Animals as Leaders: a violência calculada na arte das oito cordas
Resenha - Animals as Leaders (Carioca Club, São Paulo, 05/12/2022)
Por Diego Camara
Postado em 10 de dezembro de 2022
Este fim de ano está sendo arrasador em termos de shows. Depois de um fim de semana com Lucifer e Exodus, a segunda-feira reservou a apresentação do Animals as Leaders para o público amante da arte musical. O trio estadunidense de metal progressivo, conhecida pela complexidade musical e a potência dos seus instrumentos, veio novamente ao Brasil para a sua segunda apresentação em nossas terras, após uma apresentação de tirar o fôlego em 2017. Confira os principais detalhes do show, com as imagens psicodélicas de Fernando Yokota.
A abertura contou com a participação da dupla Casagrande & Hanysz, dueto formado pelo lendário baterista Eloy Casagrande e o guitarrista João Hanysz, convidados pelo Animals as Leaders para aquecer o público na noite fria e chuvosa de São Paulo. Os dois apresentaram durante 40 minutos um pouco de seu intrincado e potente som e o EP "Edge of Chaos", lançado por eles no ano passado. O dueto sem dúvidas surpreendeu com um som que une o aspecto primal a força da complexidade instrumental. Nada diferente de se esperar de um projeto de Eloy, que mostra todo o seu virtuosismo neste projeto inovador. Vale a pena ficar de olho no trabalho deles.
O Animal as Leaders foi subir ao palco pouco depois das 21h30m, para um público razoável, mas longe de lotar o Carioca Club. A data de segunda-feira, não comum para realização de shows, mais chuva e jogo da seleção brasileira no mesmo dia não pareceu ajudar muito no contexto da apresentação, que ficou aquém em termos de público para um show da magnitude do trio.
Mas fora isso, só foi a banda subir ao palco para que o público ficasse novamente encantado. Como na apresentação de 2017, faltaram brechas para um som cheio de potência e uma banda pronta para dar o seu melhor. A força das guitarras com "Tooth and Claw", que abriu o show, foi impressionante e valeu os aplausos de todo o público presente.
Muitas vezes acreditamos que é impossível uma banda transmitir ao vivo a mesma qualidade presente nos seus álbuns de estúdio, seja pela própria qualidade do som da casa ou também pelo fato de que as gravações são feitas de modo diferente atualmente do que em tempos passados: o poder da tecnologia nos levou a uma perfeição que muitas vezes é ilusória ou enganosa. Mas com o Animals isso não é verdade, até ao contrário: as apresentações da banda são melhores que os discos, a vontade, potência e a dinamicidade do trio só se mostram ao vivo.
Só ao vivo é possível ver a bateria de Matt Garstka, a potência do homem, que realmente parece uma metralhadora nas baquetas, deixa todos os fãs de queixo caídos. Não falta rapidez e ritmo para nosso querido batera, e a surra instrumental em músicas como "Arithmophobia" e "Ectogenesis" é um verdadeiro primor.
E não foi só de músicas antigas que o Animals se fez presente, a banda apresentou o seu novo disco "Parrhesia" aos fãs. Lançado este ano, o álbum é mais uma espécie de grande projeto experimental da banda, um quintal onde Tosin Abasi e companhia fazem o que eles sabem fazer melhor: colocar seus limites a prova.
O novo disco a banda explora muito um lado cadenciado e lento, o que claramente evidencia muito bem o som da música, como nas introdução de "Thoughts and Prayers", de uma beleza única. Tudo parece muito bem medido e criteriosamente colocado: a banda sabe a hora de acelerar (até além da rapidez da música gravada) e arrastar o show. A música vai escalando para um jogo de batalha de virtuosismo, onde o trio mostra toda sua dinâmica, ditados novamente pela bateria rápida de pulsante de Garstka.
Foi lá para o meio do show que as coisas começaram a ficar ainda mais loucas. Tosin pergunta ao público como é "circle pit" em português, deixando uma parte do público bastante confusa com o pedido do guitarrista. Para uma parte, claro, pois para a outra o pedido foi uma ordem, e o mosh começou no centro da pista para delírio do público, no thrash metal mais progressivo que já vi em minha vida.
O mosh foi durante o show inteiro até o seu final, com direito até a alguns loucos que apostaram em realizar um crowd surfing por cima do público presente. Realmente impressionante!
Na sequência final do show, a banda apostou como sempre nos seus sucessos. As músicas "Physical Education" e "The Woven Web", do "The Joy of Motion", que fizeram enorme sucesso no show de 2017, voltaram para fechar o show da banda. E que pancada mais uma vez, deixando o público insano. Não é pouco que, para quem gosta de música de qualidade, o Animals as Leaders é sem dúvidas um grande exemplo.
Tosin, no final, não pode deixar de agradecer novamente o público pela presença, dizendo que o Brasil é um dos melhores lugares do mundo e que os fãs são maravilhosos por aqui. Realmente, mas quem são maravilhosos são vocês, por nos darem o prazer de ver um show ao vivo deste calibre.
Vale destacar também a grande qualidade da produção, novamente o Carioca Club e a Overload entregaram um espetáculo de respeito e qualidade, que dignifica o trabalho da banda e faz com que eles possam entregar o melhor show possível. Valeu cada centavo a produção.
Setlist:
Tooth and Claw
Arithmophobia
Ectogenesis
Conflict Cartography
Gordian Naught
Thoughts and Prayers
Asahi
The Problem of Other Minds
Ka$cade
Micro-Aggressions
Red Miso
Wave of Babies
Monomyth
Physical Education
The Woven Web
Bis:
CAFO
Animals:
[an error occurred while processing this directive]Casagrande:
Este fim de ano está sendo arrasador em termos de shows. Depois de um fim de semana com Lucifer e Exodus, a segunda-feira reservou a apresentação do Animals as Leaders para o público amante da arte musical. O trio estadunidense de metal progressivo, conhecida pela complexidade musical e a potência dos seus instrumentos, veio novamente ao Brasil para a sua segunda apresentação em nossas terras, após uma apresentação de tirar o fôlego em 2017. Confira os principais detalhes do show, com as imagens psicodélicas de Fernando Yokota.
A abertura contou com a participação da dupla Casagrande & Hanysz, dueto formado pelo lendário baterista Eloy Casagrande e o guitarrista João Hanysz, convidados pelo Animals as Leaders para aquecer o público na noite fria e chuvosa de São Paulo. Os dois apresentaram durante 40 minutos um pouco de seu intrincado e potente som e o EP "Edge of Chaos", lançado por eles no ano passado. O dueto sem dúvidas surpreendeu com um som que une o aspecto primal a força da complexidade instrumental. Nada diferente de se esperar de um projeto de Eloy, que mostra todo o seu virtuosismo neste projeto inovador. Vale a pena ficar de olho no trabalho deles.
[an error occurred while processing this directive]O Animal as Leaders foi subir ao palco pouco depois das 21h30m, para um público razoável, mas longe de lotar o Carioca Club. A data de segunda-feira, não comum para realização de shows, mais chuva e jogo da seleção brasileira no mesmo dia não pareceu ajudar muito no contexto da apresentação, que ficou aquém em termos de público para um show da magnitude do trio.
Mas fora isso, só foi a banda subir ao palco para que o público ficasse novamente encantado. Como na apresentação de 2017, faltaram brechas para um som cheio de potência e uma banda pronta para dar o seu melhor. A força das guitarras com "Tooth and Claw", que abriu o show, foi impressionante e valeu os aplausos de todo o público presente.
Muitas vezes acreditamos que é impossível uma banda transmitir ao vivo a mesma qualidade presente nos seus álbuns de estúdio, seja pela própria qualidade do som da casa ou também pelo fato de que as gravações são feitas de modo diferente atualmente do que em tempos passados: o poder da tecnologia nos levou a uma perfeição que muitas vezes é ilusória ou enganosa. Mas com o Animals isso não é verdade, até ao contrário: as apresentações da banda são melhores que os discos, a vontade, potência e a dinamicidade do trio só se mostram ao vivo.
Só ao vivo é possível ver a bateria de Matt Garstka, a potência do homem, que realmente parece uma metralhadora nas baquetas, deixa todos os fãs de queixo caídos. Não falta rapidez e ritmo para nosso querido batera, e a surra instrumental em músicas como "Arithmophobia" e "Ectogenesis" é um verdadeiro primor.
E não foi só de músicas antigas que o Animals se fez presente, a banda apresentou o seu novo disco "Parrhesia" aos fãs. Lançado este ano, o álbum é mais uma espécie de grande projeto experimental da banda, um quintal onde Tosin Abasi e companhia fazem o que eles sabem fazer melhor: colocar seus limites a prova.
O novo disco a banda explora muito um lado cadenciado e lento, o que claramente evidencia muito bem o som da música, como nas introdução de "Thoughts and Prayers", de uma beleza única. Tudo parece muito bem medido e criteriosamente colocado: a banda sabe a hora de acelerar (até além da rapidez da música gravada) e arrastar o show. A música vai escalando para um jogo de batalha de virtuosismo, onde o trio mostra toda sua dinâmica, ditados novamente pela bateria rápida de pulsante de Garstka.
Foi lá para o meio do show que as coisas começaram a ficar ainda mais loucas. Tosin pergunta ao público como é "circle pit" em português, deixando uma parte do público bastante confusa com o pedido do guitarrista. Para uma parte, claro, pois para a outra o pedido foi uma ordem, e o mosh começou no centro da pista para delírio do público, no thrash metal mais progressivo que já vi em minha vida.
O mosh foi durante o show inteiro até o seu final, com direito até a alguns loucos que apostaram em realizar um crowd surfing por cima do público presente. Realmente impressionante!
Na sequência final do show, a banda apostou como sempre nos seus sucessos. As músicas "Physical Education" e "The Woven Web", do "The Joy of Motion", que fizeram enorme sucesso no show de 2017, voltaram para fechar o show da banda. E que pancada mais uma vez, deixando o público insano. Não é pouco que, para quem gosta de música de qualidade, o Animals as Leaders é sem dúvidas um grande exemplo.
Tosin, no final, não pode deixar de agradecer novamente o público pela presença, dizendo que o Brasil é um dos melhores lugares do mundo e que os fãs são maravilhosos por aqui. Realmente, mas quem são maravilhosos são vocês, por nos darem o prazer de ver um show ao vivo deste calibre.
Vale destacar também a grande qualidade da produção, novamente o Carioca Club e a Overload entregaram um espetáculo de respeito e qualidade, que dignifica o trabalho da banda e faz com que eles possam entregar o melhor show possível. Valeu cada centavo a produção.
Setlist:
Tooth and Claw
Arithmophobia
Ectogenesis
Conflict Cartography
Gordian Naught
Thoughts and Prayers
Asahi
The Problem of Other Minds
Ka$cade
Micro-Aggressions
Red Miso
Wave of Babies
Monomyth
Physical Education
The Woven Web
Bis:
CAFO
Animals:
Casagrande:
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