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Killswitch Engage: Reis do "metalcore" causaram pileque em SP

Resenha - Killswitch Engage (Carioca Club, São Paulo, 23/08/2014)

Por Durr Campos
Postado em 04 de setembro de 2014

Há algumas semanas conduzi uma entrevista com o baterista do KILLSWITCH ENGAGE, Justin Foley, quando pudemos abordar algumas questões sobre sua carreira e de ordem pessoal. Faltava bem pouco para que viessem ao país para novos concertos, isto após menos de 12 meses desde sua derradeira visita à capital paulista, momento aquele em que eram uma das atrações no festival Monsters of Rock. Como já mencionei em outra ocasião, esta banda é igualmente querida e odiada pelos leitores do Whiplash.Net, mas os mesmos percebem o quão inegável é a importância e/impacto gerado pela instituição na última década, algo mais sentido naquele gênero que convencionou-se chamar de metalcore. Pois bem, acompanhado dos grupos MEMPHIS MAY FIRE e BATTLECROSS, o quinteto de Massachusetts fez o que sabe de melhor: entreteram com classe! Acompanhe nas próximas linhas o resumo dos acontecimentos.

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BATTLECROSS

Eles não escondiam a satisfação em tocar frente aos brasileiros. Com uma simplicidade tamanha e transpirando honestidade, Kyle Gunther (vocais), Tony Asta (guitarra), Hiran Deraniyagala (guitarra), Don Slater (baixo) e Shannon Lucas (bateria) provaram que Detroit ainda é a cidade do rock, sim senhor! Em cerca de meia hora despejaram um thrash metal feito por quem conhece o negócio, apesar da aparente pouca idade dos executores. A banda em si fora formada em 2003 pelos supracitados guitarristas, os quais eram amigos de infância. O entrosamento era nítido no palco, aliás.

"Push Pull Destroy" iniciou a farra, escolha bacana por unir velocidade e boa pegada, mas o público pirou mesmo na seguinte, "Kaleb", anunciada através da tatuagem no braço direito de Kyle. Ali percebemos a sagacidade e técnica de Slater nas quatro cordas, um monstrinho. Na real ele toca um guitarrista, se é que me entende. "É uma honra tocar neste país lindo, obrigado por nos receber!", disse Gunther segundos antes de mandar "Force Fed Lies", belíssima composição, rifferama de primeira. Os bumbos duplos não poderiam ser mais velozes que aquilo ali! A plateia, de punhos erguidos, mostrava sua aprovação aos rapazes. O peso, melodia e groove emanados nos remetiam igualmente à NWOBHM e nomes como Nuclear Assault, Dark Angel e S.O.D. Provas? "My Vaccine", a pesadíssima "Beast", flertando com o death metal, "Flesh & Bone", dedicada a todos, que encantou em sua linda passagem progressiva e o hino "War Ensemble", cover do Slayer, o qual não deixou ninguém ileso.

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MEMPHIS MAY FIRE

Alguns camaradas meus uma vez disseram que esta banda tinha um pé no white metal, mas quando a investiguei, percebi que classificá-los assim seria limitado, para não dizer errôneo. De fato há ali elementos extremamente positivistas e até espiritualista, mas a música praticada pelo MMF versa mais sobre esperança e compaixão entre os homens, "em busca de crescimento individual para agregar ao nosso redor", utilizando as próprias palavras do grupo extraídas de sua página oficial no facebook. As soluções harmônicas em suas composições ajudam na transmissão da mensagem, pois é algo, digamos, feliz e saltitante aqui e acolá, com todo respeito. Matty Mullins é o porta-voz ideal. Elegante e talentoso, soube tratar seus fãs com maestria. Fiquei impressionado com o poder de fixação em seu gel de cabelos: não havia um fio fora do lugar mesmo após sua apresentação! A patota é completada pelos guitarristas Kellen McGregor e Anthony Sepe, além dos ótimos Jake Garland na bateria e Cory Elder no baixo e dando aquela força nos vocais de apoio. Era por volta das 19h quando "The Sinner" deu início aos trabalhos. O som ainda estava sendo melhor equalizado e Mullins não parava de acenar ao técnico para que seu retorno funcionasse, mas o Carioca Club estava em chamas. "Alive in the Lights" tem aquela atmosfera limpa, mas o que aprecio nesta canção são as guitarras. Alguns 'noises' controlados dão todo o sabor que uma composição como esta necessita. "Vocês ouviram o novo álbum?", perguntou Matty. "No Ordinary Love", a escolhida desta mais recente investida, é uma das melhores em "Unconditional", lançado em março deste ano, assim como a que veio depois, "The Rose", ambas cantadas de ponta a ponta pela audiência.

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"O MMF não existiria sem vocês", disse um sorridente vocalista antes de convidar todos a pular em "The Deceived", uma das mais pesadas ali apresentadas. Matty: "E se pegássemos mais leve agora? Acendam suas luzes e cantem conosco 'Miles Away'". Belíssima balada, até selecionei sua versão acústica para assistirmos juntos ao final deste texto. A versão traz ainda o criticado Kellin Quinn dividindo os vocais com Mullins, o que ficou decente aos meus ouvidos. Quero saber da vossa opinião lá na área de comentários. Outra possuidora de um belo vídeo, "Vices", uma furiosa canção sem dúvidas. Assistiremos mais a seguir também. "Beneath the Skin" entregou um pouco aquela temática geral do grupo sobre a qual teci alguns comentários mais acima. Matty falou bonito: "Não espero que as pessoas acreditem ou façam as coisas como eu, mas algo deveria ser geral: somos belos como somos, independente da cor de nossa pele." Com as mãos erguidas, a maioria dos presentes cantou "Prove Me Right", um claro parecer sobre a indústria musical. Senão vejamos. "Money hungry cowards sucking the blood out of artists and killing the art/ So count out the money you stole from starving artists you watched pave the way". O final com "Legacy" me pareceu acertado. Inicia apenas com a voz, possui uns samplers legais e há certo apelo comercial (onde não?), apesar de um peso a mais. Algo preciso mencionar antes de finalizar este parágrafo: os vocais casam-se perfeitamente ao instrumental no Memphis May Fire!

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Set-list
The Sinner
Alive in the Lights
No Ordinary Love
The Rose
The Deceived
Miles Away
Vices
Beneath the Skin
Prove Me Right
Legacy

KILLSWITCH ENGAGE

Às 20:20h a tradicional introdução com "Celebration" do Kool & The Gang musicou a entrada de Adam Dutkiewicz (guitarra), Joel Stroetzel (guitarra), Mike D'Antonio (baixo), Justin Foley (bateria) e Jesse Leach, vocalista responsável pelos vocais nos dois primeiros e ótimos álbuns, "Killswitch Engage" (2000), "Alive or Just Breathing" (2002) e do mais recente, o elogiado e brutal "Disarm the Descent" (2013), talvez o único deles a receber duas excursões mundiais em promoção. Uma das 'veias' iniciou a pancadaria: "Fixation on the Darkness" fora cantada por todos. Ótima escolha, assim como "This Is Absolution", do "As Daylight Dies" (2006), quarto registro de estúdio. O dito chegou a vender 500 mil cópias somente nos EUA, o que rendeu um certificado de ouro no RIAA (Associação da Indústria de Gravação da América, em português), organização que representa as gravadoras naquele país.

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Outra de minhas favoritas em "Disarm the Descent", "Beyond the Flames" apresenta linhas de guitarra espetaculares. Dutkiewicz, sempre de bom humor, começou a brincar ao microfone: "São Paulo é sexy...", enquanto Jesse fazia uns scratches espertos. Era hora de "The Arms of Sorrow", um convite ao pula-pula. Terceiro single extraído do já mencionado "As Daylight Dies", teve seu vídeo lançado primeiramente no MySpace e mostrava uma veia mais suave do Killswitch Engage, com o ex-vocalista Howard Jones berrando alguma coisa somente no finalzinho da canção. Lembram dela, não é? O vídeo mais abaixo irá refrescar sua memória, não se preocupe. E dá-lhe o refrão: "Deeper I'm falling/ Into the arms of sorrow/ Blindly descending/ Into the arms of sorrow." A emenda com "Breathe Life" impressionou. Leach e suas acrobacias desafiavam os fotógrafos no Carioca, os quais tentavam capturar o rapaz no ar.

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A absurda "No End in Sight" já tornou-se unanimidade dentre os fãs como uma das composições mais perfeitas do KSE. Impossível ficar indiferente à ela. E quando a seguinte é simplesmente outro pavor de boa? "Rose of Sharyn" é um hino, portanto o que falar aqui sem soar repisado? Nem preciso escrever que fora cantada por cada alma naquele recinto! Adam deu bronca em quem estava sóbrio até ali, causando o pileque geral. "This Fire Burns" é uma canção bastante peculiar, pois a banda a escreveu especialmente para o álbum "WWE Wreckless Intent" (2006), iniciativa da 'World Wrestling Entertainment', a maior promoção mundial existente de wrestling profissional, sediada nos Estados Unidos. Ela era usada como tema de entrada do lutador Phillip Jack Brooks5, mais conhecido como CM Punk, considerado pela organização como o dono do "maior reinado como Campeão da WWE da era moderna". Punk a utilizou de 1 de agosto de 2006 a 17 de julho de 2011. Na mesma compilação havia ainda faixas com Saliva, Eleventh Hour, Shadows Fall, P.O.D., Motörhead, etc.

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O mosh-pit já estava aberto desde o começo e assim permaneceu. Tinha de tudo lá: cabeludos, carecas, barbudos e um sósia do mítico Chaves. "Life to Lifeless" trouxe Adam segurando uma lata de cerveja com a mão direita e com a esquerda já entoava o riff inicial desta delícia sônica! Lindamente cantada pela massa, só aumentou a energia bacana. Por falar em puculiaridades, quando o KSE gravava "Alive or Just Breathing", 3 itens do debut foram regravados. Uma delas era "Vide Infra". À época, Stroetzel comentou que tal fato se deu por conta de no registro anterior muitos não terem escutado a força dela, de "Temple From the Within" e "In the Unblind" pela limitada distribuição do selo daqueles tempos, Ferret Music. No show resenhado aqui fora dedicada a todos os presentes e me veio uma indagação: Quem disser que o KSE não é metal pode abandonar seus chifres e pedir a rescisão do contrato com o andar de baixo.

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"Always " amenizou a euforia. Esta danada conseguiu até pausar a roda. Sim, era hora de erguer o punho, escorregar no corpo alheio e cantar. E se aquela lágrima rolou, foi difícil de notar pelas caras lavadas de suor. "A Tribute to the Fallen" traz novamente um trampo de guitarras primoroso com aquela bela dose de peso. O refrão é uma delícia: "You cannot break this love we hate. A tribute to the fallen, your choice is made...". Jesse vem saldar seus fãs e dá a deixa para todos começarem a seguinte. Nem precisaria solicitar, pois "Numbered Days" pertence aos velhos seguidores da banda. Nela podemos perceber a influência do Pantera. Em "A Bid Farewell" lembrei-me do sensacional DVD "(Set This) World Ablaze" (2005), gravado durante um show no The Palladium na cidade natal deles, Worcester, Massachusetts, em 25 de julho de 2005, época em que promoviam "The End of Heartache", estreia de Jones e Justin Foley. Aclamado por fãs e crítica especializada, o disco é considerado um dos melhores e mais influentes do estilo.

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Voltaram à fase atual com "The New Awakening". Sapatada na cara! Composição do pacote das extremas contendo um refrão infernal. Covardia a sequência com "My Last Serenade", mas fazer o que quando se tem tantos coringas? Conheci a banda para valer por esta, inclusive. Relembremos o vídeo mais adiante, combinado? Aproveito e já deixarei engatilhado o de "In Due Time", uma das poucas que contam com solo de guitarra tradicional, a qual encerrou o set regular. Antes, porém, comentarei um pouco sobre ela. O primeiro single trazendo Jesse Leach desde 2003 colocou o Killswitch Engage em boas posições nos charts e recebeu uma nominação ao Grammy na categoria de "Best Metal Performance", mas quem levou o prêmio foi "God Is Dead?", do Black Sabbath. Sobre o clipe, Jesse declarou ter sido influenciado pelo Foo Fighters no início de carreira. Em tempo, o renomado site Loudwire a creditou como uma das melhores canções de 2013. É mole? Durante sua execução na capital paulista, um fã subiu no palco, colocou seu boné no vocalista e ainda o abraçou! Leach aceitou de boa o presente, mas o devolveu.

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O 'encore' não poderia estar em melhores 'mãos' com "My Curse". Dutkiewicz entrou gritando "vodka" e desafiou seu público: "Ei, tocaremos mais uma canção ou duas a depender de como se comportarem". "Falando sério, somos nada sem vocês, obrigado por virem nos ver hoje", concluiu. A casa, nas palmas, celebrou cada nota e retribuiu o carinho vindo dos artistas. "The End of Heartache", item obrigatório nos shows pôs mesmo fim à tertúlia. Um adendo: Bom saber que Jesse relaciona-se tão bem com o repertório não registrado por ele em estúdio. Coisa de quem toca para a música e não o contrário.

Texto: Durr Campos
Fotos: Diego Cabral da Camara

Agradecimentos ao Luciano Piantonni, Marcos Suarez e Liberation Music pela atenção e credenciamento

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Set-list
Intro: Celebration (Kool & The Gang song)
Fixation on the Darkness
This Is Absolution
Beyond the Flames
The Arms of Sorrow
Breathe Life
No End in Sight
Rose of Sharyn
This Fire Burns
Life to Lifeless
Prelude/Vide Infra
Always
A Tribute to the Fallen
Numbered Days
A Bid Farewell
The New Awakening
My Last Serenade
In Due Time
Encore:
My Curse
The End of Heartache

Vídeos mencionados na resenha

Battlecross - Push Pull Destroy

Memphis May Fire - Miles Away (Acoustic) ft. Kellin Quinn

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Memphis May Fire - Vices (Official Music Video)

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Killswitch Engage - My Last Serenade

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Sobre Durr Campos

Graduado em Jornalismo, o autor já atuou em diversos segmentos de sua área, mas a paixão pela música que tanto ama sempre falou mais alto e lá foi ele se aventurar pela Europa, onde reside atualmente e possui família. Lendo seus diversos artigos, reviews e traduções publicados aqui no site, pode-se ter uma ideia do leque de estilos que fazem sua cabeça. Como costuma dizer, não vê problema algum em colocar para tocar Napalm Death, seguido de algo do New Order ou Depeche Mode, daí viajar com Deep Purple, bailar com Journey, dar um tapa na Bay Area e finalizar o dia com alguma coisa do ABBA ou Impetigo.
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