Yes no Rio de Janeiro: viver do passado não é pecado
Resenha - Yes (Vivo Rio, Rio de Janeiro, 25/05/2013)
Por Cláudio Mendes
Postado em 29 de maio de 2013
De uns anos pra cá, muitas bandas que já ultrapassaram o auge em termos de popularidade estão fazendo shows revivendo seus álbuns principais na íntegra. Me recordo do lançamento do Pulse, do Pink Floyd, onde eles tocavam todo o Dark Side Of The Moon e achei o máximo a idéia. Isso foi em 1994.
De lá pra cá muitas bandas adotaram essa idéia. Algumas até passaram pelo Brasil, como o Rush fazendo o Moving Pictures. Ian Anderson trouxe até aqui o Thick as A Brick, também na íntegra. Roger Waters veio duas vezes neste formato, com o mesmo Dark Side Of The Moon e depois com The Wall. Muitas outras bandas fizeram e fazem o mesmo hoje em dia.
Alguns fãs mais radicais podem achar que isso é sinal de decadência, ou apenas uma maneira de arrumar um dinheiro a mais. Eu penso da seguinte forma: são bandas que atingiram o seu auge graças a esses discos, e garantem que seus fãs fiquem satisfeitos em ouvir nos seus shows o que as fizeram admirá-los. Se isso é capaz de fazer seu público ir a seus shows, porque não fazer? Por que viver do passado é pecado?
O YES fez uma escolha ousada: Tocar na íntegra 3 de seus álbuns: The Yes Álbum (1971), Close To The Edge (1972) e Going For The One (1977). Resultado: Ingressos esgotados semanas antes do show. Pouco importa se não é a formação clássica da banda. Pouco importa se o YES não lança nada relevante há muitos anos. O público do YES vai ao show pelas músicas que fizeram e fazem parte da sua vida. É a música que vale!
O público presente tem uma média acima de 30 anos. São poucos jovens. São normalmente aqueles que ouviram muito YES no passado (alguns com certeza ouvem até hoje) e hoje tem oportunidade de vê-los ao vivo. E saber que serão tocados estes álbuns na íntegra contribuem sim para a ida do público.
É óbvio que o YES hoje não é, ao vivo, o mesmo que era nos anos 70. CHRIS SQUIRE (baixo, 65 anos) e STEVE HOWE (guitarra, 66 anos), mantém a refinada categoria, mas sem a mesma mobilidade. ALAN WHITE (63 anos) não têm a mesma vitalidade de outrora, preferindo o básico, mas não compromete. Acompanham dessa vez a banda GEOFF DOWNES (teclados, 60 anos, ex-Asia), que faz o suficiente, respeitando os arranjos originais dos álbuns e JON DAVISON (vocal, 41 anos), que tem a difícil missão de substituir nada mais nada menos que a lenda JON ANDERSON. E ele consegue!
No geral a banda soa mais cadenciada, mas executa os álbuns com extrema competência. Tocam os álbuns direto, sem intervalos, com a maior fidelidade possível aos arranjos originais. Abrem com Close To The Edge, o que achei ousado por julgar ser uma música longa e complexa para abrir um show, mas eles fazem com toda a competência e a experiência de mais de 40 anos de estrada. O som estava bom, o que é importante para um show de rock progressivo, onde os instrumentos seguem normalmente linhas melódicas independentes e o produto final é exatamente a união dessas linhas.
Na sequência, executam os álbuns Going For The One e Yes Álbum. E no bis, Roundabout, do álbum Fragile (1972). A banda certamente cumpriu as espectativas dos fãs.
Foram aproximadamente 2 horas e meia de show. Como resultado, uma noite de alma lavada. No fim das contas, é esse o objetivo. E que tenhamos a oportunidade de vê-los e ouvi-los mais algumas vezes no futuro.
Set List:
Abertura: Excerpt from Firebird Suite
Close to the Edge
And You and I
Siberian Khatru
Going for the One
Turn of the Century
Parallels
Wonderous Stories
Awaken
Yours Is No Disgrace
Clap
Starship Trooper
I've Seen All Good People
A Venture
Perpetual Change
Bis:
Roundabout
Outras resenhas de Yes (Vivo Rio, Rio de Janeiro, 25/05/2013)
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



Fabio Lione anuncia turnê pelo Brasil com 25 shows
Regis Tadeu elege os melhores discos internacionais lançados em 2025
Ritchie Blackmore aponta os piores músicos para trabalhar; "sempre alto demais"
Shows não pagam as contas? "Vendemos camisetas para sobreviver", conta Gary Holt
A faixa do Iron Maiden que ficou com 5 minutos a mais do que eles imaginaram
A performance vocal de Freddie Mercury que Brian May diz que pouca gente valoriza
O fenômeno do rock nacional dos anos 1970 que cometeu erros nos anos 1980
Banda dinamarquesa perde grande parte de seus equipamentos em incêndio
Turnê atual do Dream Theater será encerrada no Brasil, de acordo com Jordan Rudess
A primeira e a última grande banda de rock da história, segundo Bob Dylan
O baterista que Phil Collins disse que "não soava como nenhum outro", e poucos citam hoje
Os "pais do rock" segundo Chuck Berry - e onde ele entra na história
Mark Morton, do Lamb of God, celebra sobriedade e explica por que ainda aborda o assunto
A música que surgiu da frustração e se tornou um dos maiores clássicos do power metal
O álbum clássico do Iron Maiden inspirado em morte de médium britânica
Eddie Vedder diz que tomar soco de Paul McCartney foi "um grande momento"
The Cure: Robert Smith revela dois álbuns que ele chora ouvindo

A maior linha de baixo do rock, para Geddy Lee; "tocaria com eles? Nem a pau"
David Gilmour revela quais as quatro bandas de prog rock que ele mais detesta
Rick Wakeman passa por cirurgia para implante de válvula no cérebro
"A maior peça do rock progressivo de todos os tempos", segundo Steve Lukather, do Toto
Metallica: Quem viu pela TV viu um show completamente diferente



