Tankard: não conseguiram tocar músicas lentas e sérias em BH
Resenha - Tankard (Music Hall, Belo Horizonte, 25/01/2013)
Por Luiz Figueiredo
Postado em 29 de janeiro de 2013
Tankard, War-head e Witchhammer fizeram a alegria dos thrashers e 'stage divers' na última sexta-feira (25) em Belo Horizonte. Infelizmente, o público não foi como o esperado para um evento de tal qualidade. Essa falta de público para shows de metal em BH, que não é diferente em várias outras partes do Brasil, é o motivo aparente para o fim das atividades da Tumba Productions. A lógica é simples: sem público, sem shows. E assim foi; mais uma noite de shows excelentes, mas de público pequeno na capital mineira.
Uma mudança na ordem de apresentação das bandas deixou a programação do evento um pouco confusa, mas nada que tenha atrapalhado ou prejudicado os que queriam assistir aos shows das três bandas, de duas delas ou de apenas uma delas. Durante a semana que antecedeu o show, foi amplamente divulgado a necessidade do Tankard, banda principal da noite, ser a segunda a tocar. Assim ficou programado: Witchhammer abriria, Tankard em segundo e War-head fecharia o show. A única mudança na hora foi War-head abrindo e Witchhammer fechando.
Logo que a banda croata War-head subiu ao palco e começou a tocar seu nervoso thrash/death metal o público foi se dirigindo à pista, mas timidamente. O Music Hall ainda estava bem vazio internamente. Os croatas fizeram um show muito bom. Destaque para o vocal rasgado e furioso de Dario Turcan que estampava em sua camiseta a capa do 'Decade of Decay', coletânea do Sarcófago.
O War-head apresentou um set reduzido, tocando apenas cinco músicas de seus dois únicos discos lançados 'No Signs of Armagedon' (2008) e 'Still No Signs of Armagedon' (2011). Os dois materiais trazem as mesmas músicas, a diferença é na formação. No disco de 2008, eles tem um vocalista chamado Igor Malecic e Turcan ocupa apenas a função de baixista. Já em 2011, Turcan assume baixo e vocal, Vladimir Suznjevic é o guitarrista e Eldar "Piper" Ibrahimovic na bateria completa o time.
Pela primeira vez tocando fora da Europa, eles acompanharam o Tankard por diversas regiões do Brasil e, em Belo Horizonte, disseram estar honrados por tocar na terra de bandas como Chakal, Sepultura, Sarcófago e outras. Como explicado no início do texto, era a vez da atração principal, o beberões do Tankard.
O que esperava pelo Tankard era uma visão diferente da que eles tiveram quando tocaram na capital mineira em 2007, no Lapa Multishow. O Music Hall, infelizmente, recebeu um público muito pequeno para uma banda deste porte. O que resta é dizer aos que não foram que perderam mais um show espetacular.
O lendário vocalista Gerre brincou que tentariam fazer um show tocando músicas sérias e lentas, mas eles não conseguiram. O repertório ao vivo do Tankard é porrada atrás de porrada. Apenas duas músicas do novo disco 'A Girl Called Cerveza' (2012): a faixa título e 'Not One Day Dead', o restante foram clássicos. O show foi pura loucura. Gerre, Frank e Andy, animados, corriam por todos os cantos do palco durante todo o show. Detalhe: nenhuma garota presente ficou sem ganhar um beijinho mandado a distância pelo vocalista pançudo. Pança essa que é exibida orgulhosamente por ele como um troféu pelos anos de muita cerveja.
Em frente à bateria de Olaf Zissel, um grande cooler lotado de cerveja, como não podia deixar de ser. Ou podia. Em um certo momento do show, o baixista Frank puxou de lá uma Coca Zero. Ele não pensou duas vezes, jogou rápido para o público e pegou a lata certa: uma de cerveja. O show foi feito de muitas cenas engraçadas como essa.
O setlist altamente alcoólico tinha os principais clássicos. A abertura do show com Zoombie Attack enlouqueceu o público, na sequencia a recente Time Warp do 'Vo(l)ume 14' (2010), 'The Morning After', animada como nenhuma ressaca é, e 'Need Money For Beer' foi a quarta. A barulheira continuou e tiveram pontos altos como 'The Beauty and The Beast' (dedicada a uma garota no meio do público que tirou a atenção do vocalista Gerre).
Depois de levantarem a camiseta do Cruzeiro, pendurarem uma bandeira do Brasil em uma das caixas e Gerre puxar uma garota do público para dançar no palco (e aproveitar para dar um beijinho sutil na despedida), eles sairam do palco para um pequeno descanso. Na volta, as três últimas pedradas 'Alien', 'Space Beer' e '(Empty) Tankard'. Resumindo de forma bem simples, foi um show que podia não ter acabado. Infelizmente, o Tankard precisaria ir para a Colômbia bem cedo no dia seguinte, mesmo o show em Bogotá tendo sido cancelado. Eles partiriam de lá para a Alemanha.
O bom ao término deste grande show foi lembrar que ainda assistiríamos ao Witchhammer. Ainda melhor era ver que o show deles foi cheio de participações muito especiais. A primeira delas estava na bateria. Quem tocou foi o baterista original, Teddy. A introdução 'Liberty' para a música 'Mirror, My Mirror' foi cantada por Nienna, vocalista da banda Nostoi, e acompanhada pelo violonista Eider Scuotto. Foi simplesmente sensacional a participação de ambos. Para encerrar o show, a última participação especial foi uma baita supresa para quem ficou para ver o Witchhammer (algumas poucas pessoas foram embora antes da banda mineira): um cover para a música 'Come To The Sabbath', grande clássico do Mercyful Fate, com a histórica presença de Bjarne Holm na bateria. Mais um show maravilhoso do grande Witchhammer para ficar na memória.
Tumba Productions
Apesar da noite de metal de alta qualidade, uma triste notícia vinda de São Paulo no dia anterior nos dá uma péssima perspectiva para o futuro. Edu Lane, baterista do Nervochaos e proprietário da Tumba Productions, anunciou o encerramento das atividades com produções de shows internacionais no Brasil.
A Tumba Productions, há 17 anos, contratava as bandas para fazer turnês pelo Brasil e pela América do Sul e era responsável pela grande maioria de shows internacionais realizados em nosso país. Isso quer dizer que ficará cada vez mais difícil para nós assistir bandas internacionais, principalmente de gêneros mais extremos. A turnê de Tankard e War-head foi a última.
Veja abaixo o setlist de War-head, Tankard e Witchhammer, no último dia 25 em Belo Horizonte:
WAR-HEAD
1 - Intro
2 - Free
3 - Terrorizer
4 - Who Dares Wins
5 - Away
6 - War-Head
TANKARD
1 - Zombie Attack
2 - Time Warp
3 - The Morning After
4 - Need Money for Beer
5 - Not One Day Dead
6 - The Beauty and the Beast
7 - Slipping From Reality
8 - Stay Thirsty!
9 - Rules for Fools
10 - Maniac Forces
11 - Die With a Beer in Your Hand
12 - A Girl Called Cerveza
13 - Rectifier
14 - Chemical Invasion
Encore
15 - Alien
16 - Space Beer
17 - (Empty) Tankard
WITCHHAMMER
1 - Dartherium 1
2 - Dartherium 2
3 - Os Bichos
4 - Liberty / Mirror, My Mirror (c/ Nienna e Eider Scuotto)
5 - Terrorist Prize
6 - Leather Boy
7 - Kill Us
8 - Oija Board
9 - Come to the Sabbath (c/ Bjarne Holm e Nienna)
Veja galeria com 70 fotos deste show aqui: https://www.facebook.com/RadioWebRoots/photos_albums
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