Resenha - Billy Idol (Rock In Rio, Rio de Janeiro, 10/09/2022)
Por Rudson Xaulin
Postado em 15 de setembro de 2022
O que eu li, entre tantos "bons" adjetivos: "Velho, decadente, passando vergonha, vexame e fim de carreira deprimente". O que eu vi: "Um senhor de 66 (sessenta e seis) anos, ainda lembrando quem ele era na sua juventude, no palco do maior festival de música do mundo". Billy Idol sempre será Billy Idol. Esse é seu legado, sua história e seu registro no túmulo até o fim. E você? Que mal se reconhece em fotos do colegial, ou de uns dez ou quinze anos passados, escondido atrás de um teclado, feroz, salivando o destilado venenoso para um click bait de quinta categoria. O show foi ruim? Não! Foi abaixo? Sim! Problemas técnicos, e inúmeros, vergonhoso, só que aí sim: Por parte do evento, jamais pelos músicos lá em cima, que não se ouviam. O baterista, gesticulando ao guitarrista, que nada, nada podia ser ouvido, e os caras ainda seguiram, porque são ótimos no que fazem. Se BILLY IDOL é um velho decadente, que a história me permita chegar nos meus 66 anos sendo tão decadente assim, torço por isso...
O show, que começou com o maior hit do "ómi", DANCING WITH MY SELFIE, pegou o Rock In Rio inteiro e colocou no colo da banda. Outras grandes canções vieram a seguir, mas duelar com o público, bem morno, que esperava outras atrações, mais "joviais", era nítido e de tarefa difícil. Mas tudo bem, normal e dentro do esperado. O punk quase dançante do Supla original, seguiu com CRADLE OF LOVE. O trabalho do telão, a cara de old school e trazendo uma áurea mais oitentista, só de ver o que o telão mostrava, foi certeiro, para o que IDOL quer mostrar e ser. Mas talvez o público, aquela plateia, não estava entendendo isso tão bem. Ele é um ícone da sua geração, e onde passa, tenta transportar as pessoas para esses momentos. Isso é viver de passado ou é saber quem de fato você é?
Nitidamente feliz, até ali, IDOL trocou de roupa em cima do palco, cantou o antigo jingle do evento muitas vezes e fez caras e bocas. Suas dancinhas, o couro e a cabeleira característica, estavam lá, simplesmente sendo ele, no auge da idade, ainda sendo quem ele está disposto a ser. Espaço para a ótima FLESH FOR FANTASY e seu quase desnude e CAGE, que ao vivo ficou bem acima. Espaço para WHITE WEDDING, BITTER TASTE e em EYES WITHOUT A FACE, que começou a ficar nítido que a banda tinha problemas, sérios problemas, e mesmo assim, seguiram com o show. IDOL até meio que alfineta o evento, os músicos se olham, se buscam, e ele, não se ouve, ninguém se ouve, uma vergonha, para o evento. Se fosse Veloso, já ia meter um "eu quero ver essa porra funcionado, Rock In Rio", mas... MONY MONY foi muito bacana ao vivo, mesmo com todos os problemas, a cara do baterista já dizia tudo. RUNNING FROM THE GHOST, ao vivo, paulada, bateria estridente e competente, mesmo aos trancos e barrancos.
Tivemos ainda BLUE HIGHWAY e o tema de TOP GUN (ANTHEM), de STEVE STEVENS, "O GUITARRISTA", em letra maiúscula mesmo, se sobrai e é sempre um show à parte. Visualmente sempre lembrando quem ele é, claro, com o fator idade ali, e tudo certo, é a vida, mas com as cordas, o rapaz é de outro mundo, ainda. A banda é coesa, precisa, IDOL cantou mais baixo, tivemos problemas e encerramos o show com REBEL YELL, com BILLY IDOL jogando sua jaqueta, nos braços de uma bondosa fã, uma senhora, de certa idade, que chorou com o adereço nos braços. Então, isso explica que IDOL estava jogando num campo complicado, de uma ou duas gerações, que não lhe pertenciam, mas mesmo assim, ter IDOL para "aquecer" a galera, com 66 anos, ainda sendo ele, não importa o tempo que passe, foi bem divertido sim. Valeu, Billy!
Rudson Xaulin é escritor, autor e produtor
- Mais de 130 livros escritos
- Publicados em Portugal, Brasil, Inglaterra e Argentina
Rock in Rio 2022
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