Twisted Sister: carisma e uma vitalidade impressionante
Resenha - Twisted Sister (Via Funchal, São Paulo, 14/11/2009)
Por Thiago El Cid Cardim
Postado em 16 de novembro de 2009
E não é que o Dee Snider estava certo, rapaz? Na coletiva de imprensa brasileira realizada na última sexta-feira, dia 13, o vocalista do Twisted Sister fez questão de deixar claro que, apesar do humor e das maquiagens, o quinteto não é uma "banda comédia" como o Spinal Tap ou o recente Steel Panther - e tampouco pode ser comparado àquela imensa safra de bandas de hair metal que surgiram na Califórnia. "Ao vivo, somos muito melhores do que todos eles", disse, largando a modéstia do lado de fora. Certíssimo, Mr.Snider. Quando a banda subiu no palco da casa paulistana Via Funchal neste sábado, dia 14, provou que não estava aqui para brincar.
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Em sua primeiríssima apresentação no nosso país, a recém-reunida formação original do Twisted Sister se entregou de corpo e alma, conquistando o público presente com carisma, simpatia, bom humor, respeito e uma vitalidade impressionante. Um show de rock divertido e empolgante até dizer chega, exatamente como todos os shows de rock deveriam ser. Uma lição dos veteranos para esfregar na cara de muito moleque que vive sendo saudado como "a mais nova revelação do rock".
Se os parágrafos acima não foram o suficiente para convencer você, que não foi ao show, de que aconteceu uma apresentação memorável e você simplesmente perdeu porque ficou em casa vendo o "Zorra Total", tudo bem: a gente conta todos os detalhes. Não diga que eu não avisei.
Antes, apenas para não dizer que foi tudo 100%, um puxão de orelhas. Na mesma coletiva da sexta, foi anunciado que a tal "participação especial" que vinha sendo alardeada nos materiais promocionais seria um show de abertura do Massacration – que, com o novo visual glam metal do disco "Good Blood Headbangers", cairia como uma luva na proposta do Twisted Sister. O fato é que, antes desta revelação, a apresentação dos americanos estava marcada para as 22h. Mas em nenhum momento ficou claro o horário que os brasileiros entrariam em cena. Com uma apresentação que se iniciou às 21h, o Massacration tocou para um Via Funchal que não estava nem de longe tão cheio quanto ficaria pouco depois. E ainda tinha gente do lado de fora – incluindo a reportagem do Whiplash – que nem imaginava que Detonator e sua trupe já tinham se apresentado. Uma pequena falha de comunicação, por assim dizer.
Às 22h30, no entanto, o Via Funchal já estava tomado por seus cerca de 6.000 presentes quando os alto-falantes soaram "It’s a Long Way to the Top", do AC/DC, para aquecer o público. Aliás, nem precisaria: além de se tratar de uma reunião de fãs das mais empolgadas dos últimos tempos, calor era o que não faltava naquele momento. A casa de shows estava um forno. Mas, mesmo derretendo de suor, o que se viu foi uma explosão de alegria de ambas as partes assim que Dee Snider, usando sua característica maquiagem, entrou no pique total e abrindo o show com "What You Don’t Know (Sure Can Hurt You)". Em plena forma, eles não deixaram a peteca cair em nenhum momento, emendando na sequência "The Kids Are Back" e "Stay Hungry". Visivelmente surpreso com a recepção que os brasileiros lhe proporcionaram, cantando a plenos pulmões cada verso de suas músicas, o guitarrista Jay Jay French ainda fez a mea culpa: "Queremos nos desculpar por termos demorado tanto para vir tocar no Brasil".
De seu lado, o sempre falante Snider provocava: "Vocês estão prontos para o Twisted Sister? Porque nós estamos prontos para vocês". O sujeito não parava um minuto, correndo de um lado para o outro sem parar, chacoalhando a cabeleira que já não é tão farta e cantando sem nunca perder o fôlego. E depois de dizer que ali estava tão quente que até suas bolas estavam suando (!!!), o frontman anunciou a primeira surpresa da noite: a inesperada "Horror-Teria: Captain Howdy", primeira parte de uma enorme canção conceitual que depois de transformaria em "Strangeland", película de terror estrelada pelo próprio Dee Snider.
Outro presente para os brasileiros viria com "30", música inédita do grupo incluída na edição comemorativa de 25 anos do lendário disco "Stay Hungry" – e que eles raramente costumam executar ao vivo. Em "We’re Gonna Take It", talvez o single de maior sucesso de sua trajetória, a loucura tomou conta do público, que não parava de berrar e pular, reservando desta vez uma agradável surpresa para os integrantes. "Vocês são uma das plateias mais barulhentas para as quais já tocamos", confessou Snider, visivelmente satisfeito.
No momento "fofo" da noite, French veio à frente do palco para dizer que, naquele dia sua filha estava completando 16 anos. Como a garota estava na Europa, ele queria registrar uma homenagem a ela...rapidamente sacando uma filmadora e solicitando que aquelas milhares de vozes cantassem "parabéns a você". Os fãs não se fizeram de rogados e mandaram logo um "happy birthday to you" que fez o papai-coruja muito feliz. Emocionante também foi quando o grupo apenas ameaçou iniciar o instrumental de "The Price", balada clássica da discografia do Twisted Sister, e o coral de brasileiros começou a cantar sozinho, deixando Dee Snider desconcertado. Logo depois, bingo: iluminado por um par de tétricas luzes vermelhas, o cantor começou a poderosa "Burn in Hell", um dos momentos mais "bate-cabeça" da noite. No finalzinho da música, foi a vez do já esperado solo de bateria, momento padrão no roteiro de apresentações de hard rock/heavy metal. Mas A.J. Pero acertou ao não se estender muito – e também ao dar uma modificada básica no clichê, tocando no palco apagado e com baquetas que brilhavam no escuro.
Depois de elogiar a extensiva presença de mulheres na plateia (com direito, inclusive, a comentários sobre seus belos seios), Snider puxou a última canção do setlist padrão: "I Wanna Rock". Quem já teve a oportunidade de acompanhar apresentações ao vivo do Twisted Sister em vídeo sabe que este é o momento em que ele mexe com os brios do público, pedindo que cada "rock" do refrão seja mais e mais alto, dizendo que poderia ser melhor, coisa e tal. Em São Paulo, este foi o ponto alto, quando os brasileiros é que provaram que não estavam ali para brincadeira: o primeiro "rock" foi tão ensurdecedor que a banda admitiu: "you kick fucking ass!". Pedindo para que todos erguessem os punhos e pulassem ao gritar "rock", os músicos fizeram questão de registrar mais este momento com suas câmeras.
Logo depois da habitual despedida, não demorou para que eles voltassem com a mais do que adequada "Come Out and Play", cujo sussurrinho inicial foi repetido pelos fãs como se fosse um convite para que Snider e sua trupe retornassem. Pedido atendido. O show ainda teve direito a um segundo bis, iniciado por "Under the Blade" (segundo eles, por se tratar de uma música do primeiro disco, uma homenagem aos mais velhos que tanto esperaram por esta visita) e finalizado com "S.M.F." – o hino em homenagem à tropa de "sick motherfuckers" que os acompanham. Nem a bandeira da Argentina que Snider acidentalmente pegou de alguém grudado na grade, gerando uma vaia que ele entendeu imediatamente, foi o suficiente para derrubar os ânimos de uma plateia que continuava pedindo mais e mais. "Nos vemos outro dia", prometeu Snider em tom de suspense. "De preferência no inverno", complementou, arrancando os últimos risos da noite.
Um show histórico. Sem exageros. Quem não foi, é melhor começar a roer os cotovelos de raiva desde agora.
LINE-UP
Dee Snider - Vocal
Jay Jay French - Guitarra
Eddie Ojeda - Guitarra
Mark Mendoza - Baixo
A.J. Pero - Bateria
SETLIST
What You Don’t Know (Sure Can Hurt You)
The Kids Are Back
Stay Hungry
Horror-Teria: Captain Howdy
Shoot ‘em Down
We’re Gonna Take It
The Fire Still Burns
You Can’t Stop Rock ‘n’ Roll
30
The Price
Burn in Hell
I Wanna Rock
Bis:
Come Out and Play
Bis 2:
Under the Blade
S.M.F.
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