Pearl Jam: Cada show da banda é uma experiência única
Resenha - Pearl Jam (Maracanã, Rio de Janeiro, 21/03/2018)
Por Gabriel von Borell
Postado em 23 de março de 2018
Após a polêmica do cartaz de divulgação de seu show no Rio de Janeiro, que mostra pássaros armados em alusão à intervenção militar e falta de segurança na cidade, o Pearl Jam abriu sua passagem pelo país, na última quarta-feira (21), com um show poderoso no Maracanã para 50 mil pessoas.
Antes da banda de Seattle, uma das principais expoentes do grunge nos anos 1990, subir ao palco, o duo britânico Royal Blood ficou responsável por aquecer o público. Como bons ingleses, Mike Kerr (vocal, baixo e guitarra) e Ben Thatcher (bateria) surgiram em cena em ponto, às 19h30, para mostrar o porquê de eles serem um dos artistas mais interessantes da cena atual.
Para dar o pontapé inicial no repertório, o Royal Blood escolheu "Where Are You Now?". Com o estádio ainda vazio, Mike e Ben tocaram "Lights Out", "Come on Over" e a empolgante "I Only Lie When I Love You". Diante de uma plateia cada vez mais atenta, o duo executou a irresistível "Little Monster", "Hook, Line & Sinker" e "Hole in Your Heart".
Já no trecho final da apresentação, de exatos 45 minutos, o Royal Blood animou os fãs com "Loose Change", "Figure it Out" e a pesada "Out of the Black", encerrando o show com muitos aplausos.
Cerca de uma hora depois, às 21h28, o Pearl Jam entrou em cena, fazendo o público reagir com fervor. De cara, a banda liderada por Eddie Vedder tocou a catártica "Release Me", do álbum de estreia "Ten" (1991), sendo acompanhada em coro pela plateia.
Ao lado de Jeff Ament (baixo), Stone Gossard (guitarra), Mike McCready (guitarra) e Matt Cameron (bateria), o grupo deu sequência ao repertório com "Low Light", do disco "Yeld", de 1998, e "Elderly Woman Behind the Counter in a Small Town", do "Vs.", lançado em 1993. Com o público vibrante, o Pearl Jam tocou "Go", "All Night", presente na compilação "Lost Dogs" (2003), e "Animal", quando o vocalista abriu a primeira garrafa de vinho para bebericar.
"Estamos muito felizes de estar de volta ao Maracanã (onde a banda se apresentou em 2015). Vendo vocês a gente percebe o quanto sentiu saudade. Nós amamos tocar no Brasil", disse Vedder, em português, conquistando o público.
Na continuação do setlist, vieram a arrepiante "Given to Fly", "In Hiding", a clássica "Jeremy" e a potente "Corduroy", do álbum "Vitology", de 1994. A temperatura do show seguiu aquecida com "Even Flow", dando uma caída com "Immortality".
Logo depois, Vedder dedicou "Wishlist" aos californianos do Red Hot Chili Peppers, sem dar pistas da surpresa que viria mais pra frente. As duas canções seguintes no repertório faziam parte do CD mais recente do Pearl Jam, "Lightning Bolt". Foram elas "Mind Your Manners" e a faixa que dá nome ao disco.
Após a antiga "Garden", o grupo tocou seu novo single, "Can't Deny Me". O que os fãs não esperavam era a chamada por Chad Smith, baterista do RHCP, para assumir as baquetas de Cameron durante a canção. Claro que o Maracanã inteirou ficou ensandecido com a participação.
Por causa do teor político da faixa, Vedder falou sobre liderança. "Não é bom ter um líder ruim. O povo deve ser o líder", declarou, colocando na cabeça em seguida, embora brevemente, uma máscara de Donald Trump.
Durante "Porch", última música da primeira parte do show, Vedder, que dava goladas caprichadas em sua garrafa de vinho, deixou o palco por alguns instantes, enquanto seus companheiros demonstravam suas habilidades com os respectivos instrumentos.
Às 23h04, o Pearl Jam voltou ao palco com "Sleeping by Myself", canção do disco solo de Eddie Vedder "Ukulele Songs", de 2011. A apresentação seguiu com "Inside Job", do disco "Pearl Jam" (2006), "Daughter", "Do the evolution" e "Black".
Na hora do cover de "Leaving Here", de Edward Holland Jr., Vedder dedicou a música às mulheres. "Essa é para todas as mulheres, esposas, filhas e namoradas. Só os homens fracos não apoiam as mulheres", opinou, ganhando ovação.
Após a porrada "Blood", o público se emocionou com a linda "Better Man" e pulou com o hit "Alive". No cover de Neil Young "Rockin' in the Free World", o Pearl Jam trouxe Chad Smith de volta ao palco, só que dessa vez junto com o guitarrista dos Chili Peppers, Josh Klinghoffer, provocando mais um surto nos fãs com o encontro histórico.
Depois de se despedirem dos músicos, que, ao lado de Anthony Kiedis e Flea, tocam neste final de semana no Lollapalooza em São Paulo, Vedder e cia executaram a derradeira "Yellow Ledbetter", para fechar a apresentação com 2h45.
Antes disso, Vedder, que já havia tacado um pedestal de microfone longe, entornou, sorridente, vinho sobre a própria cabeça para coroar a noite de rock.
Em sua quarta passagem pelo Rio nos últimos 13 anos, e sem lançar álbum novo há cinco, fica claro, depois da reação do público, que cada show do Pearl Jam é uma experiência única. E que experiência!
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