Symfonia: confirmando na prática o status de superbanda
Resenha - Symfonia (Opinião, Porto Alegre, 31/07/2011)
Por Paulo Finatto Jr.
Postado em 02 de agosto de 2011
Embora o último domingo de julho tenha amanhecido com a chuva e o frio do inverno padrão da capital gaúcha, o público headbanger acordou com a promessa de um grande show para a noite. Os finlandeses do SYMFONIA – que contam ainda com o vocalista brasileiro ANDRE MATOS – agendaram uma curta turnê em nosso país para promover o novíssimo "In Paradisum" (2011), primeiro disco da banda. Por mais que os fãs tenham comparecido em um número extremamente reduzido para o tamanho do evento (e inclusive do Opinião), o ótimo show do supergrupo evidenciou a qualidade ímpar dos músicos em cena e um encorpado repertório baseado no power metal melódico.
Fotos: Liny Oliveira
Com uma pontualidade verdadeiramente britânica, às 21h Michael Polchowicz (vocal), André Carvalho (guitarra), Daniel Mueller (baixo) e Renato Larsen (bateria) entraram em cena para a abertura dos trabalhos. Embora relativamente nova no cenário gaúcho, a VENUS ATTACK conquistou certo prestígio em um curto período de tempo por causa de o seu cantor ter integrado por quase uma década o HANGAR, um dos grupos mais notáveis do metal brasileiro. O público, que infelizmente se concentrava em pouquíssimo número em frente ao palco, não chegou a se animar muito com "Eternal Hate" e tampouco com a ótima "Lost Bullet" (provavelmente o ápice do set).
O quarteto manteve o clima morno do início ao fim do show – muito mais uma consequência da fraca resposta que vinha da pequena plateia do que por ineficiência da sua performance. Em seguida, outras músicas próprias da banda, assim como a releitura de "To Tame a Land" (um dos grandes clássicos do HANGAR com a voz de Michael Polchowicz), não empolgaram os presentes como deveriam. Depois de "Looking for the Meaning" e "S.O.S.", a VENUS ATTACK conseguiu, pela primeira vez, uma resposta consistente do público durante a execução de "The Wicker Man" (IRON MAIDEN), que encerrou o espetáculo dos gaúchos. De qualquer maneira, o grupo está trabalhando forte em cima do seu primeiro álbum e deve ser uma das principais novidades do metal gaúcho em 2011.
Depois de um intervalo para a montagem do palco, às 22h40 Alexandre Nascimento, o carismático proprietário da Loja Zeppelin – e mais uma vez o anfitrião da noite –, entrou em cena para anunciar a superbanda finlandesa que era aguardada por todos os presentes. Embora a longa faixa clássica introdutória (de quase quinze minutos!) tenha surpreendido muita gente e criado uma expectativa ainda maior, o show do SYMFONIA iniciou de maneira quente e vibrante. O vocalista brasileiro ANDRE MATOS contou com o apoio do público durante o espetáculo inteiro, sobretudo na abertura com "Come by the Hills", cantada por muitas vozes da pista. Na sequência, "Forevermore" manteve o mesmo pique intenso, mas claramente foi "4th Reich" (STRATOVARIUS) que se sobressaiu às demais. A faixa da ex-banda de Timo Tolkki (guitarra) pode ser apontada como o primeiro grande destaque da noite.
Na tentativa de quebrar um pouco o clima demasiadamente enérgico e permitir a retomada do fôlego, o tecladista Mikko Harkin (ex-SONATA ARCTICA) emendou um interessante solo, que foi bastante aplaudido pelo pequeno público que ocupava as dependências do Opinião. O retorno do power metal aconteceu com "Santiago", provavelmente uma das mais melódicas do álbum de estreia "In Paradisum" (2011). Embora em pequeno número, a plateia gaúcha evidenciou muito interesse no show que o supergrupo finlandês proporcionava, inclusive com "Last Night on Earth", faixa do antigo projeto REVOLUTION RENAISSANCE capitaneado por Tolkki. No fim da música, o comprometimento da banda com os seus fãs pode ser satisfatoriamente comprovado quando o guitarrista se ajoelhou e agradeceu os presentes com um sorriso enorme. O carisma de Timo Tolkki era surpreendente.
Em seguida, o vocalista ANDRE MATOS comandou o momento mais inusitado da noite. A sua nova banda executou a primeira (e única) faixa do ex-grupo do cantor – "Lasting Child" – que nunca havia sido apresentada ao vivo pelo ANGRA antes do SYMFONIA. De certo modo, essa faixa emotiva possuiu um valor ainda maior, sobretudo diante do público brasileiro, que cresceu ouvindo o álbum "Angels Cry" (1993). A resposta da plateia foi verdadeiramente intensa e chegou a ofuscar o belo encerramento clássico de guitarra comandado por Timo Tolkki. Os solos assinados pelo instrumentista e intercalados com a performance de Mikko Harkin decretaram o início de "Stratosphere", outra música do STRATOVARIUS presente no repertório. Não há dúvidas de que essa faixa foi bastante ovacionada pelos gaúchos que compareceram ao Opinião.
Com um violão em mãos e bem acomodado em uma cadeira, Timo Tolkki executou os primeiros acordes da cadenciada "Don’t Let me Go", uma das mais bonitas faixas de "In Paradisum" (2011). O público acompanhou com palmas e cantou praticamente em uníssono com ANDRE MATOS. Em seguida, após refutar o pedido insistente de um fã – "Black Diamond" do STRATOVARIUS – o vocalista do SYMFONIA preparou previamente os presentes para a longa faixa-título do debut da sua banda. "In Paradisum" – além de evidenciar a ótima performance do quarteto finlandês – ainda destacou o carisma e a sintonia entre Timo Tolkki e Jari Kainulainen (baixo). De modo claro, a presença de palco de todos atingiu um nível tão altíssimo que até mesmo o novo baterista Alex Landengurg (AT VANCE e ex-ANNIHILATOR) conquista o seus minutos de glória (com de um interessante solo) durante essa que é disparada a melhor música na estreia da superbanda. O encerramento da primeira parte do show veio com "Fields of Avalon".
No retorno para o bis, Timo Tolkki se aproximou ao microfone para, de brincadeira e em bom português, mandar ANDRE MATOS "se foder". Os risos – de banda e de plateia – antecederam "Dreamspace" (STRATOVARIUS) e "I Did It My Way" (outra do REVOLUTION RENAISSANCE). Porém, o encerramento com "Pilgrim Road" evidenciou todo o carisma da banda, sobretudo do cantor do SYMFONIA (como não poderia ser diferente), com o público. O vocalista, além de brincar com Timo Tolkki – que mandou um animado "mostre os peitos" para a gargalhada de todos – não se mostrou constrangido diante do pequeno público que compareceu ao Opinião para assistir o grupo. Pelo contrário. A intensidade o carinho da plateia foram essenciais para que o resultado atingido pelo SYMFONIA na capital gaúcha seja contornado pelos melhores adjetivos possíveis apesar dos pesares.
Com duas horas de show, o SYMFONIA comprovou na prática o status de superbanda que possui na teoria. O pequeno público que compareceu – por volta de duzentas pessoas – certamente não se arrependeu do que viu e sentiu. A banda inclusive atendeu todos os presentes que se amontoaram na porta de saída do Opinião madrugada adentro para fotos e autógrafos. O carisma dos finlandeses – sobretudo de Timo Tolkki – pode ser citado como o principal fator para o sucesso do SYMFONIA ao vivo. Não restam dúvidas de que a banda precisa retornar à capital gaúcha o mais breve possível (e para um público verdadeiramente maior – mas fervoroso da mesma maneira).
Set-lists:
Venus Attack:
01. Eternal Hate
02. Lost Bullet
03. Secret Place
04. To Tame a Land (Hangar)
05. Looking for the Meaning
06. Hear Me Pray
07. Devil’s Home
08. S.O.S.
09. The Wicker Man (Iron Maiden)
Symfonia:
01. Come by the Hills
02. Forevermore
03. 4th Reich (Stratovarius)
04. Santiago
05. Last Night on Earth (Revolution Renaissance)
06. Lasting Child (Angra)
07. Stratosphere (Stratovarius)
08. Don´t Let me Go
09. In Paradisum
10. Fields of Avalon
11. Dreamspace (Stratovarius)
12. I Did It My Way (Revolution Renaissance)
13. Pilgrim Road
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