Kiss e Mötley Crüe: Minuto HM resenha show em Las Vegas
Resenha - Kiss e Mötley Crüe (Mandalay Bay Events Center, Las Vegas, 11/08/2012)
Por Eduardo dutecnic
Postado em 21 de novembro de 2012
Continuando a série de posts da Califórnia (apesar de, neste caso, ser do estado de Nevada, hehehe), trarei um que ficaria para depois mas que, como estamos prestes a ver o retorno do Kiss no nosso país, conforme detalhado na nossa agenda, resolvi adiantar. Então, contarei um pouco da experiência em se ver um show na cidade dos cassinos: Las Vegas.
A "The Tour" lá na gringolândia teve o luxo, ainda, de contar com o Mötley Crüe como "banda de suporte" – nem dá para falar que foi "banda de abertura" pois o Mötley trouxe seu espetáculo para um show completo. Do lado do Kiss, a tour faz parte do lançamento do aguardado novo álbum de estúdio da banda (e que fará parte da nossa discografia da banda), o Monster.
Os shows no dia 11/agosto/2012 foram no lindíssimo Mandalay Bay, o primeiro hotel da Sunset Strip. Eu estava hospedado no Stratosphere, o último da rua. O caminho até as proximidades do hotel foi feito através dos ônibus circulares que ficam apenas na mais famosa rua da cidade / estado. Com uma "agradável" temperatura real de 44º C, acompanhado de um vento quente como nunca senti na vida, foi obrigatório o uso do Mandalay Bay Tram, um sistema de transporte do grupo MGM de hotéis de trens que conecta 3 deles em 4 estações: Excalibur, Luxor e o Mandalay Bay. Sim, é a forma que Las Vegas tem de fazer você obrigatoriamente entrar em um hotel e passar pelas slots machines. Ou seja, querendo ou não, você tem que passar pela tentação da jogatina, das luxuosas lojas e tudo mais que é oferecido por ali.
A chegada no Tram foi tranquila, como se esperava. Extremamente organizado e sinalizado, fica até meio idiota falar por aqui sobre itens de organização e infra naquele lugar, portanto, vou apenas ressaltar alguns pontos. O Tram, totalmente automatizado, lembra muito os que são usados nos aeroportos por lá. São pontuais, rápidos e confortáveis. E mais importante que tudo, são GELADOS!
Com o ingresso comprado via internet (lugar marcado) e faltando 1 hora para o show, confesso que me assustei com o grande movimento na chegada ao Mandalay Bay Events Center. A fila para compra de merchandise estava enorme, então logo desisti (me recordo que, comprando ingresso pela internet, era possível adquirir os itens pelo site mesmo – desde que a entrega fosse na América do Norte – para que você já pudesse, por exemplo, ir usando a camiseta do show no dia). Mas logo a organização americana entrou em ação e a fila para troca de ingresso foi super rápida. Logo as portas se abriram, seguida de uma enorme gritaria por parte dos presentes, clima total de show mesmo. A entrada, então, foi uma aula de organização: vários funcionários olhando ingresso e sinalizando caminho. Nos lugares escuros, uma pessoa sempre acompanhava com uma lanterna.
Fiquei muito impressionado e emocionado ao ver a grande e linda arena. O ingresso na pista era no segundo ou terceiro melhor setor, portanto, não tão perto do palco principal, mas meu "chute" de ser perto do palco que Stanley usa quando voa em "Love Gun" foi certeiro: era exatamente ao lado! Na hora, na empolgação, confesso que mal lembrei deste "detalhe", mas logo a ficha caiu quando estava olhando a mesa de som e vi algo grande – a plataforma. Logo olhei para o cabo de aço e abri um sorriso…
Assistir a um show nos Estados Unidos é uma experiência MUITO diferente do que assistir no Brasil / América do Sul. Falo isso pois ali estava o público de show deles mesmo, não de pessoas "perdidas" que podiam estar "de bobeira" e foram ver as bandas. Realmente era o público de show. O clima não é "quente" como costumamos ter por aqui e a galera em geral fica sentada em seus lugares, conversando e bebendo. A organização é tanta tem uma hora que nós, brasileiros, acostumados com tratamentos ruins e de sermos enganados, podemos nos questionar até se "está tudo bom demais, ou fácil demais, para ser verdade". Se não falo por todos aqui, posso afirmar que isso aconteceu comigo, sim. São tantos detalhes que justificam uma experiência boa dos presentes… por exemplo, sacos e sacos de pano de chão: a cada instante que o chão ficava molhado (cerveja, água e afins caindo), lá vinha um funcionário rapidamente limpar e sinalizar que o local estava molhado. Parecia quadra de futebol de salão…
Fiz uma amizade rápida com um cara mais a frente, pois na PA estavam rolando alguns clássicos (por exemplo, Can I Play With Madness – Iron Maiden ; No More Mr. Nice Guy – Alice Cooper e Cowboys From Hell – "Panterinha"), e parecia que apenas eu e o outro cara estávamos cantando. Logo ele me viu cantando e apontou "that’s the man! That’s the man!".
The Treatment
Ainda com a galera chegando, o pano de fundo de uma banda chamada "The Treatment" foi colocado e logo a banda ganhou o palco. Uma agradável surpresa de uns caras que fizeram um metal bastante competente, bem encaixadinho, o que me faz inclusive lembrar que preciso ir atrás deles para tentar ouvir mais. Ao-vivo, funcionaram bem, assim como tiveram ótima recepção do público. Tocaram por cerca de 30 minutos, talvez um pouco menos, com o show acabando as 20h00.
Mötley Crüe
A arena ficou ainda mais linda totalmente lotada para o início pontual do show do Crüe. Tão pontual que o gigantesco relógio do palco deles fez o countdown para criar um clima de show excelente juntamente com o fantástico novo apagar de luzes e os zilhões de celulares e câmeras ligados precisamente às 20h30. Pelas laterais do palco, meninas de shortinhos e top levavam bandeiras da banda para uma trinfual abertura do show.
O Mötley Crüe trouxe toda sua parafernália para a noite, como fez em todas que "suportou" o Kiss. Não faltaram explosões, labaredas de fogo, lasers, telões, absolutamente nada. Arrisco dizer que, se o Kiss traz sempre um espetáculo visual fantástico (apesar de repetitivo e manjado), o Mötley entregou algo tão bom ou até mesmo mais divertido que o headliner. O mais legal de tudo era a gigantesca roda que havia na bateria do Tommy Lee. Como não tinha visto nada antes do show, me surpreendi bastante com o "artefato" e fiquei ansioso em ver a "utilidade" daquilo…
Além disso, a banda fez um show recheado de seus clássicos. A abertura foi com Saints Of Los Angeles, seguida por Wild Side para logo despejar Shout Out The Devil e a arena finalmente parecer com um show sulamericano, com todos se divertindo de monte.
Na sequência, S.O.S. e uma parada para Vince Neil começar um discurso sobre o que ele acha de Las Vegas (ele, inclusive, possui uma "casa de entretenimento adulto", vamos dizer assim, na cidade). Ele pergunta ao público se estamos mesmo em Las Vegas, já que muitos associam a cidade com jogos, quando, na verdade, o que a cidade oferece mesmo é sexo. Neste momento, ele volta a afirmar não estar por ali porque não está vendo nenhum seio à vista. Foi aí que eu realmente vi que a coisa por lá é diferente: uma grande parte das mulheres levantaram a blusa na hora! E foi assim que Sex começou…
O show continua com muitas explosões e todo tipo de pirotecnia, com Don’t Go Away Mad (Just Go Away) e um dos maiores clássicos da banda: Home Sweet Home, que fez até o segurança ao meu lado cantar o refrão. Aliás, haviam 2 seguranças bem perto – um deles mandava eu voltar para meu lugar toda hora (já que eu acabava indo para o corredor, não parava quieto e o outro se divertindo de montão no show, hehehe). Home Sweet Home foi talvez o ponto mais alto do show, com lasers para todos os lados e uma ótima versão da banda. Bom, o baixista, é aquela mesmice de sempre, que já conhecemos, hehehe…
Além disso, algo que roubou a noite: recém-casados ao lado – a moça ainda de vestido de noiva, com um buquê. Eles estavam para lá de felizes, claro, mas MUITO MAIS bêbados ainda! Mas bêbados como poucas vezes vi alguém ficar, hehehe. E estava uma esfregação que chegava a incomodar algumas pessoas, mesmo em Las Vegas! Um dos seguranças até pedia para eles darem uma maneirada, mas não tinha jeito… it’s Vegas… voltarei a falar do casal lá no show do Kiss.
Era hora do solo de Tommy Lee e lá foi ele rodar de ponta-cabeça na estrutura montada:
Um fã também foi convidado a rodar com ele (Gabriel), em outra parte bem legal do show.
O show, a partir daí, seguiu com mais e mais clássicos, terminando com as cantantes Dr. Feelgood e Girls, Girls, Girls, onde as famosas "Crüe Sluts" subiram ao palco. Mais Mötley Crüe que isso, impossível. Por fim, Vince Neil saúda e agradece aos fãs, anuncia que o Kiss logo chegaria e a banda manda Kickstart My Heart como derradeira, terminando seu show as 21h50.
Realmente assistir a um show deles no exterior é OUTRA coisa, pois só o palco e como eles se sentem "em casa" já traz um outra energia aos músicos. A experiência foi ótima, assim como o show. A lamentar, e bastante, pela ausência de Looks That Kill no repertório, uma das minhas favoritas (se não for a favorita mesmo).
Kiss
Em um show de organização, logo o enorme palco do Mötley Crüe se transformou no do Kiss, outra banda cuja logística não é brincadeira. O telão (mais que HD, creio) ao fundo do palco, mesmo desligado, já era espetacular e impressionava pelo tamanho – quando foi ligado, então, foi de babar mesmo. Na PA, esperando pela entrada da banda Deep Purple, AC/DC, Megadeth, Zeppelin…
ALLLLLLL RIGHT LAS VEGASSSSS, seguida da famosa frase "You Wanted The Best,You Got The Best…" foi novamente trazida para a tour, entoada as 22h19, com a queda do pano "Kiss". A "The Tour" promovia um disco ainda não lançado à época e só trouxe um dos singles no setlist (Hell Or Hallelujah).
O resto do repertório foi recheado de 13 medalhões e os tradicionais números do Gene e Stanley, com poucas surpresas, e a "mesmice" de sempre, apesar de algumas mudanças visuais que cada tour apresenta. Mas é seguro dizer que o show pouco surpreende quem está acostumado com os shows da banda, chegando a ser extremamente previsível em sua grande maioria.
A banda manteve a tradição de grandes aberturas e trouxe logo como cartão de visita Detroit Rock City.
Em Firehouse, Gene faz seu número de cuspir fogo. A banda traz então o single do novo álbum de estúdio, Monster (que será resenhado ainda por aqui no blog, dando sequência à maravilhosa discografia Kiss aqui publicada), que funcionou muito bem ao-vivo, ainda que tenha minhas dúvidas se é uma música que ficaria como opção no futuro da banda (por exemplo, a banda mal usou qualquer música do Sonic Boom nesta tour – mesmo entendendo que comercialmente é mais interessante fazer o público seguir e frente e, na época, se preparar para comprar o novo, pelo menos alguma música poderia figurar).
http://minutohm.com/page/4/?s=kiss+discografia
War Machine. Sim, War Machine! Para mim, a música que fecha o Creatures Of The Night, meu álbum de estúdio predileto da banda, era a mais esperada. Mas confesso que senti um Eric Singer bem contido, não sei se o andamento (mais rápido) da versão que a banda anda fazendo fez com que isso fosse necessário, mas a música não teve o peso que esperava, ainda que tenha sido bem legal finalmente ter curtido esse som ao-vivo.
Shock Me é outra que surpreende um pouco no set e contou com Tommy como lead singer, além de Eric também participando…
O número mais conhecido de Gene (cuspir fogo, fazer carinho de "gatinho do Shrek" pedindo aplausos e voar) veio na sequência, para que a banda tocasse a ótima God Of Thunder.
Agora é hora de voltar a falar do casal recém-casado, que continua dando um show grátis de erotismo e rala-e-rola bem ao meu lado. A banda se prepara para Love Gun e lá vem Paul Stanley voar e ficar bem perto! A noiva, então, fica tentando mostrar para Paul o buquê. Sem muito sucesso, após o solo de Tommy, ela aproveita e arrisca jogar seu buquê na plataforma e, para alegria total dela, do noivo e de todos, Paul pega o buquê (é possível ouvir inclusive os gritos dela no vídeo) e volta ao palco principal com as flores, mostrando para todo a arena! E sabem o que é o mais incrível? Coisa de 3, 4 minutos depois, o buquê voltou INTACTO às mãos da noiva! Falem se isso não é um show de organização? Eles, simpáticos (a bebida ajudou), distribuíram algumas das rosas ao pessoal que estava em volta (acho que até um cara da mesa de som ganhou uma ou duas, hehehe).
Contrastando com a felicidade de estar muito perto de Paul Stanley, fica a lamentação por ver este grande vocalista praticamente não cantar a música, como o vídeo abaixo mostra este e os detalhes que comento acima (mas também há de se mencionar como é um dos grandes momentos do show).
O show vai se aproximando do fim com mais clássicos, sendo Lick It Up o próximo petardo. E, antes de iniciar Black Diamond, Paul ensina a todos como cantar o início da música, fazendo rápidos treinos antes da música começar. Aí ele aproveita para dar uma bronca no povo que compra ingresso e ficava sentado assistindo ao show, comentando que, se é para ficar sentado, que fiquem vendo TV em casa, pois ficar sentado não é rock and roll! Isso foi em torno das 23h17. Sensacional, Stanley. Concordo!
A banda sai do palco e o BIS é com Deuce e, claro, toda a tradicional festa com Rock And Roll All Nite:
O show termina as 23h39 e o público começa a deixar a casa rumo às dependências do lindo hotel com o playback de God Gave Rock And Roll To You. Na saída, ainda consegui comprar uma camiseta da banda e ver o House Of Blues do do hotel, que conto mais aqui.
Não dá para fechar o post sem infelizmente lamentar das condições das cordais vocais de Stanley que, de 2009 para cá, nada melhoraram. Infelizmente é uma grande pena ver esta grande voz com raros momentos de qualidade principalmente dos anos 90. Sabemos da cirurgia e também que a idade chega a todos, mas realmente é triste ver que uma das grandes vozes do rock pode ter atingido um estado irreversível – ainda torço por melhores deste fantástico músico.
E, apesar de algumas críticas, o show do Kiss continua sendo muito divertido, mesmo com toda a previsibilidade, e continua valendo o ingresso – ainda mais considerando tantas bandas cobrando tão caro ou mais que eles e sem qualquer legado como esta banda possui.
Para ver uma caprichada galeria de fotos dos 2 shows, vídeos, setlists completos e ainda o vídeo de Stanley voando com o buquê, acesse a matéria original no Minuto HM:
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