Nothing: a nova geração vem com tudo!
Resenha - Nothing (Fabrique, São Paulo, 30/04/2023)
Por Diego Camara
Postado em 04 de maio de 2023
Em pouco mais de 10 anos de carreira, o Nothing já saiu do status de banda promissora para ocupar um lugar de destaque no shoegaze, criando novos caminhos psicodélicos com um som denso, forte e cheio de belíssimas nuances. E finalmente tivemos a oportunidade de ver isto ao vivo num dos melhores sons que a Fabrique Club entregou neste ano. Confira abaixo os principais detalhes do show, com as imagens de Fernando Yokota.
Para este show inesquecível, duas bandas foram selecionadas para realizar a abertura. A primeira foi a Putz, uma banda jovem no cenário brasileiro liderada pela vocalista e guitarrista Giovanna Zambianchi, filha do guitarrista e compositor Kiko Zambianchi. A banda traz um som jovial e moderno, em uma pegada bastante comum ao rock nacional. A banda tem uma cozinha muito bem ajeitada em torno da bateria de Antonio Fermentão, e agradou o pequeno público que estava presente no show. Sem dúvidas os fãs da música alternativa ainda ouvirão muito falar da banda, que tem um enorme potencial.
Em seguida veio o dueto (mas hoje quarteto) carioca gorduratrans, com seu shoegaze de influência noise. O som estava ótimo, e o belo uso da música ambiente, de um som arrastado nas guitarras trouxe um clima mais soturno à Fabrique, que já estava mais lotada para a apresentação do que na banda anterior. Belo destaque para a música final, "Vcnvqnd", que encantou o público, fazendo todos cantarem junto com a banda.
Com um pequeno atraso de 20 minutos, o Nothing subiu ao palco para fechar a noite e encantou o público desde as primeiras notas de "Say Less". O público era bem decente, mas a casa não estava completamente lotada, mas não houve fã que não se apaixonasse pelo poderio da banda, com uma instrumentação forte e consistente puxada pela bateria e o encantador baixo de Christina Michelle.
O uso do som ambiente foi claro em diversas das músicas do show, criando um clima sombrio que era bem construído com a meia luz do palco. O silêncio do público, como em "Hymn to the Pillory", deixou o clima ainda mais pesado, fazendo com que o som flutuasse de maneira encantadora.
A banda soube trabalhar muito bem o ânimo dos fãs, contrabalançando músicas leves com outras pesadas. "The Dead are Dumb" foi lindíssima, puxada por ambos os vocais da banda, com o guitarrista Doyle Martin acompanhando Domenic Palermo. "The Carpenter’s Son" é arrastada, puxada por uma bateria bem cadenciada e uma guitarra quase interminável, que deixa o público atento durante todo a apresentação.
Se aproximando da parte final do show, o Nothing sacou as músicas que o público estava pedindo desde o início. Começou com "Famine Asylum", rápida e animada, fazendo o público acompanhar nas palmas o ritmo da canção e finalizada por uma pancada que fez todo mundo na casa bater cabeça. Logo em seguida veio "B&E", outra das favoritas dos fãs, em outro momento de encanto com o som de baixo que delineou perfeitamente toda a canção.
O show já se caminhava para o final quando a banda deixou o palco, para desespero dos fãs que gritaram o nome da banda até que eles retornassem. Palermo se mostrou bastante emocionado pelo calor do público, fazendo os fãs cantarem mais um pouco o nome da banda antes de pedir que todos cantassem junto com ele "Vertigo Flowers", a favorita do público que levou a um moshpit insano no centro da pista. "HOPE" veio logo em seguida, outro sucesso cantado pelos fãs, que fechou muito bem o espetáculo.
No final, o público não queria de modo algum deixar a casa, tanto foi o encantamento com a apresentação do Nothing. O belíssimo trabalho feito pela banda, com uma ótima produção da Powerline, trouxe um sério candidato ao melhor show do ano. Parabéns a todos os envolvidos.
Setlist:
Say Less
April Ha Ha
Hymn to the Pillory
Fever Queen
Zero Day
The Dead Are Dumb
Chloroform
The Carpenter's Son
Famine Asylum
B&E
Bis:
Vertigo Flowers
(HOPE) Is Just Another Word With a Hole in It
Nothing
Gorduratrans
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