Yes: encontro de gerações de fãs de progressivo no Rio
Resenha - Yes (Vivo Rio, Rio de Janeiro, 25/05/2013)
Por Gabriel von Borell
Postado em 29 de maio de 2013
No último sábado (25) o Vivo Rio, que fica no bairro da Glória (RJ), foi ponto de encontro de diferentes gerações, muito provavelmente pais e filhos, ou até netos e avôs, que tinham um único propósito: conferir a performance de uma das bandas mais importantes do rock progressivo, os veteranos do Yes. Passando por muitas mudanças em sua formação ao longo da carreira e sobrevivendo através das décadas em meio às constantes transformações do gênero, o grupo britânico, hoje liderado pelo baixista Chris Squire, provou que eles ainda estão em excelente forma ao tocar, na íntegra, três álbuns de sua extensa trajetória. E melhor ainda: com casa lotada.
Fotos: Ricardo Nunes
Nessa turnê, Squire é acompanhado pelo guitarrista Steve Howe e pelo baterista Alan White, que, apesar de não terem fundado o Yes como o baixista, participaram de formações históricas da banda. A formação atual é completada pelo tecladista Geoffrey Downes, grande colaborador do grupo, e do vocalista Jon Davison, que não deixa a peteca cair, embora não seja fácil a missão de substituir o xará Jon Anderson, líder original do Yes que deixou a banda no final da década de 70. O quinteto subiu ao palco do Vivo Rio com relativo atraso, pouco antes de 22h30, quando praticamente todas as mesas da casa de shows já estavam ocupadas pelos fãs.
Quando as luzes se apagaram, os telões exibiram imagens que voltavam ao passado e percorriam diferentes momentos da carreira do Yes. O vídeo parecia criar uma ambientação para que a banda apresentasse os discos clássicos "Close to the Edge" (1972) "Going for the One (1977) e "The Yes Album" (1971), nessa ordem. Apesar da falta de interação inicial com o público, a plateia reagia entusiasmada à execução de cada faixa, que era identificada uma por uma em arte exibida em cada telão das laterais do Vivo Rio.
Para os fãs, era difícil permanecer sentado quando a banda terminava de apresentar faixas como a dobradinha de abertura "Close to the Edge" e "And You and I". Ali, onde muitos devem ter presenciado a primeira vinda do Yes ao Brasil, na primeira edição do Rock in Rio, em 1985, os fãs mais antigos, diante de um forte sentimento nostálgico, deixavam a impressão de que precisavam aplaudir de pé aqueles dinossauros do rock.
Voltando ao repertório, "Siberian Khatru" fechou a primeira parte da apresentação e manteve a recepção calorosa dos fãs cariocas. Na transição do disco "Close to the Edge" para "Going for the One" foi quando o grupo do Reino Unido finalmente inaugurou o diálogo entre público e banda. Por outro lado, eles compensaram a até então ausente interação com discursos carismáticos e elogiosos aos fãs. Quase todos os integrantes, inclusive, arriscaram bastante no português.
Como não poderia ser diferente, o show seguiu com "Going for the One" e "Turn of the Century", sucedidas por "Parallels", "Wonderous Stories" e "Awaken". Já "Yours is no Disgrace", que abriu a última etapa do show, quando o grupo apresenta "The Yes Album", marcou o momento mais empolgante da noite. O público, que se mostrou aquecido o tempo todo, ficou ainda mais quente e explodiu de vez. Por outro lado, o número solo de violão em "The Clap" esfriou um pouco a temperatura no Vivo Rio. Porém, "Starship Trooper" e "I’ve Seen All Good People" reacendeu o calor de fãs jovens e não tão jovens assim. Antes de a banda apresentar o bis, "A Venture" e ""Perpetual Change" fecharam, com muito louvor, a execução do último disco da noite.
Para encerrar o show, quando o relógio já marcava quase 1h, o Yes escolheu "Roundabout", presente no álbum "Fragile" (1972). A esta altura, o público reverenciava a banda de pé e contemplava pela última vez a qualidade técnica de todos os músicos, principalmente Howe, que se destacava entre os demais com pleno domínio e precisão em seus instrumentos. O Yes então se despediu da plateia da Cidade Maravilhosa ovacionado pelos fãs e retribuiu o carinho permanecendo um longo tempo cumprimentando, acenando e sorrindo para o público.
O vocalista Jon Davison, que visivelmente segue uma linha hippie, não deixou o palco sem dar um recado final, e otimista, para a plateia. Agradecendo às reações fervorosas, ele pegou o microfone e disse, em português: "Muito obrigado, espero que vocês tenham uma vida de muitas alegrias, harmonia e prosperidade". Que assim seja, Jon.
Setlist:
1- "Excerpt from Firebird Suite" (Igor Stravinsky)
2- "Close to the Edge"
3- "And You and I"
4- "Siberian Khatru"
5- "Going for the One"
6- "Turn of the Century"
7- "Parallels"
8- "Wonderous Stories"
9- "Awaken"
10- "Yours Is No Disgrace"
11- "Clap"
12- "Starship Trooper"
13- "I’ve Seen All Good People"
14- "A Venture"
15- "Perpetual Change"
Bis:
16- "Roundabout"
Outras resenhas de Yes (Vivo Rio, Rio de Janeiro, 25/05/2013)
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



Internautas protestam contra preços de ingressos para show do AC/DC no Brasil
O melhor baterista de todos os tempos, segundo o lendário Jeff Beck
A banda que não ficou gigante porque era "inglesa demais", segundo Regis Tadeu
Journey anuncia "Final Frontier", sua turnê de despedida
Jon busca inspiração no Metallica para shows de reunião do Bon Jovi
O "detalhe" da COP30 que fez Paul McCartney escrever carta criticando o evento no Brasil
Pistas a distâncias diferentes e com mesmo preço no show do AC/DC? Entenda
Megadeth confirma show extra no Chile e praticamente mata esperança de nova data no Brasil
A música lançada há 25 anos que previu nossa relação doentia com a tecnologia
Kiss libera detalhes da edição deluxe do clássico "Alive!"
Meet & Greet com Dave Mustaine, que custa mais que um salário mínimo, está esgotado
As músicas que o AC/DC deve tocar no Brasil, segundo histórico dos shows recentes
A melhor música que Bruce Dickinson já escreveu, segundo o próprio
"Todo mundo está tentando sobreviver": vídeo viral defende Angraverso e cutuca fã saudosista


A música do Yes que Mike Portnoy precisou aprender e foi seu maior desafio
Os 11 álbuns prog preferidos de Geoff Downes, tecladista do Yes e Asia
O Big 4 do rock progressivo, de acordo com Ian Anderson, do Jethro Tull
Os 100 maiores hinos do rock progressivo segundo leitores da Classic Rock
Deicide e Kataklysm: invocando o próprio Satã no meio da pista


