Benediction: Encerrando um ano grandioso no underground cearense
Resenha - Benediction (Tendas Bar, Fortaleza, 12/12/2013)
Por Leonardo M. Brauna
Postado em 20 de dezembro de 2013
A primeira visita de BENEDICTION à Fortaleza foi marcada por dois encontros, o primeiro foi dia 11 no ‘Bar Rock 80’, uma noite de autógrafos que acabou virando noite de bebedeira e muita diversão com os fãs que por ventura, já estavam com os ingressos antecipados para o show, ou que no bar iria comprá-lo. Enfim, uma ocasião exclusiva para os fãs que providenciaram logo o passaporte para a demolição que aconteceu no dia 12 de dezembro, quinta-feira! A GINO PRODUCTION, organizadora do evento levou os visitantes e os bangers da cidade ao ‘Tendas Bar’, lugar que já acolheu ROTTING CHRIST e GIRL SCHOOL. Naquela quinta a capital cearense recebeu outras visitas, bangers de diversos lugares do estado e de outros vizinhos aglomeravam-se aos portões do Tendas. Todos a fim de conferir mais um grande momento do underground nordestino: a performance dos pais do Death Metal Old School. Quando as trancas se abriram, Lá dentro o público já pôde observar os cinco ídolos juntos tomando algumas cervejas. Não demorou até uma maratona de poses para fotos acontecer. Sempre muito simpáticos os músicos do BENEDICTION pacientemente atendiam uma a uma as solicitações dos fãs.
Com tudo já preparado a primeira banda de abertura inicia a noite de shows com um público ainda tímido dentro da casa. BURNING TORMENT que faz um som devastador promoveu mais uma vez o seu Death Metal brutal com doses violentas de peso. O som bem distribuído permitia uma audição detalhada da banda que tinha lá atrás um verdadeiro monstro socando o seu kit de bateria. MARDÔNIO, entre pedaladas firmes e ‘blast beats’ nervosos somava com ALEXANDRE o poder da cozinha, pois o homem das notas graves fazia de seu instrumento não apenas um baixo, mas um artefato bélico. A dupla responsável pela velocidade, RICARDO e EDNARDO mostrava por que o BURNING TORMENT vem conquistando respeito no cenário underground desde o seu surgimento, pois os seus riffs não são apenas violentos, como conseguem se destacar a sincronias mais pesadas. Dessa forma o caminho ficava livre para a fúria selvagem de Luiz Paulo, vocalista que com os seus guturais chamava a galera que ainda chegava ao recinto. O repertório não foi longo, mas alegrou os presentes que puderam testemunhar aquele derramamento de decibéis.
Depois foi a vez de REVEL DECAY assumir o posto. Essa já é veterana no estado e o fato de ter apenas um guitarrista não fez diferença alguma na hora de tocar, pois a banda já acumula experiência de mais de dez anos e conta com um time de profissionais afiadíssimos. O grupo já começou a tocar para uma platéia numerosa, e as primeiras cacetadas já inflamaram a pista. O vocalista (meu xará) Leonardo esteve um período afastado, mas de volta ao seu lugar fez uma inacreditável performance, mesmo dizendo que estava fora de forma. Os que já conheciam a banda se alegraram com essa apresentação, que já não é constante devido a outros trabalhos dos membros, os que não conheciam (como eu) ficaram espantados com tanta energia. Em baixo as pessoas de punhos cerrados e pra cima demonstravam intimidade com a banda. Não demorou até os primeiros saltos do palco aparecerem. Rodas também se abriam enquanto os riffs dilacerantes jogavam-se ao peso do baixo, aliás, o que dizer de ERI DECAY (baixista)? Simplesmente o mandante desse set, o cara arrepiava nas bases de tal maneira que valeu até a curiosidade dos mestres ingleses que assistiram ao show inteiro, detalhe: de ponta de pé para observar melhor a banda. Sensacional!
A próxima banda local a subir foi GOREWAR, outra conhecida dos bangers e também antiga na cena. Os rapazes, com sangue no olho, promoveram um belo espetáculo que contou com a participação do público. Aqueles que estavam na frente do palco puderam receber um ataque direto dos riffs de Ânderson, que também contemplava os fãs com solos brilhantes. Nessa hora, o baixista Carlos assumia o peso e a ligação com a bateria de Rômulo. Na linha de frente, Werbert puxava os vocais de maneira tão extrema, que sua carótida parecia querer explodir. A sessão do GOREWAR foi uma das menores, pois devido a alguns imprevistos de palco e horário já estourando, tiveram que reduzir o set, mas a multidão estava ensandecida e em respeito aos seus fãs o grupo tocou mais uma canção depois de ter anunciado a última. É claro que todo mundo agradeceu e festejou a oportunidade de ter conferido mais um momento com esta grande representante cearense.
O BENEDICTION ao contrário do que se esperava, surpreendeu a todos pelo fato de não tocar o álbum ‘Transcend the Rubicon’ na íntegra. Fato também ocorrido nas outras cidades que eles passaram antes de Fortaleza. Para mim, a idéia foi bem vinda, pois vê-los tocando grandes clássicos como, ‘Jumping at Shadows’ do lendário ‘The Grand Leveller’ e ‘Subconscious Terror’ – do idolatrado primeiro álbum (ao vivo e a poucos metros de distância) foi mágico. Depois da saída de NEIL HUTTON a banda já havia se apresentado com bateristas diferentes, e nessa turnê sul americana o jovem ASHLEY GUET é quem vem assumindo as baquetas. De resto, os originais PETER REW e DARREN BROOKES (guitarristas) estavam lá junto com a figura ‘punk’ do baixista FRANK HEALY, o músico mais experiente da banda.
O ‘frontman’, DAVE HUNT mostrava-se muito atencioso com o público e a todo o momento fazia elogios ao evento. A canção ‘The Grey Man’ já foi sendo executada com pedidos do vocalista a fazerem uma grande roda. Em baixo de grande agito as bases da canção do último álbum acenderam todo o espaço. Os guitarristas, muito familiarizados com suas composições mandavam os seus riffs com maestria. O vocalista falava sobre a turnê de comemoração dos vinte anos de Transcend..., e aproveitou a deixa para urrar o nome da primeira execução desse álbum naquela noite, ‘Nightfear’! Como esse é o disco do BENEDICTION que teve melhor atenção, é claro que as pessoas vibraram bastante. A sequência com ‘Nothing on the Inside’ e ‘The Grotesque’ deram continuidade ao trabalho diversificado da banda. A cada canção anunciada, HUNT apresentava um membro da banda, merecidamente ovacionado pela galera.
‘Unfound Mortality’ foi recebida também com status glória. Ao comando gutural do vocalista os bangers corriam em círculos, me fazendo regredir alguns passos, pois há tempos a minha disposição para esse tipo de expressão foi embora com a idade (e físico também). A banda resolve novamente ir ao ‘Killing Music’ e dele extrai, ‘They Must Die Screaming’. Muitas pessoas conseguem subir no palco para seus ‘stage dives’ e, por mais que isso "aparentemente" não desagradasse à banda, houve certo momento em que HUNT pediu prudência. Um dos momentos mais explosivos se deu à execução de ‘The Dreams You Dread’, outra faixa de um dos álbuns do BENEDICTION mais bem recebidos no Brasil. Uma performance notável foi a de FRANK, devido o seu jeitão despojado e experiência. Ali naquele ambiente, alguns não sabiam, mas aquelas pessoas estavam diante de uma verdadeira lenda viva do Metal Extremo, tendo feito trabalhos ao lado de nomes como NAPALM DEATH. As influências do "velho" baixista dentro do grupo são muitas, a começar pelo direcionamento sonoro que passou a ser mais simples e técnico, como podemos conferir a partir do próprio Transcend..., sua estréia na banda. Uma de suas marcas principais está na música ‘Magnificat (Irenicon)’, tema mais Hardcore que traz a sua identidade.
Após esse momento em diante, e já se aproximando do final, a fase mais extrema da festa começava com ‘Jumping At Shadows’. Por mais que DAVE HUNT tenha um vocal distinto ao de DAVE INGRAN, o simpático vocalista adicionava o seu próprio registro à qualidade de seu antecessor. Esforço maior e bem reconhecido foi na hora da última música, ‘Subconscious Terror’ (cantada originalmente por MARK ‘BARNEY’ GREENWAY, primeiro vocalista que hoje está no NAPALM DEATH). A canção título do primeiro álbum encerrou com categoria o ano de grandes eventos do underground cearense. Mais um sonho realizado, resta esperar 2014 e suas boas novas. Que mais progressos sejam alcançados pelos produtores honestos do Ceará, aqui representados na figura de Roberto Gino. Até o ano que vem, então!
Set List BENEDICTION:
01 - The Grey Man
02 - Nightfear
03 - Nothing on the Inside
04 - Unfound Mortality
05 - The Must Die Screaming
06 - The Grotesque
07 - Suffering Feeds Me
08 - The Dreams You Dread
09 - I Bow to None
10 - Painted Skulls
11 - Magnificat
12 - Jumping At Shadows
13 - Subconscious Terror
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps