Def Leppard: uma noite inesquecível em Las Vegas
Resenha - Def Leppard (Hard Rock Hotel, Las Vegas, 30/03/2013)
Por Cesar Matuza
Postado em 03 de abril de 2013
Boas energias aos leitores do maior site de Rock do Brasil, hoje vou compartilhar com vocês o diário de bordo e a resenha do show de Hard Rock mais fantástico e inesperado da minha vida (ou mais um deles...), uma banda lendária, fazendo um show em um cassino de Las Vegas, o que precisa mais?
Sábado, 30 de março de 2013, uma tarde quente em Las Vegas, estado de Nevada. Em cartaz na cidade no fim de semana, muitos shows, Elton John, Celine Dion, Rod Stewart, entre outros, mas no Hotel Hard Rock Café, a temporada era de uma das mais importantes bandas do Hard Rock (ou heavy Metal) de todos os tempos, hoje é dia de DEF LEPPARD.
Saí de Los Angeles para Las Vegas ainda com esperança de conseguir os ingressos, achei que estaria tudo já esgotado. Liguei para o Hard Rock Café Hotel, e me disseram que realmente lá no balcão não estavam mais vendendo, mas que talvez pelo site ainda eu pudesse encontrar algum.
Fui desesperadamente ao celular, consegui conectar na rede "gratuita" do hotel, graças aos Deuses do Rock’n Roll, senão teria que pagar US$ 16 pelo uso do dia da internet paga, porque como tudo aqui, internet em hotel também é caro.
Os ingressos da sexta-feira já estavam esgotados, minha ultima esperança, o show de sábado, porque a próxima data só na quinta-feira. Graças aos bons espíritos do Rock’n Roll, ainda havia poucos ingressos em cada setor para o sábado, mas infelizmente, o preço era "cheio" como dizemos no Brasil, pois não era mais antecipado. US$ 120 Doletas verdes, my Gods, fiquei uns 5 minutos decidindo se poderia gastar aquilo, mas no final, aquele pensamento que não sei se é bom ou ruim deu o truco: "É a chance da sua vida? Vai deixar passar por causa de 250,00 conto?" .. é, comprei.
Graças novamente as conspirações dos Deuses do Rock n Roll, consegui o ingresso, e fui ao local cedo no sábado retirar.
Entrei pela primeira vez na minha vida em um Hard Rock Café daquele porte. É imenso! É hotel, cassino, casa noturna, museu, local para show, tudo no mesmo local. Nestes dias da temporada do Def Leppard, todo o local está decorado para a temática do evento. A gravação do novo DVD "Viva Hysteria" em uma temporada gloriosa de 11 shows na cidade mais louca e mais iluminada do mundo.
Exposição de material da banda, objetos pessoais, instrumentos e uma parede toda reservada aos discos de ouro e platina, que totalizaram mais de 65 milhões de exemplares vendidos em todo mundo, espalham se pelos corredores e pelo cassino.
Pontualmente, (ou quase) às 8:13h, as luzes diminuem e com as cortinas ainda fechadas começa a tocar "Don´t get fooled again" do The Who. Já é a introdução do show. A música vai até o final, e quando fica o teclado no final, a música recomeça, agora ao vivo, o Def Leppard começa o seu show ao som do The Who e as cortinas se abrem lentamente. Enfim, após quase minha vida inteira de espera, eles estavam ali na minha frente. Não dá pra descrever a emoção, para um distante fã brasileiro, é quase surreal. A imensa bandeira do Reino Unido ao fundo dá ao cenário, a marca registrada da banda.
Emendam logo a obscura e antiga, "Good morning freedom", lançada antes do primeiro álbum "On through the night" (que eu tenho), depois "Hello América", essa sim do primeiro álbum da banda, já citado, de 1980. Mais uma, "Wasted", fecha a trinca inicial do show.
Joe Elliot dá as boas vindas, convida todos a ficaram loucos em Las Vegas, a famosa ‘Sin City’, porque eles estavam gravando o histórico DVD de 33 anos, em um Sábado à noite, e emenda "Saturday Night", do álbum High ‘n’ Dry de 1981.
Até aqui parece realmente que vai ser mesmo um show nostálgico. Com a promessa de tocar o Hysteria na integra, e mandando várias do primeiro álbum e mais algumas do ‘High and Dry’ de 1981, vamos voltando no tempo.
"When love and hate colide". Do álbum de mesmo nome, seria a mais nova das músicas da noite, depois mais duas do ‘High ‘n’ Dry’, "Mirror, mirror" e "Let it go". Aí eles mandam na testa, sem dó, ‘Bring on the Heartbrake", com o refrão cantado a plenos pulmões pelo publico. Linda, som perfeitamente equalizado, como ouvir um CD. A banda está em perfeita forma. Vocais seguros e altos e o instrumental perfeitamente equalizado.
Depois da clássica, a banda sai do palco, e a cortina se fecha, e uma contagem regressiva inicia no telão. Será que a idade está pesando para os caras? Porque intervalo tão grande? Longos e intermináveis 13 minutos passaram, ("-Provavelmente agora deve começar o set do Hysteria" – Pensei) e a cortina se abre, e um imenso pano branco fechava a frente do palco, servindo como tela de cinema para uma emocionante projeção de filmagens antigas, da banda, em 1987, na gravação e em entrevistas da época, algumas delas com perguntas zombando da gravação do novo disco que estavam lançando, o Hysteria, que levou 3 anos para ser gravado (que para quem acompanha a carreira ou viu o filme, de mesmo nome, sabe de todos os problemas que aconteceram). Um dos entrevistadores ainda zomba: "vocês levaram 3 anos para gravar 60 minutos de música?", o que deixa os integrantes constrangidos na entrevista.
O tempo é um delicado chute no cú de todos que duvidaram, pois seria ótimo se pudessemos ver a cara dos mesmos entrevistadores debochados anos depois, quando o Hysteria alcançaria mais de 20 milhões de exemplares vendidos e 7 hits nas paradas (o mesmo numero de hits de Thriller - Michael Jackson), e está entre os 40 discos mais vendidos da história em todo mundo. Elliot poderia ter respondido "É, acho que 3 anos são suficientes para compor um disco clássico que entrará para a história do Rock."
Voltando. O vídeo é emocionante, a história da banda até 1987 é mostrada em vídeos, muita cena de arquivos pessoais dos membros, cenas de estúdio da época e fotos que congelaram momentos emocionantes. E após uma despedida de Elliot e Stephen Clark, uma plataforma se eleva no meio do público e surge Rick Savage, fazendo o solo de introdução de "Women", e abria assim o set do Hysteria. Mas a surpresa não parava aí, quando a música começa, o pano da tela cai, e o que surge é incrível. Um outro palco, incrivelmente bonito, e totalmente diferente do início do show. (explicado o tempo de intervalo). Nem adianta que não dá pra descrever a emoção.
O álbum é tocado na íntegra, na sequencia, faixa por faixa. O telão de led atrás exibe animações e efeitos que acompanham a temática da música. É um grande show de Rock, digno de Las Vegas, destaque para "Put some sugar.." que exibe filmagens caseiras de fãs dublando a música, enviadas pelo site a pedido da própria banda.
Foi covardia. A galera cantou todas, "Rocket", "Animal", "Love Bites", "Put some sugar on me", quase colocam a casa abaixo. É emocionante ver ao vivo músicas que minha vida toda existiam apenas nas minhas caixas de som. Já posso morrer em paz.
Emoção? Alguém falou em emoção? Não. Errado! Emoção vem agora. O palco se apaga Elliot apresenta: "-Ladies and Gentlemen, Mr. Stephen Clark" – o palco se apaga totalmente e uma exibição de uma filmagem de Stephen Clark fazendo um solo de guitarra, com cenas coladas como um clipe, ganha os telões. A banda sai e a plateia fica silenciosa assistindo a homenagem.
Mesmo após mais de 20 anos de sua morte, Stephen ainda é lembrado e querido pelos amigos. É como se ainda fizesse parte da banda. Foi como se ele estivesse ali, fazendo parte daquele show. O clipe finaliza com o sorriso do guitarrista. Todos levantam em aplaudem de pé o querido e talentoso membro do Leppard. A música que vem a seguir é "Love and affection", bem escolhida para a homenagem e é a música que fecha o set Hysteria.
A banda se despede e sai do palco, mas ninguém sai do lugar esperando o "encore" (bis)
A saideira é toda do Pyromania, "Rock of ages" e "Photograph" encerram a noite, com o publico cantando e já a essa altura, transtornados com a bebida da casa, servida por atenciosas atendentes vestidas no melhor estilo Hard Rock Las Vegas.
Não sei o grau de emoção que o publico em geral sentiu ao final da noite, mas pra mim foi quase um sonho, estar um uma cidade que por si só já é fantástica, e por assistir nessa cidade um show de uma das minhas bandas favoritas, é uma combinação de emoção difícil de descrever. O publico vai deixando o local, a maioria não é garotada de camisa preta, mas sim quarentões e quarentonas, que com certeza tiveram essas músicas do Def Leppard como trilha sonora da juventude, se identificando na maioria delas, e não julgue pela aparência de pessoas bem vestidas, já coroas, duvidando de seu grau de "rockeiro/a", pois esse público cantou sim todas as músicas, e vibrou muito durante o show.
Em breve o DVD "Viva Hysteria – Live em Vegas" vem aí, e vocês vão poder conferir o que foi essa noite mágica do dia 30 de março de 2013. Eu recomendo, vale a pena, aliás, quem quiser me dar de presente, eu aceito.
Tudo isso aconteceu no dia 30 de março, nessa noite de Hard Rock, no local de nome mais apropriado impossível, na cidade mais louca que já estive em minha vida.
Me despeço aqui, agradecendo aos Deuses do Rock’n Roll por mais essa noite inesquecível em minha vida, dividida com a pessoa mais importante que existe no mundo, e nunca deixando de lembrar que, sonhar não paga nada e que as coisas acontecem se você acreditar e lutar pra isso.
Abraços a todos.
(Colaborador: Cesar Matuza – Baterista da banda Veludo Branco e colunista do Blog RoraimaRocknRoll.blogspot.com)
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