Joe Bonamassa: Uma noite digna dos grandes gênios de guitarra
Resenha - Joe Bonamassa (HSBC Brasil, São Paulo, 08/08/2013)
Por Diego Camara
Postado em 09 de agosto de 2013
Muitas pessoas dizem que para o Rock não tem idade. Eu digo que estes são sábios e entendem bem o espírito verdadeiro deste estilo musical. O show de Joe Bonamassa, realizado no HSBC Brasil nesta última quinta-feira, representa bem este espírito de uma música sem fronteiras e sem preconceitos. Trazendo um setlist bem variado e uma banda afinada, Joe encantou o público com suas notas e seu estilo que remonta aos grandes gênios do gênero.
Já quando vimos a porta do HSBC Brasil podíamos reparar que este noite teríamos um show extremamente diferenciado. Um público família e bastante tranquilo não teve que enfrentar filas para adentrar na casa ou no local. A organização foi fantástica e sem dúvidas deveria servir de exemplo para outros espetáculos do gênero.
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O show começou às 21h30min, praticamente em ponto. Joe subiu no palco com seu violão e iniciou a sessão acústica já conhecida dos seus espetáculos. Abriu com as ótimas "Palm Trees" e "Seagull", que sempre tocou no início dos shows pelo mundo. Com o violão, o silêncio permeou o espetáculo na casa enquanto o violão soava solitário no ar. A voz fantástica do guitarrista também não deixou nada a perder, e o conjunto da obra não poderia ser melhor.
A sessão acústica foi seguida por "Jelly Roll", "Athens to Athens e "Woke up Dreaming". A primeira, cover de Charles Mingus, um dos grandes mestres do jazz do século XX. A música, com uma letra fantástica e um toque de violão solitário, realmente mostrou o quanto vale a sessão inicial do show de Joe e como ela serve pra aquecer o público para a sua "parte principal".
A equipe rapidamente desmontou o palco e Joe mal aguardou as luzes pra começar o show com sua guitarra. Abriu a parte elétrica com "Dust Bowl". A postura do público mudou já, pareciam bastante animados ao ouvir este sucesso. Curtiram a música, alguns arriscaram cantar, mesmo que baixinho, e saudaram a música com palmas exaltadas no final da execução. Esta foi seguida por "Story of a Quarryman", que mereceu até palmas que acompanharam o decorrer da introdução da música.
No miolo do show, o destaque foi para "Dislocated Boy" do álbum "Driving Towards the Daylight". Em uma mistura do som calmo da voz de Joe com as guitarras potentes acompanhando a letra, a desvelando. Bonamassa usou uma guitarra de dois braços nesta música, mostrando toda sua técnica ao manusear o instrumento. Apesar disto, não se poderia ser tão bem executada sem a ajuda de toda a banda, que comandada por ele, trouxe um resultado completo para esta música.
Outros destaques do miolo do show foram as perfeitas "Slow Train" e "Midnight Blues". A primeira, com uma intro espetacular que remonta a um trem, mostra todo o nível de Joe Bonamassa como compositor. Cativante, emocionante e fantástico, o público foi coroado com um dos melhores solos do guitarrista na noite.
"Midnight Blues", música do lendário mestre do blues Gary Moore, trouxe outro tom ao show. O azul congelante das luzes do palco e o som ecoante da guitarra pelo local trouxeram uma verdadeira onda de emoção, que remontou aos antigos tempos do blues, como se estivessem ali presentes os grandes mestres do gênero.
A banda fechou o show com "Django" e "Mountain Time". Apesar do desafio imposto a estas músicas, dada a sequência de covers de sucesso anteriores, que incluiu o grande mestre Jeff Beck, não desanimaram o público. A primeira, pesada e firme nas guitarras, trouxe aplausos de pé para a performance dos músicos. Joe mais uma vez mostrou toda sua técnica, encantando o público.
"Mountain Time", ao contrário, trouxe uma performance intimista e cheia de feeling, que também igualmente arrancou fortes aplausos. O público soube a hora de interagir, e interagiu em muitas músicas como esta apenas com o silêncio e uma atenção que prendeu os olhos no palco. No final desta música, o guitarrista agradeceu a todos os fãs e fez o chifrinho do rock, antes de deixar o palco.
Joe voltou com bastante pressa ao bis, parece que sequer quis descansar no backstage. Com a guitarra em mãos, nem deu tempo do público parar de gritar por seu nome para começar "Sloe Gin". Escolhida a dedo, a música misturou a guitarra agressiva com o tom de voz calmo, o toque do estilo de Joe Bonamassa ao cover de Tim Curry é algo que poucos músicos atualmente conseguem fazer.
Para finalizar o show, após mais de duas horas de espetáculo, o guitarrista tocou "The Ballad of John Henry", um dos seus maiores sucessos até hoje. O público cantou junto com o guitarrista o refrão e se emocionou novamente com a música. O destaque aqui foi para o solo mais que progressivo que foi tocado por Joe e pelo tecladista da banda, que mostrou nesta música toda sua técnica. No final do show, um Joe Bonamassa bastante contente agradeceu a presença de todos os fãs, em uma performance que no todo não poderia arrancar senão palmas de pé de todo o público, unindo jovens e mais velhos, pais e filhos, em um amor pelo rock clássico que ainda ressoa por Joe Bonamassa.
Setlist:
Acústico:
1. Palm Trees Helicopters and Gasoline
2. Seagull (Bad Company cover)
3. Jelly Roll (Charles Mingus cover)
4. Athens to Athens
5. Woke Up Dreaming
Elétrico:
6. Dust Bowl
7. Story of a Quarryman
8. Who’s Been Talking? (Howlin’ Wolf cover)
9. Someday After a While
10. Dislocated Boy
11. Driving Towards the Daylight
12. Slow Train
13. Midnight Blues (Gary Moore cover)
14. Spanish Boots (Jeff Beck cover)
15. Song of Yesterday (Black Country Communion song)
16. Django
17. Mountain Time
Bis:
18. Sloe Gin (Tim Curry cover)
19. The Ballad of John Henry
Fotos: Fernando Yokota
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