Iron Maiden: resenha e fotos de show em Toronto, no Canadá
Resenha - Iron Maiden (Budweiser Stage, Toronto, 15/07/2017)
Por Rodrigo Altaf
Postado em 17 de julho de 2017
Depois de ver a primeira perna da tour Book of Souls, do Iron Maiden, no Rio em 2016, fui vê-los aqui em Toronto, em um dos últimos shows dessa tour.
O local do show foi o Budweiser Stage, anteriormente conhecido como Molson Amphitheater, que já hospedou bandas como Van Halen, Black Sabbath e outros grandes nomes do rock/metal. A chegada foi bem tensa, já que Toronto viveu seu final de semana mais movimentado do ano: além do Iron Maiden, havia a Formula Indy na cidade, diversos outros eventos espalhados por todos os cantos, e o show do Metallica que ocorreria no domingo. Tive que andar alguns quarteirões pra chegar à arena, e de longe já se via o mar de camisas pretas. Pais com filhos ainda novos (alguns com menos de cinco anos!!!), casais, gente de tudo que é lugar do planeta, e aqueles fãs old school que não cortam o mullet desde 1984.
A entrada foi tranquila, e notei um painel com desenhos das futures atrações que aparecerão no local: o próprio Iron, Muse, Midnight Oil, Alice Cooper, Deep Purple, Scorpions e Megadeth. E ao entrar, já quebrei minha promessa de não comprar nada do stand de merchandise – arrematei uma camisa do Eddie jogando hóquei com a camisa do Canadá...faz parte, Iron é a primeiríssima banda em que me viciei, no já longínquo ano de 1984, quando eles estavam de viagem marcada para o primeiro Rock in Rio.
Às 19:29 a banda de abertura Ghost entrou. No verão anoitece bem tarde aqui, e o sol ainda se fazia presente. Isso tirou um pouco o impacto da produção do grupo, que é bem calcada no teatrinho estilo "satanista de boutique". O pano de fundo do palco era uma espécie de vitral de uma igreja satânica. Não deu pra se empolgar muito com essa apresentação. Sei que essa banda divide opiniões, e acho até algumas músicas bem sacadas, mas não consigo ver o grande apelo deles. As influências escancaradas desses suecos são Blue Oyster Cult, Alice Cooper, King Diamond etc., mas não trazem praticamente nada de novo. Algumas músicas chegaram a empolgar alguns dos presentes, como Ritual e Cirice, mas cheguei a ver várias pessoas bocejando. O vocalista Papa Emeritus entrou paramentado com sua casula e mitra, mas depois logo trocou por um figurino estilo "Michael Jackson do capiroto". Ao final da apresentação ele se dirigiu à plateia com seu sotaque carregado e aconselhou à galera: "it's Saturday, so give someone an orgasm today", com instrucoes detalhes de como fazê-lo em nome de satã, antes de introduzir (ooops) a música final, Monstrance Clock. Conheço gente que os acha genial, mas já vi três shows inteiros deles e ainda não saquei o apelo.
No intervalo entre os shows, uma grata surpresa: encontrei o Rob Caggiano na fila do banheiro. Ele ficou bastante surpreso de alguém reconhecê-lo. Eu disse que já o tinha visto várias vezes com o Anthrax, mas nunca com o Volbeat, sua banda atual. O Volbeat abriu o show do Metallica no dia seguinte, junto com o Avenged Sevenfold, mas infelizmente não consegui ingresso pra esse show. Uma pena!!! Mas Rob foi simpático e me presenteou com uma palheta sua.
Às 20:53, Doctor Doctor entoa nos alto falantes. A música do UFO já anuncia o início do show do Iron Maiden há várias tours, e ganhou até uma cover nos tempos em que os vocais ficavam a cargo do Blaze Bayley. A galera, antes sentada, se levantou imediatamente dos assentos marcados. Começa o vídeo que introduz o show, e notei que ele foi diferente do mostrado na primeira parte da tour. Este de agora mostra o Eddie caminhando dentro de um tempo Maia. O público adora, mas me pareceu meio morno no início. A primeira música, If Eternity Should Fail, contou com um eco estranho na voz do Bruce, mas veio aquela sensação de "ok, foi dada a largada!!!". A banda emenda com Speed of Light, do album mais recente. Logo em seguida, Bruce fala "Here's one from antiques roadshow", e Wrathchild foi tocada. Essa foi uma das mudanças no setlist em relação à tour do ano passado, e ele sempre faz alguma piadinha sobre como essa música é antiga. Logo após Wrathchild, Bruce comenta que a tour termina em 10 dias, e que é a ultima chance de ver esse palco...disse que vão se livrar de todos os adereços, e que ofereceu ao Metallica, mas que a oferta deles pelo palco foi baixa, só uns 30 dólares. Claro que foi zoeira.
Seguem-se no repertório Children of the Damned, e a essa altura notam-se problemas no microfone do Bruce, que iria falhar até o final da apresentação. Mas pouco importa, isso não tirou o brilho da apresentação. A seguir ele entra com uma máscara de macaco em Death Or Glory, e a galera se acaba de rir.
A próxima música a ser tocada foi The Red and the Black, a única escrita e composta apenas pelo Steve Harris pro disco mais recente. Eu particularmente não curto muito algumas linhas vocais dessa música, que acompanham exatamente o que a guitarra faz, inclusive no refrão. Mas os três solos dessa música são matadores, e é uma das composições que mais se aproveita do fato do Iron ter três guitarras. Adrian Smith, em particular, brilhou nas primeiras músicas do show.
The Trooper foi a primeira a agitar verdadeiramente a plateia, que veio abaixo. Enquanto Bruce sacudia a bandeira inglesa em uma plataforma acima da bateria de Nicko, Steve, Adrian, Dave e Jannick se dirigiram para a frente do palco, em um movimento que lembrou uma verdadeira formação de exercito pronto pra batalha.
A seguir vieram Powerslave, em que Bruce usou uma máscara de luta livre e mandou seu "scream for me Toronto", e The Great Unknown, a outra mudança em relação ao setlist da primeira perna da tour. O microfone voltava a falhar e a voz de Bruce dava sinais de cansaço, mas o público aplaudiu bastante, especialmente os solos de Dave Murray nessas duas músicas.
Bruce fala de novo que é a última chance de vermos esse palco e de nos debruçarmos sobre a cultura Maia e sobre o que teria acontecido com essa civilização, que foi extinta sem que se descobrisse a razão. Ele segue dizendo que nós do ocidente nos orgulhamos do quanto somos avançados e civilizados, mas com esse bando de lunáticos no comando de tantos governos, quem sabe não tenhamos o mesmo destino da civilização Maia em breve? Era a deixa pra introdução de Book of Souls, feita pelo Jannick Gers. A entrada veio com um senhor peso, cortesia da bateria de Nicko McBrain. Foi uma das minhas favoritas dessa noite. E não sei se todos repararam, mas há uma parte dessa música antes do solo de guitarra que parece um copy/paste da música Losfer Words, do álbum Powerslave. Durante essa música entra no palco o monstro Eddie, que faz sua briguinha fake com Jannick e perde o coracão pro Bruce, que o arremessa na galera. Eddie é uma espécia de Peppa Pig para metaleiros, já que a simples aparição do boneco do mal hipnotiza todos os presentes, e nada mais ao redor importa!
O show segue com Fear of the Dark e Iron Maiden (essa última com um Eddie inflável atrás da bateria do Nicko), que levantam a galera. O bis foi simplesmente matador, com The Number of the Beast, Blood Brothers e Wasted Years, uma trinca perfeita pra encerrar o show.
Bruce disse diversas vezes ao longo do show que "ainda não estamos prontos pra encerrar as atividades, e teremos novidades ano que vem". A julgar pela altíssima regularidade dos trabalhos da banda desde a "reconquista" que iniciaram em 1999, só podemos esperar mais shows incríveis como esse que presenciei.
Setlist Ghost:
Square Hammer
From the Pinnacle to the Pit
Ritual
Cirice
Year Zero
Absolution
Mummy Dust
Monstrance Clock
Setlist Iron Maiden:
If Eternity Should Fail
Speed of Light
Wrathchild
Children of the Damned
Death or Glory
The Red and the Black
The Trooper
The Great Unknown
The Book of Souls
Fear of the Dark
Iron Maiden
The Number of the Beast
Blood Brothers
Wasted Years
Comente: Quantas vezes você assistiria ao Iron Maiden se pudesse segui-los em turnê?
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