois, Alice Fromer, filha do saudoso Marcelo Fromer, chegou para ajudar Arnaldo Antunes a cantar hits de seu pai, como "Toda cor". Caminhando para a terceira parte do show, "Família" trouxe uma vibe mais cadenciada para a apresentação, mas "Porrada", "Polícia", "AAUU" e "Bichos Escrotos" trataram de relembrar a todos da potência punk dos Titãs. Já para o bis, "Marvin" e "Sonífera Ilha" fizeram a festa dos que esperaram décadas para ver a formação clássica reunida. O show dos Titãs prova que o rock tem sim muito a oferecer, mas resta a dúvida de quem continuará esse legado da música pesada brasileira.
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